Lançando um produto: do conceito ao faturamento em 48 horas

Eduardo Matos
Tech at Quero
Published in
4 min readAug 1, 2019

Da diminuição do escopo ao refinamento do código, como um produto relâmpago mudou a rotina de um squad na reta final da entrega

Na rotina de um desenvolvedor, situações semelhantes como a mudança total de escopo podem acontecer mais cedo ou mais tarde. Na Quero, dentro de diversos desafios diários para podermos entregar nossos produtos, vivi toda a criação de um produto em menos de dois dias — o que trouxe inúmeros aprendizados para o nosso squad.

Era início da tarde de uma quinta-feira, a uma semana para terminar o semestre e bem próximos de bater a meta semestral da Quero. Surge, então, uma ideia em nosso squad que poderia mudar rapidamente a realidade para que, assim, pudéssemos cumprir o objetivo como empresa: bater a meta.

O desafio era grande: tínhamos menos de 48 horas para colocar um produto na rua, enquanto tínhamos apenas uma ideia em mãos.

A sprint se encaminhava para o fim, quando…

“Pessoal, que tal lançarmos esse produto?”

A sugestão do gestor de produtos em um esforço de bater a meta chegou juntamente com o desafio: “Vocês podem abandonar tudo que estão fazendo agora para focar nisso.”

“Nunca vamos conseguir fazer isso a tempo!”, reagimos naturalmente. Porém, como o desafio já estava colocado, buscamos entender como tornar isso possível.

Reduzindo o escopo

Listamos tudo que poderia atrapalhar a entrega:

criar o design da página;

escrever o CSS;

colocar a página no ar.

Em contrapartida, tínhamos o stakeholder próximo do nosso time — o que foi fundamental para pensarmos em como simplificar esse processo.

Assim, tomamos as seguintes ações:

Copiamos a landing page e todo CSS de um projeto mais antigo. Regras de negócio foram simplificadas. E o escopo foi reduzido.

Saímos com um produto mínimo viável para desenvolver, ainda, com um cenário desafiador. Dividimos as tarefas entre os membros da equipe e começamos a atacar todas as frentes: back-end, front-end e sistema de pagamento.

O stakeholder ficou ao nosso lado quase o tempo inteiro apoiando nas pequenas e grandes decisões. Quando já passavam das 23h, decidimos parar onde estávamos para não comprometer o dia seguinte.

O MVP

Após uma manhã inteira programando, já no início da tarde, tínhamos um protótipo funcional. Apesar de alguns edge cases, o happy path funcionava sem grandes problemas.

A primeira versão do nosso MVP (Minimum Viable Product) estava no ar!

Aproveitamos o tempo restante para refinar a experiência do usuário e automatizar um processo que nos daria um grande trabalho para fazer manualmente se o produto entrasse em produção da forma que estava.

Além disso, conseguimos também preparar uma base de e-mails para o time de marketing captar possíveis clientes e de fato termos tráfego no nosso produto. Fizemos isso pelo produto ser uma nova landing page, ou seja, não teríamos acesso orgânico do Google por mais otimizado que fosse nosso SEO.

Ficamos até tarde na sexta-feira também, e finalizamos colocando o produto no ar e fazendo uma compra real para garantir que tudo estava okay. Para o squad, ficou o sentimento de dever cumprido.

No fim, o aprendizado

Talvez o maior aprendizado que tivemos foi que éramos capazes de lançar um produto em um prazo bem estreito. Algumas práticas foram fundamentais para que isso acontecesse:

Stakeholder próximo ao time;

Comunicação frequente entre os membros da equipe;

Alinhamento de expectativas com o stakeholder;

Redução de escopo.

E, claro, um timebox para entregarmos o produto:

esse lançamento nos ensinou lições que usamos outras vezes no nosso dia a dia, e que nos permitiram agilizar entregas como nunca fomos capazes de fazer antes.

Os efeitos colaterais

Como nem tudo são flores, mesmo com tamanha rapidez para entregá-lo, o código não era o melhor do mundo. Por se tratar de um experimento, era mais importante entregar do que seguir as melhores práticas de desenvolvimento de software. Vindo a ser um sucesso, naturalmente o código seria refatorado.

E a meta? Bateu?

Caso você tenha lido até aqui e ficou curioso pra saber se a empresa bateu a meta, infelizmente tenho que dizer que não. Esse experimento trouxe um resultado abaixo do esperado em termos financeiros e não foi capaz de mover o ponteiro da nossa meta.

Se a ideia tivesse vindo três meses antes e se o resultado tivesse sido o mesmo, provavelmente teríamos levado duas ou três semanas para desenvolver um produto perfeito. Seriam três semanas (em vez de dois dias) de desenvolvimento para talvez descobrirmos que não teríamos o resultado mais esperado.

Por outro lado, acredito em saldo positivo, já que…

não só lançamos um produto em tempo recorde, como também fomos capazes de oferecer de forma permanente mais um benefício a nossos usuários.

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