O que é Cloud Repatriation?

Beatriz Oliveira
SysAdminas
4 min readApr 21, 2024

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Muito se fala sobre os movimentos de adoção da computação em nuvem, mas pouco é discutido sobre o movimento contrário que pode ocorrer, levando as empresas a deixarem de utilizar a cloud e retornarem a infraestrutura local. Esse movimento de retorno é conhecido como cloud repatriation.

Isso vem acontecendo em empresas que percebem os desafios no processo de adoção e utilização da computação em nuvem e não conseguem administrá-los. Isso pode acontecer por diversos motivos, como custos elevados, políticas internas, dificuldades no gerenciamento de recursos ou preocupações com a segurança dos dados.

Uma matéria recente do InfoWorld diz que 25% das organizações entrevistadas no Reino Unido já transferiram metade ou mais dos seus workloads baseados na nuvem de volta para infraestruturas locais de acordo com um estudo recente da Citrix.

Segundo o artigo “Cloud Repatriation: Example + 9 Considerations for Migrating from Public Cloud to Private, On-Prem + Hybrid”, o Dropbox é um exemplo de uma empresa que decidiu retirar a maior parte de seus recursos da nuvem pública. Inicialmente, esses recursos estavam na AWS, no entanto, em 2016, a empresa anunciou que havia migrado 90% dos dados de seus clientes para uma infraestrutura de nuvem híbrida personalizada, com o principal objetivo de economizar dinheiro e otimizar sua infraestrutura.

Minha experiência com o processo de cloud repatriation

Uma das minhas primeiras experiências com a nuvem começou em um ambiente híbrido, onde parte dos workloads da empresa estava em um data center on-premises e a outra parte na nuvem. No entanto, em certo momento, devido a uma decisão da empresa para reduzir custos, eu e minha equipe tivemos que acatar a decisão de migrar todos os workloads que estavam na AWS para o on-premises.

Na época, foi difícil aceitar a decisão, pois a gestão dos recursos que tínhamos na nuvem era muito mais simplificada. Além disso, eu me sentia frustrada por estar indo na contramão do mercado, saindo da nuvem enquanto todos estavam migrando para ela.

No entanto, deixando a frustração de lado, esse processo certamente me fez perceber que sair da nuvem é tão desafiador quanto entrar, porque não existe uma receita de bolo pronta para isso. Cada passo que você der para sair da nuvem depende de muito planejamento e rearquitetura do seu ambiente, por isso, com base em boas práticas de mercado e em minha experiência, deixo aqui algumas dicas para quem precisar passar por esse processo um dia:

Avalie seus recursos atuais: Faça uma avaliação completa de todos os recursos atualmente na nuvem, identificando quais são essenciais, redundantes ou subutilizados. Nesse processo, você pode encontrar oportunidades de melhoria ou até mesmo possibilidades de descontinuar recursos que não são mais necessários ou realizar otimizações para reduzir custos.

Reveja a arquitetura dos seus serviços: Muitos serviços em nuvem abstraem diversas camadas que precisamos gerenciar em uma infraestrutura local. Portanto, antes de tomar qualquer decisão de migração, certifique-se de desenhar toda a sua arquitetura e entender as dependências, assim como como você irá substituir determinados serviços, principalmente os gerenciados.

Certifique-se dos custos: Faça um bom planejamento sobre como sua arquitetura será implementada em uma infraestrutura local antes de seguir com a migração. Embora possa parecer óbvio, é importante considerar todos os custos envolvidos, não apenas os de migração, mas também os de manutenção e evolução do ambiente no dia a dia.

Foque em segurança: Certifique-se de que todos os dados serão migrados e mantidos de forma segura em seu ambiente local. Evite exposições indevidas que possam resultar em vazamentos de dados. Para isso, em seu ambiente local será necessário investir em backups seguros, realizar scans que revisem e validem possíveis vulnerabilidades, além de investir em recursos como firewalls e criptografia de dados, por exemplo.

Planeje o seu downtime: Durante algumas migrações, é comum ocorrer downtime do ambiente. Portanto, ao planejar sua migração, busque entender os possíveis impactos para o negócio. Faça um plano de comunicação consistente para as áreas clientes e esteja preparado com um plano de rollback caso seja necessário.

Se possível, utilize IAC: A Infraestrutura como Código é uma abordagem que pode ser sua aliada no processo de reconstrução do seu ambiente local, permitindo que você mantenha a consistência do seu ambiente nesse processo.

Entenda como funciona o seu contrato com o seu cloud provider: Avalie questões como possíveis taxas de saída, compromissos contratuais, necessidade de aviso prévio de saída, entre outros pontos importantes.

Por fim, sair da nuvem não é um processo usual e fácil, mas pode ocorrer. De acordo com o Gartner, "a repatriação da nuvem pública continua sendo a exceção, não a regra". No entanto, acredito que para nós, usuários de nuvem pública, é sempre válido estar atentos às tendências de mercado e possíveis necessidades de mudanças nos negócios em que estamos inseridos.

Você já passou por um processo de cloud repatriation? Se sim, compartilhe aqui nos comentários sua visão sobre o assunto.

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Beatriz Oliveira
SysAdminas

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