Iniciando com Kubernetes — Parte 2/2

Edwildson Coelho Rodrigues
sysvale
Published in
9 min readMay 30, 2023

Salve guys!

Eu me chamo Edwildson e sou desenvolvedor na Sysvale. Estão prontos para continuar nessa jornada fascinante do Kubernetes? Se você não leu a parte 1 deste arquivo clique aqui para visualizá-lo.

Na primeira parte vimos como configurar o ambiente, criar clusters, implantar e gerenciar aplicações. Agora veremos como configurar recursos e técnicas avançadas, lidar com escalabilidade e tolerância a falhas, observar e monitorar o cluster.

Configuração e Gerenciamento de Recursos:

Ao utilizar o Kubernetes, é essencial entender como configurar e gerenciar os recursos que compõem sua infraestrutura e serviços.

  1. Noções básicas sobre objetos Kubernetes:
  • Pods, Services e Deployments: Se você chegou até aqui já deve saber o que são, então bora para os demais.
  • ConfigMaps: Os ConfigMaps são objetos que permitem armazenar dados de configuração em formato de chave-valor. Eles são usados para injetar configurações em contêineres, evitando a necessidade de codificar configurações diretamente nos arquivos de imagem.
  • Secrets: Os Secrets são objetos que fornecem uma maneira segura de armazenar e gerenciar informações sensíveis, como senhas, tokens de acesso e certificados. Eles são usados para proteger dados confidenciais em aplicativos e são frequentemente utilizados em conjunto com ConfigMaps.

2. Utilização de arquivos de manifesto YAML:

  • O Kubernetes utiliza arquivos de manifesto YAML para descrever a configuração da infraestrutura e dos serviços. Esses arquivos contêm definições dos objetos Kubernetes, como Pods, Services, Deployments, ConfigMaps e Secrets.
  • No arquivo de manifesto YAML, você especificará os detalhes de cada objeto, como nome, tipo, portas expostas, volume mounts e outras configurações relevantes.
  • Depois de criar ou atualizar o arquivo de manifesto, você pode aplicá-lo ao cluster Kubernetes usando o comando kubectl apply -f <nome-do-arquivo.yaml>. O Kubernetes lerá o arquivo e fará as alterações necessárias na infraestrutura e serviços.

3. Configuração de redes, volumes e variáveis de ambiente:

  • Configuração de redes: O Kubernetes oferece diferentes opções de configuração de redes para os Pods se comunicarem entre si e com o mundo externo. Isso inclui a configuração de serviços, DNS interno, políticas de rede e definição de endereços IP.
  • Configuração de volumes: Os volumes no Kubernetes permitem que os contêineres acessem e armazenem dados de forma persistente. Existem vários tipos de volumes disponíveis, como Volumes vazios, PersistentVolumes (PVs) e PersistentVolumeClaims (PVCs), que fornecem diferentes níveis de persistência e compartilhamento de dados.
  • Variáveis de ambiente: As variáveis de ambiente podem ser configuradas em contêineres Kubernetes para fornecer configurações específicas, como chaves de API, URLs de serviços e outras informações dinâmicas. Essas variáveis podem ser definidas no arquivo de manifesto YAML ou em ConfigMaps e Secrets.

Dominar a configuração e o gerenciamento de recursos no Kubernetes é essencial para aproveitar ao máximo essa plataforma. À medida que você ganha experiência, poderá explorar recursos mais avançados e personalizados para atender às necessidades específicas de sua aplicação.

Escalabilidade e Tolerância a Falhas:

Imagem de Freepik

A escalabilidade e a tolerância a falhas são aspectos cruciais ao executar aplicações no Kubernetes.

  1. Dimensionamento automático de aplicações com base na demanda:
  • HPA (Horizontal Pod Autoscaler): O HPA é um recurso do Kubernetes que permite dimensionar automaticamente o número de réplicas de um Deployment com base na demanda de recursos. Ele monitora métricas, como utilização de CPU ou tráfego, e ajusta o número de réplicas para garantir que a aplicação tenha recursos suficientes para lidar com o tráfego.
  • VPA (Vertical Pod Autoscaler): O VPA é um recurso que ajusta automaticamente os limites de recursos (CPU e memória) atribuídos a um Pod, com base na utilização real desses recursos. Isso permite otimizar o uso de recursos e garantir que a aplicação tenha recursos adequados para funcionar corretamente.

