Há partituras em mim
que você ainda não leu
notas que ainda faltam tocar
dedilhados a aprender
Componha-me com seus tons impudicos
seu ritmo desordeiro
impreciso, sempre insatisfeito
sedento e profundo
Cante em mim sua música preferida
peles, línguas e lábios em sinfonia
timbre, altura e intensidade
o corpo vibra
sons inteligíveis em perfeita sintonia
Propaga no ar vibrações incontidas
acordes não mais intangíveis
do agudo ao grave, com arranjos e rimas
escorre na derme frequências invisíveis
No fim de nossa música
nós, desfastios instrumentos
quase em divina conexão
talvez nem tenha sido um canto,
talvez tenha sido uma oração
Da Série “O corpo da música”
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