3 poemas de Camila Lauar
Devaneio Letárgico
Eu fujo da minha realidade
E agora é ela quem foge sem mim.
Pudera uma única lágrima minha escorrer
Para enfim desaguar toda essa verdade em mim.
Mas distante do que me cerca estou
E esse sentimento não é algo que eu possa sentir,
Pois, até o que de mim surge,
Já é mais que estranho para mim.
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Morte Cósmica
Os cruéis assombros que da realidade recebo
Me desfazem em uma quantidade incontável de partículas.
A maldição atua em mim de dentro para fora,
E de estafas minha mente sobrevive.
A imagem platônica do meu paralelo mundo idealístico,
Ressoam melodias inefáveis
Que aparecem e desaparecem
Na infinitude inconsciente do meu Ser.
A angústia me aparece da maneira mais melancólica possível
E pela projeção mental do meu mundo particular,
Aceito a desgraça que recebo.
Desapareço em mil brumas da fumaça mais obscura,
Nebulosa e confusa.
Não mais consigo encontrar quem eu sou.
O ar dos meus pulmões é o irreal
Que me atira a um abismo de caos,
Concentrado na ignorância do fazer.
Retenho-me por sobre os fatos
Onde das águas límpidas meus desejos submergem.
É o tempo que observo a decair
Em hiperbólicas metáforas
Do espaço triangular da natureza cósmica.
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Noir Roxo
Nos canais de Veneza,
Eu escuto seu sussurro.
O céu e a água se misturam
Em um noir roxo.
Eu tento remar,
Mas você me paralisa
Com seus olhos de noir roxo
E me puxa…
Você me hipnotiza
Como uma fragrância de perfume
Que não sai do meu pescoço.
Quero sentir a catástrofe de ter você
Só para ver se entendo os seus olhos de noir roxo
Que me confundem esta noite.
A noite é dos nossos desejos mais complexos.
E sinto…
Sinto uma conexão paralisadora.
Meu corpo reage a ti
Em um híbrido paradoxal com minha alma,
E como se fosse uma obsessão…
Quero sentir a catástrofe de ter você
Só para ver se entendo os seus olhos de noir roxo
Que me confundem esta noite.
Mas o que seus olhos de noir roxo não me deixam ver
É que esses olhos são os meus.
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Revisão: Caroline Lima e Itaércio Porpino