2. Configuração de políticas de recuperação automática:

  • Probes: As Probes são usadas para verificar a disponibilidade de um aplicativo em um Pod. Existem dois tipos principais de Probes: Liveness Probe e Readiness Probe. A Liveness Probe verifica se o aplicativo está em execução corretamente, e a Readiness Probe verifica se o aplicativo está pronto para receber tráfego.
  • Restart Policy: A política de reinicialização define o comportamento do Kubernetes quando um contêiner falha ou termina. É possível configurar a política de reinicialização para determinar se o Kubernetes deve reiniciar automaticamente os contêineres em caso de falha.
  • Recursos de recuperação automática: O Kubernetes oferece recursos de recuperação automática, como Rolling Updates, que permitem atualizar ou fazer rollbacks de implantações de forma controlada e gradual. Isso garante que a aplicação permaneça disponível durante as atualizações e permite reverter para uma versão anterior em caso de problemas.

3. Estratégias para lidar com falhas em nós do cluster:

  • Tolerância a falhas: O Kubernetes é projetado para lidar com falhas de nós do cluster de forma transparente. Ele pode redistribuir automaticamente as cargas de trabalho para outros nós saudáveis e garantir a disponibilidade contínua da aplicação.
  • Replicação e balanceamento de carga: Ao implantar uma aplicação no Kubernetes, é possível configurar várias réplicas de Pods para distribuir a carga entre os nós do cluster. Isso garante que, se um nó falhar, outros nós possam assumir a carga de trabalho e manter a aplicação em execução.
  • Armazenamento persistente: Utilize volumes persistentes para armazenar dados de forma persistente. Ao usar volumes persistentes, os dados não são perdidos quando um nó falha ou é reiniciado.

Ao implementar essas práticas de escalabilidade e tolerância a falhas, você estará construindo uma infraestrutura resiliente que pode se adaptar à demanda e lidar com falhas de forma eficiente. É importante considerar as necessidades específicas de sua aplicação e ajustar as configurações de acordo.

Observabilidade e Monitoramento:

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A observabilidade e o monitoramento são fundamentais para garantir o bom funcionamento do seu cluster Kubernetes.

  1. Ferramentas e práticas para monitorar e observar clusters Kubernetes:
  • Kubernetes Dashboard: O Kubernetes Dashboard é uma interface web que permite visualizar informações detalhadas sobre o cluster, como o estado dos nós, dos Pods e dos serviços. Ele fornece uma visão geral dos recursos e permite fazer inspeções mais detalhadas.
  • kubectl: A ferramenta de linha de comando kubectl oferece vários comandos para monitorar e inspecionar o cluster Kubernetes. Você pode usar comandos como kubectl get, kubectl describe e kubectl logs para obter informações sobre os recursos e visualizar logs dos contêineres em execução.
  • APIs do Kubernetes: O Kubernetes expõe APIs que permitem acessar e monitorar o estado do cluster e dos recursos. Você pode utilizar essas APIs para obter informações detalhadas e criar suas próprias ferramentas de monitoramento personalizadas.

2. Registro de eventos, métricas e análise de logs:

  • Eventos do Kubernetes: O Kubernetes registra eventos para informar sobre ações e mudanças ocorridas no cluster. Os eventos fornecem informações úteis para entender o comportamento e o estado do cluster, ajudando a identificar problemas e tomar ações corretivas.
  • Métricas do Kubernetes: O Kubernetes expõe várias métricas que podem ser coletadas e monitoradas para obter insights sobre o desempenho do cluster, dos nós e das aplicações. Essas métricas incluem utilização de CPU, memória, tráfego de rede e muito mais.
  • Análise de logs: É importante coletar e analisar os logs dos contêineres em execução no cluster Kubernetes. Os logs podem conter informações valiosas para identificar problemas, depurar aplicações e entender o comportamento do sistema. Ferramentas como o Elasticsearch, Fluentd e Kibana (EFK) ou o Elasticsearch, Logstash e Kibana (ELK) são comumente utilizadas para coletar e visualizar logs.

3. Utilização de soluções externas, como Prometheus e Grafana:

  • Prometheus: O Prometheus é uma popular solução de monitoramento e coleta de métricas que pode ser integrada ao Kubernetes. Ele coleta métricas de diferentes componentes do cluster e permite consultas flexíveis e alertas com base nessas métricas.
  • Grafana: O Grafana é uma plataforma de visualização e monitoramento que pode ser utilizada em conjunto com o Prometheus para criar painéis e gráficos personalizados. Ele permite a criação de dashboards visualmente atraentes e oferece recursos avançados de consulta e análise de métricas.

Integrar essas ferramentas e práticas de observabilidade e monitoramento ao seu cluster Kubernetes ajudará a identificar problemas, otimizar o desempenho e garantir uma operação confiável do sistema. Lembre-se de configurar alertas para ser notificado sobre eventos importantes e estar sempre atento às métricas relevantes para a saúde do seu cluster e das aplicações em execução.

