Os incentivadores

Com o mercado tecnológico em constante evolução, os parques precisam de profissionais capacitados e que acompanhem esse avanço

Henrique Ternus
Parques Tecnológicos
5 min readJun 24, 2019

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Dentre os parceiros dos parques tecnológicos da região, conversamos com Gustavo Piardi, coordenador do Feevale Techpark, e Eliana Gaspary, gestora de projetos no Sebrae do Rio Grande do Sul. Eles são dois entre os tantos personagens responsáveis pelo desenvolvimento dos parques e das empresas tecnológicas da região.

Gustavo Piardi

“Um ecossistema de inovação não tem uma receita de bolo para dar certo.”

Gustavo Piardi dos Santos é coordenador e gestor técnico do Feevale Techpark. É formado em Administração de Empresas e possui MBA em Administração da Tecnologia da Informação. Sua experiência profissional começa como analista de marketing na Unisinos, cargo que exerceu por quase 5 anos, antes de se tornar gestor de projetos no SEBRAE do Rio Grande do Sul.

O coordenador do Feevale Techpark assumiu o cargo projetando a ampliação de parcerias internacionais do parque e atrair novas empresas, desde startups até estabelecimentos maiores que queiram desenvolver seu produto nos espaços do Techpark. Além disso, Piardi pretende estreitar a relação com a comunidade empresarial da região, ainda mais após a inauguração do Hub One em Novo Hamburgo, que conta com um ambiente descontraído e vinculado à Universidade Feevale. Atualmente, a Feevale conta com atividades como Startup Teens, Startup Plus, Mentoria em Sala de Aula e Pré Incubação, que visam incentivar os alunos no empreendedorismo desde o ensino fundamental até a pós-graduação, através de ações da Diretoria de Inovação e do Feevale Techpark.

Gustavo Piardi é coordenador do Techpark desde novembro de 2018 (Divulgação/Universidade Feevale)

Atualmente, o Techpark conta com 70 empresas vinculadas aos ambientes, parque tecnológico e Hub One, e, de acordo com Gustavo, a procura pelo espaço tem sido cada vez maior, tanto por novas empresas quanto por empresas que já estão no mercado e tentam se reinventar. “O cenário de novas empresas de inovação no Vale do Sinos passou por uma fase de fomento ao surgimento desses negócios, e agora está consolidada, pois temos um grande número de startups e de ambientes de inovação”, afirma Piardi. Além disso, ele acredita que o momento é de amadurecer os negócios, o que é possível devido ao acesso cada vez maior dos empreendedores às ferramentas de gestão e validação de novos negócios. Muitas atividades realizadas pelo parque tecnológico são abertas à comunidade, como a pré-incubação, por exemplo. Além disso, o Techpark e a Feevale estão inseridas em eventos de inovação promovidos por parceiros, como SEBRAE e ACI.

Gustavo explica que a principal característica da startup é ser um negócio escalável, ou seja, um negócio que pode ganhar mais clientes sem aumentar a estrutura na mesma proporção. “Existem outros fatores importantes como a validação com os clientes e considerar o erro como aprendizado que são pontos normalmente desconsiderados pelos negócios tradicionais.”, completa o administrador. Para ele, a necessidade de criar novos negócios e atingir novos mercados faz o termo ser tão popular atualmente. Piardi considera essa “tendência” das startups uma realidade, e ainda afirma que teremos cada vez mais este formato de negócios devido às novas necessidades do mercado. “As questões da conexão e da mobilidade cada vez mais dinâmicas apontam para a necessidade de reinvenção dos negócios em períodos cada vez mais curtos”, conclui.

Gustavo também já coordenou programas de imersão de empresas brasileiras no Vale do Silício e participou de grandes eventos globais, como o NRF Big Show — um evento anual de varejo realizado na cidade de Nova York — e o CeBIT — maior exposição comercial do mundo dos serviços de telecomunicações digitais e TI. Apenas para comparação, os cinco setores prioritários do parque tecnológico da Feevale são: TI e Comunicações, Indústria Criativa, Materiais e Nanotecnologia, Saúde e Biotecnologia e Energias Renováveis e Meio Ambiente. Piardi julga ser difícil comparar o Vale do Silício com o Techpark, pois os contextos históricos são muito diferentes. “Um ecossistema de inovação não tem uma receita de bolo para dar certo, mas algumas coisas que são praticadas lá, como diversidade cultural, encarar o erro como aprendizado e disponibilidade de capital de risco são pontos que podemos reforçar aqui também”, finaliza.

Eliana Gaspary

“Existem muitas oportunidades de melhorias nas empresas, de maneira geral, e na vida das pessoas, e por meio das startups é possível ter acesso a novas soluções, de forma ágil e transformadora.”

Formada em administração e com pós-graduação em Gestão de Pessoas na Universidade de Santa Cruz do Sul, além de mestrado em administração na Universidade Federal de Santa Maria, Eliana Gaspary atualmente é gestora de projetos no Sebrae do Rio Grande do Sul. Sua função passa por interagir com as empresas que estejam interessadas no território de atuação da regional, além de auxiliar micro e pequenas empresas na melhoria de suas gestões e na busca pelos resultados previstos pelo empreendimento parceiro.

Eliana considera o cenário para novas empresas inovadoras no Vale dos Sinos promissor, principalmente em função da organização do ecossistema de inovação na região, em função dos dois parques tecnológicos. Além disso, outras instituições como aceleradoras (funcionam como uma incubadora de startups, mas utilizam uma metodologia mais complexa e estruturada), prefeituras, associações e entidades de classe, bem como o próprio Sebrae, buscam auxiliar os empreendedores na criação e desenvolvimento de novos modelos de negócios, o que também contribui de forma significativa para o desenvolvimento dos negócios na região. “O Sebrae tem um ótimo relacionamento com os parques tecnológicos, que são parceiros muito importantes para o desenvolvimento do ecossistema de inovação da região. São realizados inúmeros eventos e agendas em conjunto, com foco no público alvo atendido pelas instituições, como empreendedores, estudantes e potenciais empresários”, afirma Eliana.

Série de vídeos do Sebrae RS que auxiliam os microempreendedores individuais (MEI) com dúvidas relacionadas ao negócio de cada um

A gestora também reforça a relação do Sebrae com prefeituras da região e ACIs (Associações Comerciais e Industriais), que se unem na busca do desenvolvimento da área de políticas públicas e Lei de Inovação Tecnológica (também conhecida como Marco Legal da Ciência, criada com o intuito de estimular as parcerias entre instituições acadêmicas e o setor produtivo brasileiro). Ela cita que, em Novo Hamburgo, existe um comitê de Governança, que visa realizar ações para o desenvolvimento das empresas regionais, envolvendo também o público de startups, além de um eixo desta comissão que é focado na área de inovação.

O Sebrae possui, a nível estadual, uma plataforma online que oferece muitas soluções gratuitas em termos de capacitações, conteúdos relevantes e trilhas para auxiliar potenciais empreendedores na abertura de um negócio. Nas unidades de atendimento também são realizados cursos e orientações sobre a formalização de uma empresa. Especificamente em relação à criação de startups, o Sebrae é parceiro na realização de eventos focados no ecossistema de inovação. Além disso, também existe um projeto estadual, o Startup RS, que acompanha os empreendedores nesse processo inicial de abertura da empresa e no ganho de escala em termos de vendas.

Texto criado em colaboração com Arthur Fortes Pereira.

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Henrique Ternus
Parques Tecnológicos

Jornalista diplomado. Aqui publico trabalhos acadêmicos e profissionais, além das minhas criações e divagações pessoais.