3 poemas de Camila Lauar

Revista Tamarina - Redação
Revista Tamarina
Published in
2 min readJan 23, 2023
Arte de David Crunelle

Devaneio Letárgico

Eu fujo da minha realidade
E agora é ela quem foge sem mim.
Pudera uma única lágrima minha escorrer
Para enfim desaguar toda essa verdade em mim.

Mas distante do que me cerca estou
E esse sentimento não é algo que eu possa sentir,
Pois, até o que de mim surge,
Já é mais que estranho para mim.

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Morte Cósmica

Os cruéis assombros que da realidade recebo
Me desfazem em uma quantidade incontável de partículas.
A maldição atua em mim de dentro para fora,
E de estafas minha mente sobrevive.

A imagem platônica do meu paralelo mundo idealístico,
Ressoam melodias inefáveis
Que aparecem e desaparecem
Na infinitude inconsciente do meu Ser.

A angústia me aparece da maneira mais melancólica possível
E pela projeção mental do meu mundo particular,
Aceito a desgraça que recebo.

Desapareço em mil brumas da fumaça mais obscura,
Nebulosa e confusa.
Não mais consigo encontrar quem eu sou.

O ar dos meus pulmões é o irreal
Que me atira a um abismo de caos,
Concentrado na ignorância do fazer.

Retenho-me por sobre os fatos
Onde das águas límpidas meus desejos submergem.
É o tempo que observo a decair
Em hiperbólicas metáforas
Do espaço triangular da natureza cósmica.

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Noir Roxo

Nos canais de Veneza,
Eu escuto seu sussurro.
O céu e a água se misturam
Em um noir roxo.

Eu tento remar,
Mas você me paralisa
Com seus olhos de noir roxo
E me puxa…

Você me hipnotiza
Como uma fragrância de perfume
Que não sai do meu pescoço.

Quero sentir a catástrofe de ter você
Só para ver se entendo os seus olhos de noir roxo
Que me confundem esta noite.

A noite é dos nossos desejos mais complexos.
E sinto…
Sinto uma conexão paralisadora.
Meu corpo reage a ti
Em um híbrido paradoxal com minha alma,
E como se fosse uma obsessão…

Quero sentir a catástrofe de ter você
Só para ver se entendo os seus olhos de noir roxo
Que me confundem esta noite.
Mas o que seus olhos de noir roxo não me deixam ver
É que esses olhos são os meus.

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Revisão: Caroline Lima e Itaércio Porpino

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