A supressão de conteúdo LGBTQ+ através de algoritmos

Arilin Oliveira
TED/UNEB
Published in
3 min readApr 19, 2021

Geralmente, pessoas criam contas em redes sociais com o intuito de compartilhar seu trabalho, vida pessoal, hobbies, ideias, opiniões ou algo do tipo. Entretanto, nem todos têm a mesma oportunidade quando se trata de serem vistos por quem também usa estas plataformas. É o caso de boa parte da comunidade LGBTQ+.

Em 8 de setembro de 2020, o Instituto Australiano de Política Estratégica (ASPI) publicou uma pesquisa que revelou a censura do TikTok em relação a postagens e hashtags com essa temática, em pelo menos oito idiomas. Por causa desta restrição, vídeos com esse tipo de conteúdo ou que utilizam as palavras-chave relacionadas não aparecem no feed dos usuários ou quando são pesquisados, apesar de ainda poderem ser acessados se clicados diretamente pelas tags.

Segundo o estudo, dentre as hashtags censuradas, estavam incluídas frases como “eu sou gay” e “eu sou lésbica” em russo, a palavra “gay” em russo, árabe, bósnio e estoniano, e “transgênero” em árabe. Ao responder à instituição que realizou a pesquisa, a rede social chinesa admitiu restringir o alcance destes conteúdos por causa de “leis locais” e “equívocos de moderação”.

Mesmo sendo a rede social em evidência naquele momento, o TikTok não foi a primeira plataforma a ser acusada de discriminar o conteúdo Queer.

Em agosto de 2019, um grupo de YouTubers entrou com uma ação judicial alegando que o algoritmo da plataforma discrimina conteúdos LGBTQ+ ao restringir as recomendações, dificultando a monetização dos vídeos. Além disso, também alegava que a moderação das ferramentas de machine learning atingem injustamente os canais que incluem palavras como “gay”, “bissexual” ou “transgênero” no título.

Na época, a Google negou as acusações, afirmando que os algoritmos da plataforma são protegidos pela Seção 230 do Ato de Decência das Comunicações, estatuto que protege plataformas tecnológicas de serem processadas por conteúdos postados pelos usuários, além de constatar que provedores não podem ser processados por criarem políticas e remoção de conteúdo que é “obsceno, lascivo, imundo, excessivamente violento, assediador ou de outra forma censurável, quer tal material seja ou não protegido constitucionalmente”, contanto que a remoção seja feita “com boa fé”.

Além das plataformas citadas acima, o Instagram também foi criticado por sua discriminação. Dentre os diversos argumentos utilizados nas acusações, está o fato de que os algoritmos da plataforma classificaram imagens de pessoas de gênero diverso como anúncios para trabalho sexual. Ademais, existem os trolls anti-LGBTQ+ que manipulam algoritmos para atingir influenciadores da comunidade, chegando ao ponto de desativarem suas contas, tornando impossível que as recuperem novamente.

Enquanto isso, há relatos de que conteúdos com tema lgbtfóbico não são punidos por violar as diretrizes da comunidade, mesmo quando são denunciados.

“Se podemos criar um algoritmo que pode detectar o mamilo que uma mulher num post do Instagram e bani-lo, então claramente podemos criar um algoritmo que detectaria homofobia, transfobia e racismo (num post) e bani-lo.”

— Tina Dixson, co-fundadora do Forcibly Displaced People Network (Rede de Pessoas Deslocadas à Força), primeira organização comunitária australiana liderada por pessoas LGBTQ+ refugiadas.

Fonte:

TikTok admite diminuir alcance de posts com hashtags LGBT na rede social | Redes sociais | TechTudo

TikTok caught out suppressing LGBTI+ and political hashtags — Hack — triple j (abc.net.au)

LGBTQ+ Creators’ Lawsuit Against YouTube’s Alleged Algorithm Discrimination Sits With Judge — [Talking Influence]

Instagram’s anti-LGBTQ trolls use algorithms & zap gay influencers (losangelesblade.com)

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