Até logo, IT&E

Há 4 anos participei da fundação do Instituto Tecnologia & Equidade com dois grandes amigos, Ariel Kogan e Márcio Vasconcellos. Não me esqueço a quantidade de vezes que nos perguntamos: Faz sentido criar uma nova organização ?

Queríamos focar no desenvolvimento de projetos a longo prazo com impacto, mas a pergunta era: como ? Márcio nos fez uma proposta de atuação com base em metodologias para mapear problemas complexos presentes em nossa sociedade e conseguir criar propostas sistêmicas para os diversos atores chaves. A resposta então foi: sim, devemos abrir um novo instituto, faz sentido.

Assim, começamos em 2017: Como a desinformação está sendo acelerada pelo uso de tecnologias e como isso impacta nossas eleições ? Como atuar de maneira sistêmica para construir um ambiente mais saudável para democracia no cenário digital ?

Com essa definição, estudamos, compartilhamos, conversamos com muitos atores do sistema eleitoral brasileiro e produzimos uma pesquisa que me orgulho muito de ter participado, liderada pela Ellen Aquino e Márcio Vasconcelos e com colaborações de Carlos Junior. Fruto dessa pesquisa, tivemos um segundo material que foi um white-paper. Propostas concretas e sistêmicas para que os principais atores atuassem em frentes distintas dentro de um mesmo propósito: desestimular a propagação de conteúdo ilegítimo durante as eleições, além de estimular a propagação de conteúdo legítimo.

O Ariel Kogan liderou uma missão impossível, só quem acompanhou sabe do esforço tremendo que ele teve, que foi produzir um documentário: “A Verdade da mentira”, durante as eleições de 2018 com especialistas chaves com objetivo de iluminar todos os aspectos importantes da pesquisa e a realidade de uma eleição sobre o assunto com entrevistas realizadas pela jornalista Petria Chaves. O resultado foi incrível e você pode assistir no History Channel.

Uma das lições mais importantes que tirei nessa experiência foi saber que para atuar em problemas complexos precisamos nos estruturar em rede, buscar visões conflitantes, incentivar e co-construir ações com parceiros comprometidos e buscar o diálogo multissetorial.

Neste período, assumi o cargo de coordenador digital de combate a desinformação no Tribunal Superior Eleitoral nas eleições de 2020 e pude colocar em prática várias dessas estratégias que construímos ao longo desses anos, e tenho certeza que teve um impacto muito importante para uma eleição que não foi marcada por desinformação como era temido e foi vivenciado em outras democracias ao redor do mundo.

Atuar e trabalhar com um tema tão relevante como esse, ter o privilégio de estudar e compreender as diversas dimensões, sejam na tecnologia, na comunicação, no direito, na política e como cultura foi uma experiência incrível, e que só tenho a agradecer pela oportunidade de ter participado dessa construção.

Estou saindo da co-direção do Instituto Tecnologia & Equidade para seguir novos caminhos, mas com a certeza de que irei pautar minha atuação pelo uso ético da tecnologia e fortalecimento de uma sociedade mais justa e democrática.

Até mais!

-Thiago Rondon