Colonialismo de Dados e a tecnologia 5G no Brasil

Matheus Bezerra
TED/UNEB
Published in
3 min readJun 14, 2021

A internet 5G é a mais nova revolução tecnológica da Internet das Coisas. Graças a ela, é prometido uma série de melhorias de conectividade mundial como taxas de transmissão mais altas e 1000 vezes mais rápida que a 4G, confiabilidade de rede, latência e outros. Entretanto, a corrida entre os dois maiores polos tecnológicos do mundo , EUA e China, para fornecer esse serviço para o resto do mundo, esconde uma intenção ainda maior do que apenas fornecer uma internet melhor, mas qual seria e qual o papel do Brasil nisso tudo?

Antes de falar um pouco mais sobre a tecnologia 5G, vamos da uma recapitulada em suas predecessoras. No final dos anos 70, a tecnologia1G foi lançada e nos permitia nos comunicarmos via transmissão de rádio; a 2G nos permitiu manda SMS e a 3G nos possibilitou até mesmo a ver vídeos no celular; Então chegou a 4G, que é a que nós consumimos hoje, com taxas de transmissão maiores, que nos permite receber e enviar conteúdos mais pesados, assistir vídeos com maior qualidade e uma maior confiabilidade no funcionamento dela do que nas tecnologias anteriores. Outro ponto importante é que para desfrutarmos dessa tecnologia, é preciso ter um aparelho que tenha as funções necessárias de compatibilidade para acessar a internet 4G e os maiores fornecedores dessas tecnologias são EUA e China. E existe um problema nisso tudo.

Embora a ideia de uma internet cada vez mais rápida e segura seja incrível, ela esconde um interesse muito maior por parte dos fornecedores. A quantidade de dados que produzimos hoje através das plataformas digitais, inteligências artificiais é absurda. Nesses dados contém tudo o que sabemos sobre nós mesmos e o que não sabemos também. O que pensamos, o que comemos, onde passamos, nossos medos, angustias, senhas, CPF; são dados que produzimos e que estão sendo massivamente coletados pelas plataformas para usarem como bem entenderem. E o fato, por exemplo de que a concentração econômica do mercado das plataformas digitais estarem nos EUA com o Facebook, Amazon e Google não são coincidência.

A coleta abusiva de dados muitas vezes, uma coleta sem permissão, gera um tipo de conhecimento e informação que coloca certos agentes em posições privilegiadas em operações e relações financeiras, trabalhistas, de segurança e vigilância, nos negócios, nos interesses nacionais e militares. São práticas predatórias de coleta de dados análogas ao colonialismo histórico, mas agora não mais no polo de poder colonial europeu, mas dos EUA e da China.

Mas e o 5G? O 5G promete uma estrutura de serviço onde a internet ficará 1000 vezes mais rápida que a da 4G, com uma taxa de transmissão onde a quantidade de dados transmitidos será ainda maior e o fato de que no Brasil não existir uma estrutura viável para uma fiscalização dessa tecnologia é preocupante. Pesquisas de contra inteligência e segurança devem ser incentivadas, não só para que o Brasil consiga se blindar de “defeitos de fábrica” propositais e possíveis backdoors na tecnologia, como também para almejar uma soberania tecnológica como país. Entretanto, as politicas de austeridade aplicadas as universidades publicas, que desempenhariam um papel importante nessa empreitada, dificulta ainda mais esse processo emancipatório.

Assim, o Brasil permanece em sua condição de colônia 2.0, sem grandes expectativas de emancipação.

font: https://www.politize.com.br/5g-o-que-e/?https://www.politize.com.br/&gclid=CjwKCAjwqvyFBhB7EiwAER786WfP4ZzgwNmtSR-8cpx_79r9u4K7i1N5ISYBcJadO9URE4Pjul3g1BoCM4kQAvD_BwE

Artigo: https://www.researchgate.net/publication/346968477_Anotacoes_sobre_infraestrutura_de_Internet_5G_dataficacao_e_colonialismo_de_dados

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