Algoritmos de machine learning como ferramentas de controle social

Fernando Aragão
TED/UNEB
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2 min readDec 23, 2020
Muniz Sodré. Fonte: Bahia Notícias.

Em entrevista à Digilabour, Muniz Sodré, autor da obra “A Lógica Algorítmica da Sociedade Incivil”, fala sobre o que chama de “sociedade incivil”, como os algoritmos operam a partir disso e como retomar ao “comum”.

Sodré chama de “sociedade incivil” uma nova estrutura tecnossocial que articula informacionalmente máquina pública e máquinas organizacionais do capital para reorganizar o mundo pela tecnociência e pelo mercado em prol de formas tecnológicas e abstratas de controle social a partir do capitalismo financeiro, da cultura algorítmica e do biopoder.

Ao ser questionado sobre as lógicas algorítmicas da sociedade, o autor fala que no âmbito expansivo da midiatização, a comunicação eletrônica converte tecnologias da informação em dispositivos de machine learning que introduzem um novo paradigma de oligopólio econômico, cultural e maquinal das variáveis que compõem a existência do sujeito no seu cotidiano, implicando um “sequestro” da fala comum por algoritmos e a consequente substituição do campo semântico consensual por uma linguagem técnica irrespondível, além da redução do pensamento ponderado a zero. Tudo isso causa exaustão do sentido, portanto a palavra não significa nada ou pode significar o contrário, dependendo do modo de circulação ou do sistema ao qual pertence.

Sobre o papel dos algoritmos na comunicação contemporânea, Sodré diz que tudo gira ao redor da tecnologia da informação, destacando a inteligência artificial e a interface homem-máquina. A partir daí, estabelece uma crítica aos termos “algoritmo” e “conectividade”, afirmando que ambos são bandeiras de uma nova utopia, sob a qual se estabeleceria “um mundo inteligente, conectado e seguro”. Ele entende que não se trata apenas de progresso técnico, mas de tecnologia no sentido amplo, podendo transformar indústrias, modelos de negócios e subjetividades, ou seja, o fluxo de dados em tempo real oportuniza o estabelecimento de uma ordem social de conexões perfeitas entre entidades humanas ou não.

Assim, visando um regate do “comum” em meio a essas lógicas algorítmicas, o autor busca pela rearticulação de práticas que na atual sociedade ocidental que fizeram do “comum” um termo ao mesmo tempo valorizado e maldito, defendendo que “comum passou a ser o nome de um regime de práticas, de lutas, de instituições e de investigações que apontam para um futuro não capitalista”.

Entrevista completa disponível pelo link:

https://digilabour.com.br/2019/11/14/a-logica-algoritmica-da-sociedade-incivil-entrevista-com-muniz-sodre/

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