Instalando o CentOS Linux 8
Buenas TechRebels, me chamo Marcelo Veriato Lima.
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Primeiramente vamos as desculpas. Fiquei quase 1 ano sem escrever nada técnico para a comunidade Open Source de maneira pública. Mudanças e projetos acontecendo em paralelo consumiram o meu tempo de uma forma descomunal.
Me motivei a iniciar uma série de artigos baseados em serviços de infraestrutura onde o Linux é a base de tudo. A ideia da série é trazer dicas e tutoriais para instalação de softwares de apoio a infraestrutura até coisas mais avançadas e complexas, tudo baseado em CentOS 8. Você verá que no final das contas é possível criar soluções mirabolantes chegando ao ponto de substituir produtos proprietários caríssimos por soluções de código aberto, tudo em alta disponibilidade e com performance na grande maioria das vezes superior as soluções pagas.
Neste primeiro artigo da série vamos começar pela instalação de um servidor CentOS Linux 8. A ideia deste primeiro material é alcançar usuários que tenham pouca ou nenhuma experiência com Linux. Trataremos apenas dos passos de instalação e no próximo artigo o “post-install”. Resolvi dividir em dois artigos pois muitos já conhecem o processo de instalação.
Se você não viu os outros posts sobre qual distribuição Linux escolher e também sobre o lançamento do CentOS 8, dá uma passada nos links abaixo:
Instalando o CentOS Linux 8 Minimal
Porque vamos basear essa série em CentOS 8?
Primeiro porque é uma distribuição Linux derivada do Red Hat Enterprise Linux (RHEL), ou seja, podemos considerá-la do tipo Enterprise Class. Muitas coisas que iremos aprender aqui são específicas do CentOS/RHEL, portanto pode ser que em outras distribuições sejam diferentes.
Como primeiro artigo da série vamos ver como instalar a distribuição CentOS 8 de forma minimalista para um servidor. Este artigo será a base para todos os próximos materiais.
Pois bem, os administradores mais da antiga não gostam de servidores cheios de fru-fru, tranqueiras desnecessárias, interface gráfica, muito menos ficar empurrando mouse :-D . Podemos então realizar o download da imagem ISO minimal através do site do projeto [1].
No artigo anterior você encontra as informações sobre a diferença do CentOS Linux e do CentOS Stream. Para o nosso caso, vamos com o CentOS Linux.
Escolha um mirror qualquer e realize o download da imagem ISO CentOS-8.2.XXXX-x86_64-minimal.iso onde XXXX é o último build disponível.
Se você for instalar em um servidor físico pode utilizar um pendrive. Para gravar a imagem ISO a partir do Windows você pode utilizar o software Rufus [2]. Se for gravar a partir do Linux pode utilizar o “dd” através do comando abaixo:
# dd if=CentOS-8.2.XXXX-x86_64-minimal.iso of=/dev/sdX
Onde /dev/sdX você deve substituir o X pelo respectivo device do seu pendrive.
Pronto, basta inicializar o seu servidor pelo pendrive para começar o processo de instalação. Caso você esteja instalando em um ambiente virtualizado baseado em VMware, KVM, Proxmox, oVirt, XenServer, XCP-NG ou mesmo no VirtuaBox, basta inicializar a VM utilizando diretamente a ISO.
Após inicializar pela ISO será apresentado um menu com 3 opções. A primeira “Install CentOS Linux 8” dará início ao processo de instalação, a segunda opção “Test this media & install CentOS Linux 8” irá testar a mídia de instalação e em seguida iniciará o processo de instalação e por fim “Troubleshooting” trará outras opções de instalação e também de recuperação do sistema:
Caso escolha a opção Troubleshooting, o menu abaixo será apresentado:
Creio que você tenha escolhido a primeira opção “Install CentOS Linux 8” pressionando a tecla “i” seguido do Enter ou então movimentando as setas do teclado deixando o item do menu na cor branca.
O processo de boot será iniciado, aguarde alguns segundos/minutos até aparecer o tela do instalador. Selecione o idioma para o processo de instalação e clique em “Continue”.
A próxima tela do instalador está dividida com 3 colunas:
Localization
- Keyboard: Definição do mapa do teclado;
- Language Support: Definição do idioma do sistema operacional;
- Time & Date: Definição do timezone, data/hora e NTP.
Software
- Installation Source: Origem dos pacotes de instalação, no nosso caso será a própria imagem ISO;
- Software Selection: Definição do tipo de instalação, mais minimalista, mais completa ou para fins específicos;
System
- Installation Destination: Definições da tabela de partições, LVM, RAID, etc;
- KDUMP: Mecanismo para realização de dump de memória em arquivo em caso de crash do Kernel. Através desse arquivo é possível realizar uma análise mais profunda e avançada de um crash dump;
- Network & Host Name: Configuração das interfaces de rede e hostname do servidor;
- Security Policy: Políticas de segurança pré-configuradas para o sistema operacional. Maiores informações você pode consultar documento sobre Security hardening[3].
Começamos então layout do Keyboard (teclado), você pode alterar o layout padrão ou então adicionar quantos layouts quiser. Deixaremos como “English (US)” mesmo.
Em seguida você pode alterar a linguagem do sistema operacional. O padrão é “English (United States)” mas você pode alterar para português se preferir. Na nossa instalação não iremos alterar, manteremos em inglês.
Finalizando a etapa de LOCATION, vamos configurar o Timezone do nosso sistema operacional para “America/São_Paulo”. Nesta tela você pode ajustar a data e hora manualmente. Não iremos configurar o NTP neste passo pois iremos fazer isso depois do CentOS instalado. Por fim clique em Done.
