Ubuntu, para além do Linux

Mariana Amorim
sysvale
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4 min readAug 26, 2019

Estive pensando muito sobre as empresas por onde passei, culturas, pessoas que encontrei pelo caminho, e resolvi escrever um pouco. Não sei muito bem qual o flow de pensamentos que foram surgindo na minha cabeça, mas sei que todas eles convergiam para um ponto em comum: em que tempo eu estou vivendo agora? E essa pergunta nasceu de algumas dificuldades em relacionamentos profissionais e até pessoais.

Evitando o juízo de valor…

Faço parte de uma geração híbrida: a que viveu esperando o final de semana para brigar com o computador e o telefone até a internet discada funcionar, que é a mesma geração vendo nativos digitais de 3 anos já pulando anúncios no YouTube para assistir baby shark.

Estou aprendendo, ainda a passos curtos, a lidar com diferença de gerações. A entender que muitas das pessoas com as quais eu me relaciono hoje, não eram sequer nascidas quando o Brasil foi campeão no mundial de 1994, com o gol que o Roberto Baggio perdeu nos pênaltis, e com o Galvão Bueno quase tendo uma síncope enquanto gritava: é TETRAAAAAAAAAAAAAA.

Dito isto, há algum tempo, em um dos meus desabafos com o CEO da empresa que trabalho, a Sysvale Softgroup, (rápido disclaimer: é totalmente possível desabafar com um CEO, tá bem? Essa é a realidade em empresas horizontais, e tende a ser cada vez mais assim).

Estava querendo encontrar algo que eu pudesse fazer, que diminuísse a quantidade de diferenças das gerações com as quais eu preciso atuar hoje. Diferenças essas, que por vezes parecem abismos. Acreditamos, eu e meu CEO, nas diferenças das gerações (ele com sua visão positiva e agregadora, eu até então, reticente).

Nunca me preocupei com isso antes, porque até então, nunca havia tido nenhum tipo de “divergência de pensamento”, por assim dizer. As minhas posições profissionais anteriores me ensinaram que: turnover, quem se importa? No mundo real é assim. Além do famigerado “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.

Essa doutrinação sempre me incomodou, e ter a oportunidade de ver pessoas podendo se expressar me soa maravilhoso, mas também me assustou (!).

Como eu poderia me integrar numa realidade tão díspar?

Foi então que pensei onde eu poderia me inspirar! Somos de gerações diferentes? Somos. Temos experiências de vida diferentes? Totalmente. Mas temos algo em comum: trabalhamos no mesmo espaço e temos os mesmos objetivos, ainda que cada um na sua área. A Sysvale é uma startup de desenvolvimento de software; eu não sou desenvolvedora, só há pouco tempo descobri o que é uma ferramenta open source ou o que é um merge request (que ainda não está lá muito claro para mim, rs). Mas vamos colocar todas essas diferenças numa caixinha de lado?

Todo profissional antes de ser profissional, é ser humano.

Fiquei pensando naquela conversa com o CEO, a minha sensação já era um pouco melhor, até que me veio uma palavra:

Ubuntu!

Diga-se de passagem, eu nunca tinha ouvido essa palavra na minha vida. Em termos técnicos, aprendi que é uma das distribuições utilizadas no sistema operacional Linux. Mas, procurando mais a fundo, Ubuntu passou a fazer um sentido enorme para mim, conhecendo o real sentido da sua filosofia.

“Eu só sou, porque todos nós somos juntos”.

Ubuntu é a consciência da importância do coletivo. Didático.

Em tempos de pouco ou quase nenhum diálogo, de muita indisponibilidade (de falar, de ouvir, de compartilhar), essa filosofia parece um tanto quanto utópica, mas, além de simplória é totalmente possível.

Ubuntu é respeito pelos outros, empatia, possuirmos nossa individualidade sem que haja detrimento ao bem comum.

Não parece algo inalcançável. Parece?

É o espírito de pessoas que se unem, que podem (e devem) ter diferenças, mas comemoram vitórias e apoiam-se nas dificuldades.

É claro que, além de não ser um processo fácil, muito menos rápido ou milagroso, requer disciplina. Requer que cada um queira ser agente de sua própria mudança, fazer autocrítica e tentar desenvolver suas habilidades humanas.

Não podemos agir pelos outros, mas podemos fazer a nossa parte, e ir juntando partes que se esforçam, buscam e querem se juntar com a nossa.

No fim das contas, este post contêm partes que se juntam todos os dias, uma equipe, um time.

:)

Obrigada, e até a próxima! ❤

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