Fake news e a economia global

Tarcísio Alves
TED/UNEB
Published in
2 min readJun 20, 2021

Na última década, a quantidade de “fake news” — representações falsas e imprecisas dos acontecimentos — e apresentação enganosa de dados evoluiu para níveis preocupantes. Há evidências sobre a difusão e impacto de divulgações com informações falsas sobre grandes eventos políticos nos últimos anos: as eleições americanas e o Brexit, são alguns exemplos paradigmáticos.

A propagação de “fake news” tem sido promovida pela importância que as redes sociais auferem no quotidiano da sociedade digital, está interligado com a nossa rede de contactos, bem como os nossos interesses sociais, políticos e pessoais fazem parte da nossa rotina. Por esta razão, muitos jornais recebem mais visitantes provenientes das suas páginas nas redes sociais do que por via do website da sua empresa.

Em segundo lugar, outro fator que tem contribuído para a divulgação de notícias falsas é a falta de confiança da população em tudo o que possa assemelhar-se a uma instituição, incluindo os meios de comunicação tradicionais. Decorrente dessa falta de confiança, a população começou a depositar excessiva confiança no que lê nas redes sociais — se o seu amigo partilha, ele é mais confiável do que o jornal detido por um qualquer multimilionário — mesmo que o artigo partilhado seja de uma página vincadamente política ou de fundo satírico.

A questão agora é: existe uma solução? Como posso identificar “fake news”? A resposta é não, não há uma solução fácil. Como mencionado, várias notícias falsas são baseadas em dados, geralmente corretos, que são mal interpretados e ou colocados noutro contexto, o que leva a uma interpretação completamente diferente da realidade. A economia é uma ciência social, o que significa que, ao contrário da matemática, um mais um nem sempre retorna dois. Por esta razão, é sempre uma boa prática duvidar de quem propõe soluções fáceis e prontas (“taxas de impostos mais baixas aumentarão os consumos e consequentemente os rendimentos do Estado!”) e verificar que tipo de interesses movem a pessoa que fala ou partilha tal informação.

Em conclusão, hoje, mais do que nunca, conhecimento é poder e o acesso ao conhecimento nem sempre é fácil e confiável como foi nos anos passados. Duvidar de tudo o que lemos nas redes sociais é uma boa prática — nem sempre a certa (a terra é plana?) — e verificar a informação por si só pode ajudar-nos a compreender melhor uma realidade veloz e complexa.

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