Do luxo virtual ao lixo eletrônico vistos pela perspectiva de “Ideias para adiar o fim do mundo”

Grupo Design e tecnologias UNEB
TED/UNEB
Published in
3 min readOct 18, 2021

“Como justificar que somos uma humanidade se mais de 70% estão totalmente alienados do mínimo exercício de ser?”(KRENAK, 2020)

Dentre os muitos assuntos abordados, Krenak narra histórias da terra, fala sobre tudo ser natureza, sobre políticas, a cultura da colonização e as imposições e manipulações do sistema vigente para tornar os humanos cada vez mais dependentes do mesmo, enquanto destrói tudo o que poderia sustentá-los fora desse sistema ou fuja as ideias de padronização do modus vivendi. Provoca que “se sobrevivermos, vamos brigar pelo pedaço de planta que ainda não comemos” e então nos indaga ao, “por que essas narrativas não nos entusiasmam? Por que elas vão sendo esquecidas e apagadas em favor de uma narrativa globalizante, superficial, que quer contar a mesma história para a gente?”

A proteção de dados é um termo que vem sendo muito abordado atualmente, visto que, o capitalismo consumista possui táticas de vigilância que evolui tecnologicamente assim como o resto do mundo. Entretanto, os direitos de privacidade dos consumidores, que deveriam ser devidamente cuidado e estar presente de forma ética nas políticas de privacidade, não acompanham essa evolução na mesma velocidade, dando brecha para que os sistemas apresentem em suas políticas as informações sobre a coleta de dados, realizada ao utilizar seus serviços, de forma resumida e em sentido benéfico ao consumidor. Quando na realidade há diversas ramificações que fogem à ética e beneficia os grandes nomes quando se fala em coleta de dados, como o Google, a Amazon, o Facebook, a Apple e a Microsoft.

Um dos objetivos por trás dessa vigilância capitalista através da coleta de dados pessoais, informacionais, comportamentais… É a perfilização dos usuários, que é uma forma de registro super detalhado que busca conter o máximo de informações individuais e coletivas, para uma manipulação mais direcionada dos consumidores, delimitando sua liberdade de escolha através do que lhes é mostrado, para obter maior probabilidade de sucesso com a indução de compra de produtos / serviços, fortalecendo a cultura consumista, uma das grandes causadoras de problemas ambientais seja qual for a área de atuação.

Atrelada a corrida evolucionista dentro do viés desse sistema capitalista, empresas de produtos tecnológicos lançam novos produtos a todo o tempo, induzindo o pensamento de que determinado produto é ultrapassado e é preciso obter um novo para que seja evoluído e obtenha os valores agregados a tal produto, toneladas de lixo eletrônico são descartados de forma irregular e suas substâncias químicas liberadas no meio ambiente, provocam a contaminação do solo, da água e quando em contato com humanos ou outros animais, por serem bioacumulativas, podem causar câncer, dentre outras doenças graves.

Assim como todos estamos em constante evolução, os avanços tecnológicos continuarão, mas é preciso atenção aos projetos para evitar que erros que há muito foram cometidos, e continuam gerando problemas ambientais, continuem a ocorrer, citando Krenak novamente “Adiar o fim do mundo é necessário porque, como sabemos, um outro fim do mundo é possível…”.

Escrito por Caroline Pires

Saiba mais em:

Krenak, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo/Ailton Krenak — 2ª ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

<https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2018/06/29/cabeca-nas-nuvens-onde-estao-os-principais-servidores-de-internet-no-mundo.htm>

<https://www.indexlaw.org/index.php/revistadgrc/article/view/7771>

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