Cidades inteligentes brasileiras?

Thaís Lago
TED/UNEB
Published in
2 min readJun 10, 2021

Juazeiro do Norte, no Ceará seria a primeira cidade brasileira inteligente? Logo que Michel Araújo assumiu a Secretaria de Desenvolvimento e Inovação de de Juazeiro do Norte (CE), passou a analisar como o uso de dados e inteligência artificial poderia servir à cidade e pensou em implementar um projeto de cidade inteligente.

Mas omo funcionam as cidades inteligentes? Para entender por meio duma analogia: empresas como Facebook, Instagram, Netflix e diversas outras coletam dados de seus usuários e fazem previsões do que poderia ser interessante de entregar a eles. Com as cidades inteligentes, os dados coletados por meio do uso serviriam para o desenvolvimento de políticas públicas necessárias para a população. Isso porque ao longo do tempo as cidades se desenvolveram de maneira dissociada, serviços públicos que dificilmente conversavam uns com os outros.

“Cidade inteligente é a que melhora a qualidade de vida dos que habitam nela. Tecnologia é um meio, não um fim. Se melhorar o acesso à educação, à saúde, é uma cidade inteligente”, diz Araújo. “Os dados agilizam e possibilitam uma gestão que não existia.” É importante que dentro de projetos assim, as pessoas estejam no centro do projeto e seja voltado ao bem estar geral.

Em Juazeiro, o projeto começou a ser pensado voltado para a iluminação pública, começaram por planejar trocar as lâmpadas dos postes por lâmpadas LED, e implementar câmeras de vídeo monitoramento com inteligência artificial disparam alertas automáticos em caso de um acidente de trânsito ou alguma movimentação suspeita. Cem desses postes, também funcionariam como ponto de wifi público, em locais de maior movimentação.

No entanto, a proposta de Parceria Público Privada foi enviada para o Tribunal de Contas do Estado do Ceará em meados de 2019 e apenas liberada no final de 2020 quando Michel Araújo, finalizava seu mandato. Até agora, a ideia só funciona na praça do Giradouro, que serviu como modelo. Com a instalação de wifi público, é possível saber quem frequenta a praça, a que horas e por qual motivo. Se for muito frequentada por idosos em um determinado horário, por exemplo, a prefeitura pode disponibilizar um geriatra. A inteligência está na conversão de informações em serviços que atendam a demanda da população.

A proposta duma cidade inteligente é interessante, mas vai muito além de um ou dois mandatos, principalmente dentro de realidades brasileiras. É preciso esforço, colaboração e pensamento unificado nesse aspecto para que um projeto assim possa ser desenvolvido. Até então o projeto permanece apenas no papel e não foi executado. A inteligência artificial e o uso de dados podem ser aliados em muitos sentidos às pessoas, mas não trabalham por si só.

--

--