Estudando de forma eficiente

Alisson R. Perez
Tech@Grupo ZAP
Published in
6 min readMay 2, 2017

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Pode-se dizer que estudar e aprender é, de forma geral, a maneira como o ser humano evolui intelectualmente de todas as formas possíveis, tanto pessoalmente quanto coletivamente. Porém, todos sabemos que uma simples sessão de estudos muitas vezes tem seu início difícil e às vezes frustrante por uma baixa produtividade. Sempre nos deparamos com a famigerada preguiça de começar, estudar algo às pressas e esquecer tudo ou ainda ter a impressão que nunca conseguiremos dominar determinado assunto.

Porém, para tentar eliminar (ou pelo menos reduzir) esses problemas, existem várias dicas que nos ajudam a enfrentá-los de forma mais eficiente e, digamos, menos dolorosa.

Vou abordar aqui algumas dicas que foram extraídas em sua maioria de um curso da Universidade da Califórnia que fiz há algum tempo chamado Aprendendo a aprender: poderosas ferramentas mentais para ajudá-lo no domínio de temas difíceis (veja mais aqui). É um excelente curso, além de ser totalmente gratuito.

Bom, vamos ao início de tudo. Você está para ter um exame importante em breve e precisa se focar no material de estudo ou está simplesmente tentando criar o hábito de estudar algo periodicamente. Porém, você decide fazer outra coisa, como navegar na internet ou assistir aquela série que te recomendaram. O resultado todos conhecemos: ficou para amanhã. Bom, mais uma vez a procrastinação venceu.

Todos temos problemas com o clássico deixar para depois quando podemos fazer agora, alguns menos e outros mais. É um comportamento comum, ao pensar na sessão de estudos ativamos áreas do cérebro associadas à dor, o que resulta no desvio da nossa atenção para algo mais prazeroso, praticamente seguindo um instinto de autopreservação.

Como então podemos evitar esse comportamento? Uma dica importante é: Não foque no objetivo final, mas sim no processo. Por exemplo: Ao invés de mentalizar “tenho que escrever um artigo hoje com dicas de estudo” pense em “Vou trabalhar um pouco na introdução do tal artigo”. Acredite, isso funciona muito bem. Veja outro exemplo: Ao invés de “tenho que resolver os exercícios de física” pense em “Vou resolver uns exercícios da tal matéria”.

Pensando assim, você de certa forma “engana” o cérebro diminuindo a “dor” da ação que precisa iniciar. Isso te ajudará a entrar na tal atividade dolorosa e assim você perceberá que após algum tempo iniciada a atividade, a sensação ruim tenderá a desaparecer. Deste modo, passamos a focar no que estamos fazendo e não mais em todo o processo, você venceu a resistência inicial que te impedia de fazer a tal atividade.

Passada a pior parte, que é começar, agora você pode trabalhar técnicas que te ajudam a estudar de forma mais eficiente. A primeira delas é o modo de pensar. Usamos basicamente dois deles, que chamaremos aqui de focado e difuso.

Entramos no modo focado quando estamos com toda nossa atenção dedicada a algo. É o modo que você usa para tentar resolver aquele problema complicado, seja estudando ou em outra situação onde é necessário foco e atenção. Neste modo, nosso cérebro está utilizando um conjunto específico de informações que temos para lidar com o problema, ou seja, estamos trabalhando apenas com uma “área específica” do nosso cérebro, sem expandir o raciocínio utilizando outros conhecimentos.

Diferentemente do modo focado, o modo difuso é ativado em uma situação quase oposta, quando estamos relaxados, sem focar em nada, deixando nossos pensamentos vagarem. É neste modo que estamos quando, por exemplo, tomamos banho. Já reparou que várias ideias boas surgem neste momento? Este modo de pensamento ajuda a encontrar conexões de outras áreas de conhecimento que você não utilizava no modo focado. Isso resulta em não estarmos mais trabalhando apenas com uma área específica do cérebro, mas usando várias outras regiões e conhecimentos para criar novas conexões relacionadas ao que temos sobre o problema.

