Kimbanda Dependente e Independente Existe?

“Será que existe?”

Tatá Leonardo
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7 min readFeb 3, 2018

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Hoje é muito natural vermos irmãos umbandistas e até mesmo alguns quimbandeiros por assim dizer adotar essas terminologias; Mas de fato é coerente ou mesmo correto dizer que existe a Kimbanda Independente ou mesmo Kimbanda Dependente?.

É preciso entender que a Kimbanda assumidamente antecede até mesmo o que conhecemos hoje como sendo umbanda. E afirmo isso pois em sua obra Aluizio Fontenelle (EXU 1ª Edição:1949–2ª Edição:1954), deixa bem claro de forma preconceituosa a afirmação que a “Umbanda nasceu para combater a Kimbanda.” Nessa colocação utilizada pelo autor temos a resposta de muitos dos nossos irmãos umbandistas tanto terem uma visão de interpretação deturpada da kimbanda e até mesmo preconceito para com muitos os kimbandeiros.

Observação: Aluizio Fontenelle, demonstra em toda sua obra um preconceito tremendo por todo e qualquer kimbandeiro e seu culto. Agregando assim o kardecismo e o cristianismo de forma silenciosa no culto de umbanda.

Desse modo se fizermos uma análise crítica veremos que tudo não passa uma nova moda que surge de alguns sacerdotes kimbandeiros, não somente mal preparados de fundamento como também de intelecto.

Os mesmos não percebem o quanto estão contribuindo para a ignorância de muitos novos adeptos e até mesmo para leigos que se quer conhecem a kimbanda.

O termo dependente e independente faz uma afirmação para que umbandistas levantem bandeiras de marketing, dizendo ser praticantes da kimbanda, mas vale lembrar que a esquerda da umbanda sim, essa possui seu valor dentro dos regimentos do culto praticados por nossos irmãos umbandistas, mas que são gritantes as diferenças do culto ancestral kimbanda e que o que eles próprios (umbandistas) denominam como sendo esquerda da umbanda; Não é, e jamais será algum dia kimbanda.

Lembremos que Kimbanda além de vir muito antes da própria umbanda é um culto que possui seus próprios fundamentos e até mesmo suas vertentes “tradições”, mas isso é assunto para um outro momento..

Aos sacerdotes de kimbanda que propagam esse tipo de terminologia, além de levar a ignorância de muitos, contribuem abrindo portas para que loucuras sejam feitas em nome do culto de “kimbanda”.

Alguns definem o culto sendo independente por ele não está sobre a tutela do orixá (divindade africana), e daí vemos algo que se torna uma incongruência bem como algo cômico. Pois os mesmo que dizem que a kimbanda independente não está sobre o regimento de orixás, coloca assim seu culto sobre a tutela de DAEMONS(Demônios) que além de ser divindades de outros povos como : Acadianos, Fenícios, Sumérios e etc; É algo que no passado distante sequer nossos antigos conheciam ou mesmo fazia parte do culto ancestral, ao qual conhecemos como kimbanda em terras Brasileiras.

Ou seja você dá a independência dos Exus colocando-os subalternos a DAEMONS? Será que de fato as pessoas que propagam esse tipo de hierarquia conhecem quem são os DAEMONS? São esses sacerdotes conhecedores dos mistérios dessas deidades?

Tenho a plena certeza que não, os mesmo criam em suas psico-esfera o entendimento de serem obedientes não somente a seus ancestrais ”quando assim consideram — já que é normal em grande maioria demonizar exu” mas a seres que magistas de outros séculos anteriores já empregavam a conjuração, obrigando essas deidades a realizar os seus desejos.

Daí vemos esses noviços serem escravos de deidades que sequer possuem o mínimo de entendimento, pior ainda é propagar isso para outros ainda mais leigos que eles.

Em verdade é a era de cego querendo guiar cego até mesmo em cultos afros.

Se por um lado vemos a ignorância em regimentar um culto, rito; Por outro vemos o preconceito internalizado no próprio culto, onde o mesmo não aceita e até condena quando Orixá’s estão agregados ao culto de kimbanda, mas não há problemas se for DAEMON’S conhecidos pela cultura Européia.

Para que não fiquemos em um loop eterno onde será massificado a falta de intelecto podemos assim fazer um divisor entre umbanda e kimbanda, assim de uma vez por todas tirar essa terminologia que além de infantil é prejudicial ao culto de kimbanda.

A kimbanda traz consigo o culto a ancestrais (pessoas que morreram e se tornaram os espíritos do culto), muitos desses espíritos podemos assim afirmar que em sua época eram sacerdotes ou mesmo praticantes desse culto ancestral, que aqui se torna o que conhecemos como KIMBANDA ou QUIMBANDA.

