Google e os “novos Cookies”

Caio Braga
TED/UNEB
Published in
3 min readApr 27, 2021

Os cookies são pequenos arquivos de texto que contém uma etiqueta de identificação exclusiva, colocada no seu computador por um site. Neste arquivo, várias informações podem ser armazenadas, como páginas visitadas e os dados fornecidos voluntariamente ao site.

Atualmente os cookies se tornaram uma grande ameaça a privacidade dos usuários, pois existe uma tendência crescente de uso malicioso, onde os cookies podem ser usados para acompanhar sua atividade online e assim criar um perfil de seus interesses para uso no marketing digital. O maior risco não está somente no uso para vendas, mas sim em que estes dados sejam vendidos a terceiros. Esses terceiros podem ser anunciantes, outros usuários ou até mesmo o governo.

Além do problema com a privacidade, existe também uma questão de transparência, é preciso que a pessoa que autoriza o uso de cookies tenha noção de como, porque, para que seus dados estão sendo utilizados.

Pensando nisso (ou não), a Google anunciou que irá acabar com os cookies de terceiros no Chrome até 2022 e começou a testar uma ferramenta alternativa chamada FLoC (Federated Learning of Cohorts). O FLoC é executado localmente para analisar o padrão de navegação do usuário, o histórico não é enviado para o google, mas o sistema agrupa pessoas de interesses semelhantes por meio de um algoritmo. Cada grupo é muito bem classificado para que anúncios adequados com os interesses dos usuários possam ser exibidos a eles.

Os testes já estão em execução nos países como Austrália, Brasil, Canadá, Estados Unidos e Japão. Países europeus ficarão de fora dos testes por conta das preocupações com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR). Essa tecnologia experimental tem gerado polêmicas, pois as empresas que utilizam os cookies atualmente ficariam prejudicadas.

Um grupo formado por empresas como PubMatic, OpenX and Zeta Global anunciou uma alternativa chamada SWAN. No site coberto pela ferramenta, o usuário recebe uma notificação se aceita ou não receber anúncios personalizados pelas empresas que fazem parte da rede. A autorização uma vez feita servirá para todos os acessos seguintes em qualquer site que use o SWAN.

Além disso muitos estão questionando se o problema de privacidade realmente será resolvido. Estas são algumas críticas de outras empresas: A Electronic Frontier Foundation (EFF), por exemplo, teme que, no fim das contas, o FLoC facilite a identificação do usuário por conta dos vários perfis que podem ser criados para ele. Um artigo publicado por Brendan Eich, o CEO e cofundador do navegador Brave e também assinado pelo pesquisador sênior de privacidade Peter Snyder informam que o FLoC permite que o navegador compartilhe por padrão seu comportamento de navegação e interesses com todo site com que você interage. O artigo ainda afirma que o ponto principal em privacidade “não é o rastreamento entre sites” e sim “não conte coisas minhas para outros sem minha permissão”, não é o que acontece ao usar o FLoC, pois ele agrupa os dados dos usuários, dados estes que são únicos e também pessoais e importantes para aquela pessoa.

Microsoft Edge, Brave, Opera e Firefox não pretendem adotar a ferramenta no momento. A Google é a empresa líder no mercado de anúncios, sua ferramenta tem mais chances de sucesso por conta disso. Mas ainda assim podemos aguardar mais embates entre os principais atores do setor nos próximos meses e anos, lutando por uma internet mais livre e segura.

Mais informações em:

https://canaltech.com.br/navegadores/microsoft-mozilla-e-opera-tambem-se-opoem-ao-floc-os-novos-cookies-do-google-183023/

https://www.tecmundo.com.br/seguranca/215487-brave-detona-novo-controle-cookies-google-chrome.htm

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