Os dois modos devem trabalhar de forma complementar. Ou seja, durante uma sessão de estudos devemos alternar entre os dois para que ambos nos ajudem a compreender e resolver o problema de forma mais rápida e eficiente. Desta forma, tente apenas descobrir a melhor maneira de alternar entre estes modos para você. Pode ser, por exemplo, ouvir uma música e deixar os pensamentos vagarem ou simplesmente mudar de ambiente e ir fazer outra coisa que não exija muita concentração.

Diz a lenda que grandes mentes utilizaram técnicas semelhantes. Thomas Edison relaxava em sua cadeira deixando a mente livre mas pensando em alguns momentos no que estava focado anteriormente. Após algum tempo, voltava ao que estava focado trazendo novas conexões vindas do modo difuso que o auxiliavam na resolução do problema.

Agora que você já está no meio da resolução do seu problema, alternando entre o modo focado e difuso com maestria, tem que manter o seu foco. Como você bem deve saber, tudo ao nosso redor coopera para desviarmos nossa atenção. Para evitar isso, existe uma técnica chamada Pomodoro que pode te ajudar.

Essa técnica visa aumentar a sua produtividade promovendo a eliminação de distrações (sem celular ou interrupções de colegas) mantendo o foco total na atividade desejada durante um determinado tempo, geralmente 25 minutos, seguido de um período de descanso de 5 a 10 minutos onde você faz o que quiser/precisar. Esse ciclo de foco e descanso é chamado sessão. Esta é uma técnica que tem funcionado bem comigo, veja mais sobre ela aqui.

Algo que também ajuda muito a melhorar o seu foco é a prática da meditação. Explicando de forma bem básica, usando algumas técnicas exercitamos nossa mente a se manter focada em algo por um certo período de tempo, isso faz com que o nosso cérebro exercite foco e atenção, o que te ajudará muito nos estudos. Claro, além dessas melhorias há muitos outros benefícios, tais como: redução de estresse e ansiedade, aumento na criatividade, melhoria de memória, etc. Uma boa técnica para começar chama-se meditação mindfulness. É bem simples de começar e parecida com o que descrevi, veja mais sobre aqui e aqui.

Outra dica importante durante o estudo é estar sempre revisando o conteúdo. Após terminar de ler uma sessão ou um conceito feche o livro e tente recordar o que foi aprendido fazendo testes consigo mesmo. Depois, volte ao livro e faça anotações dos conceitos para revisar novamente. Neste momento, evite utilizar canetas marca-texto ou grifar partes consideradas importantes, isso traz a ilusão de que estamos memorizando e aprendendo. Tenha em mente que fazer anotações trará resultados muito melhores na compreensão do conteúdo.

Terminada a sua sessão de estudos, é importante dar um tempo para que seu cérebro processe e reorganize o que você acabou de aprender. Para isso, nada melhor do que uma boa noite de sono. É quando estamos dormindo que nosso cérebro reorganiza as informações que foram absorvidas durante o dia, renova os neurônios e cria novas conexões neurais para se adaptar ao que foi assimilado. O resultado é que sempre temos um cérebro com um “upgrade” ao acordamos.

Uma última dica, talvez uma das mais importantes, é tentar eliminar o máximo de obstáculos para começar a estudar. Não vou citar a chamada falta de tempo que todos reclamamos sofrer (isso fica como tema para um próximo artigo), mas coisas simples como deixar o livro que você precisa estudar sempre à mão, ou ainda melhor, deixar uma mesa pronta para que você simplesmente sente e estude sem cerimônia e sem dificuldade, contribuindo assim para a criação do hábito (este aliás é um dos melhores amigos do estudo). O objetivo é facilitar o início e, como dito anteriormente, tente simplesmente começar e o resto tenderá a fluir de forma mais fácil.

Bons estudos!

Referências

Links úteis

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Alisson R. Perez
Tech@Grupo ZAP

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