Corpos ardentes

Fabiano Costa
EuLírico
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4 min readAug 27, 2018

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Meu sexto sentido era o único que gritava na direção contrária dos outros cinco. O desejo era do tamanho do medo de me machucar, mas logo o segundo se esvaneceu no momento em que o seu desejo agarrou meus cabelos por trás, de forma que a leve dor pelo seu mau jeito prenunciou o caos de sensações que estava por vir.

Deixei você atacar meu pescoço com a volúpia dos lobos porque queria sua barba mal feita roçando minha barriga logo, seguindo intensamente na direção certa. Imaginei aquela cena e tremi.

Sua mão rapidamente encontrou a fenda do meu vestido e, consequentemente, meu seio quente recebeu seu toque. Parei (por charme, confesso) e comecei a desabotoar o vestido, mas seu ataque foi feroz, não me permitindo seguir na sedução. Tola! A fantasia não existia mais, agora era apenas pele, pelo e desejo.

Já nua, você me joga na cama e me assusto com tanta agitação. Vejo você tirar a calça e me vem um sentimento de não querer mais. Me retraio um pouco, mas você não liga. Vem para cima de mim, separa minhas pernas e entra fundo, como conquistando um novo território em suas vitórias sequenciais.

Permito (não teria escolha, caso contrário). Sinto seu calor dentro de mim. Vejo seus olhos e por trás de um brilho opaco, quase metódico, há prazer. Sinto prazer em te dar prazer e volto a me sentir sua.

Meus gemidos deixam de ser falseados e passam a ser sinceros. Sinto meu corpo fazer movimentos involuntariamente em busca de mais prazer e você fica louco. Aumenta o movimento, fala putarias e me fode. Faço tudo o que você manda e me preencho com seu prazer.

Até que você me inunda. Faz movimentos derradeiros e intensos, buscando as ultimas gotas de prazer daquele momento. Respira ofegante e rapidamente sai, me deixando sozinha com toda sua água e com todo o meu fogo temperados com o vazio de caverna profunda.

Me recomponho um pouco e percebo que meu corpo ainda arde. Vejo que você se entretêm no chuveiro e começo a me tocar. Sinto aquele prazer inicial, mas percebo que essa cena (eu sozinha na cama e você na imaginação) é comum demais para aquele momento e fico puta. Direciono meu corpo e minha ira para o banheiro, abro a porta do box e entro.

Você me dá espaço para passar, mas não aceito mais nada à distância. Te abraço novamente, fortemente. Te beijo intensamente. Você corresponde burocraticamente. Desço rapidamente minha língua pelos seus pelos do peito, do abdome…paro naquele ponto que te deixa louco e você acusa o golpe. Fico um tempo, mas quando você está se acostumando com o prazer, minha boca te ataca com sofreguidão e você me acompanha. Fico ali, somente esperando você não aguentar mais e me atacar (sinto pena das vadias que não te conhecem como eu). Desta vez não demorou muito e me vi de olhos fechados com você ritmado atrás de mim voltando a falar obscenidades como gosto tanto.

Sinto meu corpo começar a ferver. Pernas a tremer. Gemidos altos demais. Você me acompanhando. Mas me seguro um pouco: ainda não.

Você parece estar gostando, mas está cansando. Sugiro irmos para a cama novamente e você aceita na hora. Deixo você deitado, sob meu domínio, e mexo (mexo muito), olhando nos seus olhos para ver a ardência de prazer querendo explodir novamente.

Você está vindo, eu sei. Eu sinto: eu sei. São anos que você vem até mim quando não consegue inflar seu ego com as menininhas 10 anos mais novas. São oceanos de êxtase em minha presença. São fornalhas incontidas no primeiro olhar. Mas nunca à luz do dia, nunca em público, nunca fora desta alcova que sabemos que nos teremos até a ultima gota.

Minha ira, que havia se tornado tesão, volta a ser raiva frustrada. Começo a me tocar urgentemente mesmo em cima de você e vejo que também está vindo.

Mas desta vez não, idiota!

Saio de cima antes, já em soluços de gozo intenso. Meu gozo! Me contorço e sinto sozinha. Não, não me sinto sozinha (como todas as vezes que te liguei e você não atendeu porque tinha se dado bem à noite), mas, sim, eu sinto prazer sozinha. Sim, sinto todo o êxtase sozinha e não te dou a minima desta vez como você fez comigo tantas e tantas vezes. Hoje gozo o momento de glória pela satisfação da sua cara de merda ao ficar na mão.

Você levanta bravo, me xingando. Eu gargalho na beira da cama. Olho para você com ar de vitória. Pelo menos hoje. Você coloca a calça e, mal e porcamente, a camiseta. Sai me chamando de vadia e nem ligo. Sorrio ao ver que esqueceu a cueca: vai voltar. Você sempre volta. Porque outras mulheres tiveram seu corpo, mas nenhuma teu prazer profundo. Só eu.

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Fabiano Costa
EuLírico

Me joguei no mar e ele não me quer. Insiste em me levar para a praia, por isso nado contra a maré.