Avançado: Recursos e Técnicas Avançadas:

Para aproveitar ao máximo o Kubernetes, é importante explorar recursos avançados e técnicas que permitem maior flexibilidade e integração com outros sistemas. Aqui estão alguns tópicos relacionados a esse tema:

  1. Exploração de recursos avançados do Kubernetes:
  • StatefulSets: Os StatefulSets são usados para lidar com aplicações que exigem identificadores únicos e armazenamento persistente, como bancos de dados. Eles garantem que cada Pod tenha um estado único e estável, permitindo a escala e a atualização dessas aplicações de forma segura.
  • DaemonSets: Os DaemonSets permitem executar um Pod em cada nó do cluster. Isso é útil para tarefas que precisam ser executadas em todos os nós, como coleta de métricas ou configuração de serviços de monitoramento.
  • Jobs: Os Jobs são usados para executar tarefas em lotes, que são executadas uma única vez até a conclusão. Isso é útil para trabalhos pontuais, como processamento de dados em massa ou migrações de bancos de dados.

2. Integração com sistemas externos:

  • Bancos de dados: É possível integrar o Kubernetes com bancos de dados externos, como MySQL, PostgreSQL ou MongoDB. Isso envolve a criação de serviços e a configuração correta das conexões com os bancos de dados dentro dos Pods.
  • Sistemas de mensageria: O Kubernetes pode ser integrado a sistemas de mensageria, como RabbitMQ ou Apache Kafka, para criar arquiteturas de microsserviços assíncronas e escaláveis. É possível utilizar bibliotecas ou adaptadores específicos para se conectar aos sistemas de mensageria.

3. Uso de recursos personalizados e extensões do Kubernetes:

  • Custom Resource Definitions (CRDs): Os CRDs permitem a criação de recursos personalizados no Kubernetes. Isso permite estender a funcionalidade do Kubernetes e definir recursos específicos do domínio da sua aplicação.
  • Operators: Os Operators são controladores personalizados que automatizam a operação e o gerenciamento de aplicativos complexos no Kubernetes. Eles utilizam CRDs para definir e gerenciar recursos específicos de um aplicativo, simplificando as operações diárias.
  • Extensões do Kubernetes: Além dos recursos nativos, o Kubernetes possui várias extensões e integrações disponíveis na forma de plugins e addons. Essas extensões podem adicionar recursos adicionais, como autenticação, autorização, monitoramento avançado ou gerenciamento de rede.

Explorar esses recursos e técnicas avançadas do Kubernetes permitirá que você crie arquiteturas mais complexas, integre-se com sistemas externos e estenda a funcionalidade do Kubernetes para atender às necessidades específicas da sua aplicação. É importante lembrar de considerar as melhores práticas, manter a segurança e garantir a estabilidade e confiabilidade do seu cluster.

E por fim…
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E por fim… Neste artigo, exploramos os fundamentos do Kubernetes, desde sua definição e conceitos básicos até a comparação com outras soluções de orquestração de contêineres.

O Kubernetes se tornou a escolha preferida para orquestração de contêineres devido à sua flexibilidade, escalabilidade e recursos avançados. Ao seguir as etapas abordadas neste artigo, você estará preparado para dar seus primeiros passos com o Kubernetes e começar a aproveitar seus benefícios.

É importante ressaltar a importância de continuar aprendendo e explorando os recursos e práticas recomendadas do Kubernetes à medida que você ganha mais experiência. A comunidade do Kubernetes está sempre em constante evolução, com atualizações e novos recursos sendo lançados regularmente. Portanto, manter-se atualizado e participar de eventos e comunidades relacionadas ao Kubernetes é fundamental para aprimorar suas habilidades e se manter atualizado com as melhores práticas.

Lembre-se de que, embora o Kubernetes possa ser desafiador no início, com dedicação, prática e o uso adequado dos recursos disponíveis, você estará bem encaminhado para dominar essa poderosa plataforma de orquestração de contêineres.

Agora que você está familiarizado com os conceitos e práticas iniciais do Kubernetes, sinta-se à vontade para explorar ainda mais, experimentar e aplicar o Kubernetes em seus projetos. Não tenha medo de explorar além do básico e buscar soluções personalizadas que se adaptem às suas necessidades específicas.

Esperamos que este artigo tenha sido útil para você começar sua jornada com o Kubernetes. Aproveite o poder do Kubernetes para orquestrar suas aplicações em contêineres de forma eficiente, escalável e confiável. Boa sorte em suas explorações com o Kubernetes!

Sobre o autor: Edwildson Coelho Rodrigues — É desenvolvedor na Sysvale Softgroup e formando no curso de Engenharia da Computação.

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