Carta de amor — Daniel Ribas

Revista Tamarina - Redação
Revista Tamarina
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2 min readJun 3, 2022
Imagem da Web: R7.

Danada, em casa, a sós, nós. Com a geladeira abastecida, não precisamos de mais nada, por enquanto. Só você. E eu. Teu cheiro sem o fedor das pernoites grudentas ou encolhidos em margens de guimbas. Aqui a gente se beija como jovens descobrem o sexo. (ironia…) Aqui é melhor, mas o lugar ideal é qualquer, desde que alinhados.

Eu não deveria estar aqui. É minha casa, mas deixa de ser. Daí, esta carta seria um ajuste de contas, ou o silêncio que precede o tiro. Meu peito martela enquanto te encaro. Você sente? Vai sentir quando estivermos em junção carnal. Estou entregue, mas sabemos a verdade. Você só quer me usar. Meu tórax expande em para-raios.

Nós nos odiamos. Te beijo e a branquitude invade o campo. Sou forte por ti sou potente para te servir. Sou rei deus pica das galáxias voo porque você me tocou e ativou meu cérebro.

Preciso procurar ajuda, não consigo. Mais uma mais grossa mais violenta sinto você enquanto mergulho no teto claro como sinal de adoração vai me matar mas te amo. Outra.

Depois do pesadelo a luz do dia você irá embora porque a boca fechou a grana acabou afundo em secreção arrependimento quero morrer, meu único amor. E você me dará o beijo e sobra nada.

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