Testando Design Sprints de 4 dias

É possível encurtar ainda mais o Design Sprint sem comprometer a qualidade?

Lucas M. Otsuka
TaqtileBR
5 min readJun 25, 2018

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Depois que ficamos sabendo que a AJ&Smart e Jake Knapp estavam experimentando um Design Sprint 20% mais rápido, ficamos pensando como testar isso na realidade das corporações brasileiras. Isso porque no livro, os decisores parecem super decididos e objetivos, mas essa não é bem a nossa realidade. Temos visto muitos decisores gerentes de nível médio, que não têm uma visão tão abrangente da empresa para poder tomar decisões assertivas, ou até mesmo decisores diretores, que estendem discussões pouco objetivas.

Segundo a AJ&Smart, o Design Sprint 2.0 é muito silencioso. Eles comentam que até colocam música para as pessoas não se incomodarem com o silêncio! Parece bem diferente da cultura das empresas brasileiras, muitas ainda não estão acostumadas com esse tipo de reunião e desviam constantemente do assunto. Adaptando isso por aqui, listei aqui alguns aprendizados:

Dia 1: Entendimento & Sketch

Ask the experts

Já era natural os decisores e stakeholders quererem participar logo no começo do primeiro dia. Por isso, fez muito sentido colocar essa dinâmica em primeiro e deixar muitos stakeholders, que não conseguem participar do Design Sprint todo, falarem primeiro. Isso também facilita o time decidir o desafio mais claramente depois. Antes, já aconteceu de mudarmos completamente o desafio depois do Ask the Experts.

Desafio de Longo Prazo

Em vez de ficar tentando chegar ao Desafio perfeito, as pessoas escrevem no post-it os diversos desafios que vêm a cabeça e eles são votados, sem discussões filosóficas eternas. Como já ouvimos os experts antes, o desafio sai mais naturalmente.

Perguntas do Sprint

Aqui também, em vez de perguntarmos ao time suas dúvidas e começar uma discussão acalorada, todas as pessoas escrevem suas dúvidas em post-its e depois da votação, ficamos com apenas 3 perguntas fundamentais.

Mapa

Essa dinâmica não muda. O que temos aprendido é que quando as pessoas não conhecem o processo, começam a questionar a importância dessa etapa, ou querer mapear todo o processo da empresa. Porém, no final do dia entendem que o mapa é apenas para posicionar o nosso foco.

Lightning Demos

Não importa o quanto pedimos, poucas pessoas trazem inspirações no dia seguinte. Por isso, já no primeiro dia depois do almoço, reservamos alguns minutos para as pessoas pesquisarem freneticamente inspirações. Então, cada pessoa apresenta o que pesquisou em apenas 5 minutos. Como já fizemos mais de 50 Design Sprints, temos muitos benchmarks já salvos e selecionamos de acordo com o tema. Ainda sobra tempo para pesquisar novos para complementar.

Sketch

A parte que muita gente trava. Temos experimentado juntar as anotações com o desenho, o que ajuda a economizar tempo. Investimos bastante em trazer exemplos visuais de como pode ser o desenho para acalmar as pessoas mais desconfortáveis com lápis. Na parte do Crazy 8’s, trazemos o MESCRAI (Modifique, Elimine, Substitua, Combine, Rearranje, Adapte, Inverta) para as pessoas não travarem.

É importante reforçar que quanto mais eles escreverem os textos das telas, menos sofreremos no dia seguinte fazendo o Storyboard.

Dia 2: Decisão

Art Museum & Vote

Aqui não mudou muito do livro. Heatmap para dizer ao decider as melhores ideias e depois cada um anota em um post-it seu voto final com justificativa. Assim, evitamos o efeito manada de pessoas mudando o voto quando veem os outros colando as bolinhas.

Storyboard

A parte mais desgastante do dia… Pedindo para que cada um escreva um fluxo ideal para o teste com 6 post-it, conseguimos eliminar muita discussão. Assim, o decisor vota no melhor fluxo e pode adicionar um post-it de outros fluxos para complementar. Isso ajuda a ter uma boa visão macro e cortar alguns mal-entendidos logo no começo.

Quando começamos a desenhar, o que tem funcionado bem é dividir o time: cada time fica com um grupo de telas para detalhar, ou um pequeno time decide o texto das telas e outro, a navegação. Quanto mais detalhado é o Storyboard menos as pessoas sofrerão no dia seguinte fazendo o protótipo.

Dia 3: Protótipo

Antes de começar, fazemos uma lista clara de todas as telas que precisam ser feitas. Isso ajuda a não esquecer alguma tela secundária que ficou esquecida no Storyboard. Usando o Design Systems que temos na Taqtile, já temos no Sketch muitos componentes prontos e simbolizados, basta colocar as cores do cliente e começar a customizar. Isso acelera muito nosso processo. Além de que, com o novo Invision DSM, mais de uma pessoa trabalha no Sketch com os mesmos componentes. Não usamos o Figma porque para nossos projetos de longo prazo, o Sketch ainda é mais maduro, o que não compensa a assinatura do Figma.

Uma boa prática aqui é ter uma pessoa para juntar todas as telas e arrumar os possíveis errinhos de consistência. É importante testar no dispositivo que vai ser usado no dia seguinte desde o começo, para evitar desenhar no tamanho de tela errado. Também fazemos pequenas reuniões durante o dia para saber quanto cada um está progredindo.

Dia 4: Teste de Usabilidade

O teste também não tem nenhum segredo. O que temos aprendido é procurar pessoas de back-up, porque é muito comum pessoas em São Paulo cancelarem os testes em cima da hora. Pelas conversas que já tive com pessoas de outras empresas, recrutamento continua sendo uma das partes mais sofridas do Design Sprint.

Apresentação Final

A tradição das empresas é ter uma apresentação de resultado, mesmo isso indo um pouco contra metodologias Lean … Ainda é difícil abrirem mão disso. O que temos feito é aproveitar esse tempo para discutir os próximos passos com eles.

Conclusão

A ordem e tempo das dinâmicas realmente faz sentido e a qualidade não se perde. Se o time já está acostumado com as dinâmicas, é fácil conduzir o Design Sprint em 4 dias. Já quando nunca fez, o desafio é mudar a mentalidade das pessoas sobre reuniões e controlar as discussões. Porém, colocando o Ask the Expert primeiro, já ajuda as pessoas a descarregar suas opiniões antes e o time decidir mais rápido o desafio depois.

Como é mais eficiente, fica mais fácil fazer vários Design Sprints sucessivamente, para iterar o resultado do anterior. Isso tem dado resultados muito mais concretos para já desenvolver o MVP.

Feedbacks são bem-vindos! Deixe um comentário se você também tem testado esse Design Sprint na sua empresa.

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Lucas M. Otsuka
TaqtileBR

Showing companies the art of the possible at Amazon Web Services. Mentoring students @trydesignlab and @awari. Previously at @quintoandar