Road Framework – Squads e Scrum no TC

Uma alternativa ao conceito de squads e scrum para times pequenos, de rápida iteração e com foco em entregáveis.

Bissuh
TC - Tecnologia e Produtos
5 min readNov 5, 2021

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Há alguns anos ficaram famosos os modelos de gerenciamento de equipes de desenvolvimento baseado em squads. Muitas vezes inclusive, as squads eram designadas para partes específicas do produto. Entretanto, um problema comum enfrentado por esse tipo de abordagem é o tamanho da equipe frente ao tamanho dos projetos.

Desde a criação do TC, fomos ajustando esse modelo e desenvolvemos um estilo complementar, que nos ajuda a priorizar as tarefas, balancear as entregas entre clientes, times internos e necessidades da equipe técnica, e que ainda, pode ser aplicada a equipes pequenas.

Qual o fundamento disso?

A analogia básica utilizada para o uso dessa técnica, é a mesma utilizada para vias de trânsito. Sendo assim, elas se aplicam praticamente as mesmas lógicas de trânsito aqui. As premissas são:

  • Cada tarefa é um veículo;
  • Todos estão indo de um ponto A (backlog), para o um ponto B (deploy); e
  • Cada veículo carrega consigo alguns elementos do projeto, e por isso, alguns veículos precisam ir antes de outros.

Cada tipo de via, possui uma quantidade de faixas específicas (a quantidade de faixas é proporcional ao tamanho da equipe), e portanto cada uma tem uma velocidade diferente.

Engarrafamentos

Assim como na vida real, e ao contrário do que muita gente pensa, o trânsito não para por causa da quantidade de carros na via, e sim devido a qualidade da direção dos motoristas.

O mesmo acontece nas trilhas de desenvolvimento quando:

  • Tarefas passam de mão em mão (o equivalente a mudar de faixa);
  • Uma mesma pessoa executa duas tarefas ao mesmo tempo (o equivalente a guinchar um carro, e portanto, andar mais lentamente na via); e
  • Uma tarefa é desenvolvida antes de alguma de suas dependências (o que se assemelha quando um carro para no meio da estrada).

Os tipos de vias

Diferentes tipos de via determinam diferentes velocidades nas entregas. Nesta metodologia existem 3 tipos de vias:

  • Rodovias (main-roads): equivalente as vias de alta velocidade, que não possuem semáforos nem cruzamentos. Essas vias são para tarefas que não devem ser interrompidas durante sua execução;
  • Trilhas (off-roads): equivalente as trilhas de terra. Nessas trilhas, ficam tarefas menores, que não possuem nenhum compromisso imediato com a estratégia do produto, e portanto, podem sofrer diversas interrupções e irem em velocidade menor; e
  • Pedágios (health): os pedágios são períodos em que a equipe técnica para, entre as sprints, para se dedicarem a atividades técnicas. Falamos um pouco mais sobre esse tópico abaixo.

Criando filas de projeto para cada via

Para que o modelo de trabalho com vias funcione da melhor forma possível, é preciso que as atividades/projetos sejam priorizados em filas únicas, por tipo de via. Isso ajuda a garantir que não estão executando tarefas que serão bloqueadas, e evita que uma tarefa seja interrompida, por surgir uma nova atividade mais importante.

Sendo assim, o critério que você utilizará para listar as atividades, dependerá das necessidades da sua empresa. Veja o exemplo abaixo:

  • 1 main-road: executa projetos que estão alinhados com a estratégia semestral/anual da empresa. As atividades nessa via se intercalam sendo: para cada 2 atividades priorizadas voltadas para a estratégia macro, é elencada 1 tarefa alinhada com uma necessidade comercial mais latente; e
  • 2 off-roads: que se dividem entre 1 trilha para a equipe financeira (que só cabe uma atividade de cada vez), e 1 trilha que chamamos de TGIF (Thanks God I’m Fresh) que são atividades muito pequenas e simples que são feitas por pessoas novas no time.

Com cada fila devidamente ordenada, cada membro da equipe sabe qual trilha rodará naquela sprint, e pega a próxima atividade na prioridade da trilha respectiva. Como ela é linear, basta pegar a do topo.

Trilha Health

A trilha Health nasceu da necessidade de dar autonomia a equipe técnica para decidir e executar, na ordem em que acharem relevante, atividades do backlog de cunho técnico e que dificilmente seriam priorizados por outras áreas (comercial, atendimento, financeiro e etc). Exemplos disso são:

  • Migrações de banco de dados;
  • Criação de scripts para automatização de tarefas;
  • Melhorias e refatorações em códigos legados; e
  • Atualizações de bibliotecas e frameworks, etc.

Além disso, a equipe de testes e qualidade aproveita essa semana para focar nos testes da sprint e interromper a equipe em caso de correções e ajustes. É praticamente um pit-stop geral.

Como as sprints no TC tem duração de 2 semanas, a semana de health ocupa a semana seguinte, dando um total de 3 semanas para cada ciclo.

Distribuição da equipe

Muito semelhante ao que se faz nas squads, neste modelo de trabalho, as equipes estão trabalhando para entregar os projetos mais prioritários, e todos estão olhando para as mesmas filas.

Como não existe um backlog separado para cada equipe, todos estão alinhados com as prioridades a serem discutidas e planejadas para a próxima sprint.

Quando a sprint começar, garanta que as trilha off-road possuam, no máximo, um membro/tarefa cada. Todos os demais membros devem trafegar na trilha principal (main-road), pegando as tarefas de acordo com as prioridades.

Boas práticas

  • Evite criar mais de uma rodovia (main-road). Na nossa experiência uma Rodovia consegue ir além só do primeiro projeto na fila de prioridades, o que faz desnecessário ter outra rodovia, e ainda assim otimizamos a velocidade da entrega, que é o mais importante;
  • Ao criar trilhas, coloque trabalho suficiente para um membro, ou uma tarefa. Os projetos de trilha, podem e devem ser mais lentos;
  • Não crie trilhas, se você não tem backlog o suficiente para justificar a criação dessa via de trabalho; e
  • Tenha sempre ao menos uma trilha. Sempre existem atividades que são importantes, mas não são priorizadas.

No geral, o trabalho com diferentes trilhas tem se demonstrado o formato mais maleável de gerenciamento de equipe e mais duradouro.

Além disso, esse framework dá visibilidade de forma simples sobre quais são as próximas atividades relevantes do ponto de vista estratégico, separando em trilhas separadas as atividades menores e menos estratégicas.

Para as empresas que possuem diversos produtos e equipes reduzidas, a abordagem de priorização sequencial, com o intercalar de atividades ou em vias, ou na fila de atividades, distribui as atividades de forma balanceada, compartilhando o recurso disponível.

Gostou do modelo, quer sugerir algo diferente ou conhecer mais sobre o que estamos fazendo, chama no twitter ou vem trabalhar com a gente.

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Bissuh
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Falo sobre inteligência artificial, empreendedorismo e investimentos / CTO @aprendacomtc / Fundador da @ingresse