O Beira-Rio em dia de show

Bruno Pedrotti
Tchê, Jude!
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4 min readOct 10, 2017

Apesar de ser a casa do time de futebol Sport Clube Internacional, o Estádio Beira-Rio não serve somente ao esporte. Outra função é sediar shows de bandas internacionais. Só neste ano, ele está sendo palco de seis grandes shows: Elton John, Bon Jovi, The Who, Paul McCartney, Green Day e John Mayer.

Esses eventos podem receber um público de até 50 mil pessoas, e por causa disso exigem uma preparação especial. Uma das principais preocupações é com o gramado. A estrutura física do local possibilita que os palcos sejam montados atrás de uma das goleiras, na parte de grama sintética. Além disso, quando os palcos são montados no gramado natural são usadas coberturas especiais. Tudo isso é feito com o acompanhamento da engenheira agrônoma Maristela Kuhn.

Outra preocupação importante é a montagem e desmontagem do palco. Segundo Carla Plentz, gerente de marketing da Brio, empresa parceira do Inter e responsável pela administração e gestão do complexo Beira-Rio, um show de estádio inteiro costuma levar entre 7 e 10 dias para ser montado e 4 dias para ser desmontado.

São três os modelos de palco usados para apresentações desse tipo no Beira-Rio: anfiteatro, anfiteatro ampliado e estádio inteiro. O formato anfiteatro é o menor (recebe no máximo 10.000 pessoas) e o que permite uma proximidade maior com o público. O palco é montado atrás da grelha, na grama sintética virado para a arquibancada do fundo. O palco usado no show do Los Hermanos foi montado dessa maneira.

Foto: divulgação Brio com arte de Amanda Xavier

O formato anfiteatro ampliado, ou meio estádio, pode receber até 24 mil pessoas. Nesse caso, o palco fica entre o círculo central e a grande área. Elton John, Aerosmith e The Who são alguns exemplos de shows que usaram esse formato. O músico John Mayer (que tocará no Beira-Rio dia 24 de outubro) e a banda Green Day (com apresentação marcada para 7 de novembro) também terão seus palcos organizados assim.

Foto: divulgação Brio com arte de Amanda Xavier

No caso dos maiores shows, monta-se o palco atrás da goleira com a parte de trás virada para a arquibancada do fundo. Os lugares dessa arquibancada e outros que também não conseguem ver o palco são descartados, deixando 45 a 50 mil lugares disponíveis para o público. É o chamado estádio inteiro, que recebe Paul McCartney e também foi usado para o show de Bon Jovi.

Foto: divulgação Brio com arte de Amanda Xavier

Devido ao grande público, os shows de estádio inteiro envolvem muita organização e preparação. De acordo com Carla Plentz, da Brio, só na área de alimentação dentro do estádio (entre ambulantes e atendentes) trabalham em torno de mil pessoas.

Considerando segurança, limpeza, atendimento nos banheiros, produção de camarim, se envolvem entre 2.000 e 2500 pessoas no show. Agentes de controle de trânsito são deslocados para a região, e as linhas de transporte público são reforçadas. Além disso, existe um alinhamento junto aos órgãos de fiscalização e controle da prefeitura, como EPTC, Smic, Defesa do Consumidor, Juizado do Menor e Brigada Militar.

Para Carla, o estádio costuma ser escolhido por artistas internacionais devido a algumas vantagens estruturais. Uma delas, por exemplo, é a localização: o Beira-Rio fica entre duas grandes avenidas. Com isso, facilita-se o acesso e o deslocamento pós-show. Em caso de emergências, 50 mil pessoas podem ser retiradas do local em 8 minutos. Normalmente, os ocupantes das 5 mil e 500 vagas de estacionamento já deixaram o complexo em até 30 minutos.

Outro quesito importante para produtoras internacionais quando escolhem um palco é o transporte coletivo. Segundo o site do Internacional, a região é atendida por 25 linhas de ônibus . Além disso, Carla afirma que o estádio tem boa acústica e que seu formato ovoide favorece a montagem de palcos.

Devido a todos estes fatores, a gerente de marketing da Brio defende que “em um raio de São Paulo até Buenos aires, a melhor opção de shows no mesmo nível de São Paulo e Rio de Janeiro é o Beira-Rio”.

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Bruno Pedrotti
Tchê, Jude!

Filho da mata atlântica, louco por tambores e sabiás. Publica experimentações líricas, trabalhos acadêmicos e o que mais der na telha.