Por ser um culto que passou por miscigenação em nosso país (e tudo tem uma explicação vide Observação abaixo) e assim foi agregado sincretismo europeu, e até mesmo fagulhas da pajelança, o mesmo em essência perpetuou a não alimentar a dualidade, como vemos no cristianismo atual, o que por entendimento diversas vezes chamamos de amoral. Deixemos bem claro que o fato de utilizarmos o amoral, não significa liberdade para fazer o que bem entende, já que estamos aqui falando de um culto dogmático e que possuí ritos e fundamentos próprios, mas a utilização de amoral surge para explicar o que é ruim para você nem sempre será para o seu próximo, e assim vice-versa. Do mesmo modo que o amoral, surge temos que ter a compreensão que muitos dos limites a se realizar no culto de kimbanda deve-se em alguns momentos levar em conta o caráter moral de cada sacerdote, sem uma tabela do que é certo ou errado.

Nesse aspecto a umbanda é muito diferente, onde a grande maioria das vertentes que encontramos hoje de umbanda senão quase todas, possuí o cristianismo muito arraigado e não somente como forma de sincretismo, mas até mesmo como crença.

Ainda podemos continuar a dizer que também a maioria possuí as doutrinas kardecistas regulamentando assim o culto, e claro se não as tem de forma clara com estudos e leituras das obras de kardec, mas vemos no sentido moral que seguem de forma silenciosas os mandamento deixados pelo kardecismo.

Assim podemos tranquilamente dizer que umbanda é umbanda e a mesma possuí sua esquerda que difere totalmente do culto de kimbanda.

Observação: O que não vemos quase nenhum, isso para não ser imprudente e afirmar nenhum… Sacerdotes e sacerdotisas afirmarem que kimbanda passa a ser um culto aqui em terras brasileiras, mas em sua origem. Quando falamos de kimbanda estamos expressamente falando de um povo ou mesmo um líder tribal. Quando falamos líder tribal tenha o entendimento e estude um pouco sobre África o continente que assim verá que os povos Bantus tinham sim o que chamamos como kimbandas.

A história nos conta que os primeiros povos a vir para nossas terras foram justamente esses povos Bantu e com eles temos assim o culto aos ancestrais. Como todo povo de origem dessa região, os mesmo possuem o respeito em terras alheias onde trazem também a devoção aos ancestrais nativos. A Partir daí teremos a resposta do que abordamos anteriormente como sendo pajelança enxertada no culto de kimbanda.

Por fim podemos dizer que no passado o sincretismo europeu esteve presente, pois o negro percebeu que o europeu (branco) não possuía o medo de suas divindades, e disso observou-se que existia muitas deidades “demônios” que o branco temia. Logo o culto trouxe fagulhas européias até como meio de preservação e como forma de trazer aos de fora o temor dos rituais que eram praticados por esses povos.

E quando um terreiro diz ter umbanda e quimbanda?

Nesse aspecto devemos analisar de forma muito cautelosa, pois como citei acima a grande maioria das umbandas possuem esse códice kardecista e cristita inserido em sua egrégora; Mas voltemos a mais de 150 anos que talvez veremos o que chamam hoje como sendo umbanda… um culto onde temos preto velhos, caboclos e etc incorporando e fazendo seu trabalho sem a inclusão desse cristianismo e kardecismo.

Nesse ponto peço para que observe que não somente o termo umbanda iniciou-se como Zélio Fernandino de Moraes bem como todo essa conceituação cristita e kardecista.

Mesmo um terreiro afirmando que faz prática de kimbanda e umbanda é válido fazer uma análise se alí não estamos lhe dando com um sacerdote ou mesmo terreiro que utiliza do marketing “KIMBANDA” para que possa causar a impressão chocante para o público, já que a isso foi galgado com o decorrer de anos e todos sabem muito bem, que KIMBANDA É CAMINHO SEM VOLTA.

Se o caro leitor fizer uma breve observação verá que é impossível uma pessoa que tenha em seu escopo “esqueleto — assim preferir” a caridade, em praticar o bem e assim trabalhar para evolução acreditando em céu e níveis de planos espirituais, aos mesmo tempo ele propagar de verdade a kimbanda. Isso é bastante compreensível já que veremos no momento da prática,o que eles chamam de kimbanda sobre cair a esses praticantes todas as leis e sua própria psico-esfera lhe acusando que estão fazendo maldade ou erro perante a Deus, quando não temos Jesus Cristo.

Então vemos claramente que cabe um culto a exu dentro da umbanda, aliás, façamos das palavras de alguns irmãos umbandista que seja a nossa também “SEM EXU, NÃO SE FAZ NADA”, mas sejamos prudentes a não fazer a comparação ou mesmo utilizar de terminologias tão infantis como a de kimbanda dependente e kimbanda independente.

O que existe é KIMBANDA bem como a UMBANDA, fora isso é modernismo de pessoas mal preparadas que acham que estão redescobrindo a roda.

“É cômico essa terminologia que podemos compará-la ao perguntar a duas pessoas qual a religião dela, e uma responde ser católico e a outra católico não praticante.

Ora ou você é ou não é, vamos sair de cima do muro?

Kimbanda não existe divisões, existe tradições…

Kimbanda é um culto único tanto faz se é QUIMBANDA ou mesmo KIMBANDA.

Fora isso é infantilidade e devaneio intelectual de quem profere.”

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