Avançando para os itens de SOFTWARE, não iremos alterar o local da instalação pois a imagem ISO que estamos utilizando possui todos os softwares necessários para a nossa instalação base.
Vamos então para a tela de seleção de software ou “Software Selection”. Selecione “Minimal Install” e em seguida “Standard”, conforme clicando em Done.
Vamos agora para uma parte que para muitos novatos em Linux acaba sendo confusa, o particionamento do disco.
Primeiro vamos a alguns conceitos básicos, discos SATA ou SAS utilizam o módulo SCSI, portanto o device correspondente será /dev/sdX onde X é a letra correspondente ao disco. No nosso caso como possuímos somente um disco, o mesmo será “sda”. Se você tivesse outro disco ou dispositivo SCSI, seria “sdb” e assim por diante.
As partições são identificadas através de um número logo após o dispositivo, exemplo, sda1, sda2, sda3, etc.
Para iniciar o particionamento do nosso disco, o mesmo deverá estar selecionado, em seguida marca a opção “Custom”. Avance clicando em Done.
Você será enviado para a tela de particionamento. Você poderá criar partições do tipo “standard”, LVM ou RAID (via software). Se você não sabe o que é LVM (Logical Volume Manager), recomendo a leitura da referência no Wikipedia sobre LVM [4].
Em servidores é recomendado que se trabalhe com LVM pois assim é possível expandir a área montada caso seja necessário. Uma observação é que na partição de boot não é possível utilizar LVM, somente o tipo standard.
O Instalador do CentOS 8 traz um esquema automático de particionamento baseado no scheme escolhido, vamos utilizá-lo com o scheme LVM. Para isso garanta que o drop down esteja como LVM e em seguida clique em “Click here to create then automatically”.
Como o nosso disco é pequeno (20GiB), o particionador automático criou apenas 2 partições.
A primeira como sda1 para o mount point /boot no formato standard, com 1024 MiB (1 GiB) e o sistema de arquivos ext4. Este tamanho está bom para os arquivos de inicialização do sistema operacional. Particularmente eu já tive problemas em utilizar o sistema de arquivos xfs na partição do /boot onde depois de um apagão elétrico, o xfs voltou corrompido. Vamos portanto manter em ext4.
A segunda partição criada pelo particionador foi alocada para o LVM. O LVM é composto resumidamente por PV (Physical Volume), VG (Volume Group) e LV (Logical Volume). O particionador automático já criou todo esse esquema para nós.
A área de swap pode variar conforme a sua necessidade, eu particularmente não utilizo grandes áreas de swap, deixo em 1 GiB dentro do LVM, caso precise aumentar é possível ou então aloco mais memória RAM para evitar que a área de swap seja consumida.
Selecione o swap, altere o tamanho para 1GiB e clique em “Update Settings”.
Você notará que existe um espaço disponível, agora aumente a área do diretório raiz / adicionando o restante que foi liberado. Coloque um número maior que o existente que o instalador mesmo irá ajustar com o máximo disponível.
O diretório raiz ou / vamos deixar com o sistema de arquivos xfs, de novo, fica a seu critério escolher o sistema de arquivos. Não vamos entrar na discussão de qual é melhor, se ext4 ou xfs, você pode consultar o link “How to Choose Your Red Hat Enterprise Linux File System [5]” e decidir por si só. Eu preferencialmente opto pelo xfs.
Se o seu disco for de tamanho maior, o particionador automático criará um LV para o /home. No caso do nosso servidor base, você pode excluí-lo e alocar o espaço para o diretório raiz /. Se você tem a necessidade de criação de novas partições específicas, fique à vontade. Como diria o poeta, cada caso é um caso.
Com isso clicamos em Done e concluímos o processo de particionamento. Confirme as alterações aceitando as mudanças.
Você ainda pode configurar a rede e o hostname do servidor através do instalador, porém não iremos fazer isso agora. Prossiga clicando em “Begin Installation”.
O próximo passo é configurar a senha de root, clique em “Root Password” e insira a senha. Procure utilizar uma senha forte com letras maiúsculas, minúsculas, números e pelo menos um caractere especial. Em seguida clique em Done. Se você colocou uma senha fraca você pode confirmar clicando no Done novamente.
Pronto, aguardamos a finalização da instalação e reiniciamos nosso servidor clicando em “Reboot”. Não esqueça de remover a imagem ISO da inicialização.
Finalizamos o processo de instalação do CentOS 8 de forma simples e limpa para o nosso servidor. No próximo artigo vamos ver o processo de “post-install” com os passos para deixá-lo operante para instalação dos serviços que iremos estudar mais adiante.
Conclusão
Bom, este artigo ficou grande devido a quantidade de imagens e detalhes sobre o processo de instalação. Como comentei no início, a ideia é alcançar pessoas que tem pouca ou nenhuma experiência com Linux.
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Espero que tenham gostado, deixem seus comentários, sugestões, críticas ou correções. Até o próximo artigo.
Referências
[1] https://www.centos.org/download/
[4] https://en.wikipedia.org/wiki/Logical_Volume_Manager_(Linux)
[5] https://access.redhat.com/articles/3129891
Sobre o Autor
Marcelo Veriato Lima é CEO da Lotic Arquitetura de Soluções.
Especialista em arquitetura de infraestrutura para Datacenter e Cloud, trabalha com TI a pelo menos 20 anos, participa ativamente da comunidade Open-Source.