Cinza é a alma nos olhos
Que os meus buscam encontrar
Cinza é o chão da rua
Em que meus pés tentam se fincar
Cinza é o firmamento
Que alcança o fim do horizonte
Cinza é aquele velho sofá
Que meu corpo se estira abrupto
Cinza é o topo das árvores
Que ficam pelo meu caminho
Cinza são as ondas do mar
Que encaro, quieto, uns minutos
Cinza é a minha sombra
Que me faz companhia leal
Cinza é o meu sangue
Que jorrou pra me fazer saudável
Cinza é o alvorecer
Que promete, e nem sempre cumpre
Cinza é a luz sobre mim
Que repousa sobre meus esforços
Cinza é o que não é capaz de ser
Como o preto, que recusou todas as cores
Ou o branco, que abraçou cada uma
Cinza é o que poderia ser e não foi
Cinza sou eu, é você, somos todos
Que existem, respiram
Porém, inda não nascidos