Rádios quebradas e gostos musicais padronizados: Quais as consequências dos streamings na sociedade?

Pinhodesigner
TED/UNEB
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3 min readDec 13, 2021

As plataformas de streaming musicais estão em alta no mercado, representando cerca de 62,1% da receita global de toda a indústria musical, empresas como: Spotify, Deezer, Youtube, Apple Music, Amazon Music Unlimited, Tidal e SoundCloud, são as principais desse mercado.

Basicamente elas conectam músicas de artistas aos usuários finais, além de também terem em algumas a opção do podcast, que é um material em formato de áudio, muito semelhante a um rádio com a diferença de que o usuário terá o controle de escutar quando desejar, além de ter a opção de pausar e continuar a escutar depois, fora responsável por revolucionar o mercado musical no mundo, eliminando a necessidade de salvar músicas no pen drive e/ou a utilização CD, o CD que antes da implantação desse tipo de serviço, eram os destaques do setor, utilizados suas vendas para medir o quão de sucesso um determinado artista estava no momento.

Depois de explicar e citar toda a revolução desse tipo de plataforma, vamos a reflexão acerca de uma delas a Spotify, se por um lado você tem toda essa facilidade em escutar músicas ou podcasts com apenas uma busca e um clique, além de democratizar a postagem das músicas de artistas com menor expressão na indústria fonográfica (Sim, apesar de ter a versão paga e de priorizar artistas mais “escutados” para divulgação, ainda mesmo que com comerciais durante a escuta, o serviço é gratuito para os usuários finais), diferente por exemplo das rádios locais, que cobram investimentos para expor os lançamentos “o famoso Jabá”, algo que historicamente o artista que tem contrato com grandes gravadoras possuem vantagens em relação aos demais, pois tem suas músicas tocadas com maior frequência.

Como a empresa tem alto valor de mercado, e é alimentada especialmente pelo mercado especulativo, os seus investidores, acrescentam ou retiram investimentos de acordo com o que acham se a empresa terá sucesso com seu modelo de negócios. E esse “Grátis” para o usuário final de certa forma é repassado para os artistas e gravadoras, Taylor Swift por exemplo retirou todas as suas músicas da plataforma porque não recebia o suficiente. Segundo o Spotify, durante o tempo em que Taylor estava no catálogo, ganhou 6 milhões de dólares por mês em royalties. Um valor que parece ser considerável, mas Taylor alega que as outras mídias, como o iTunes e a venda de CDs lhe rendem 14 milhões de dólares por semana, por isso decidiu retirar-se do serviço.

Mas qual o impacto dessas plataformas além dos benefícios? Por outro lado temos outra realidade, as de empresas milionárias que reduziram significativamente a margem de lucro da indústria fonográfica local, desde gravadoras, até mesmo rádios locais que geravam e geram empregos. Antes éramos manipulados, no que se diz a respeito do que ouvir através do jabá, hoje somos manipulados por algorítmo, que por mais que o usuário tenha autonomia para selecionar a música tocada, o algorítimo “sugere” incessantemente novas descobertas para aqueles grupos, que o sistema já mapeou em outros usuários parecidos e acredita que o mesmo poderá gostar de um determinado hit, criando o risco de termos uma sociedade com gostos musicais bem parecidos, muito além de escutar uma música, o usuário fornece todas as informações de gostos musicais, o que escuta, qual dia escuta, qual ritmo gosta, qual ritmo não, para empresas mundiais capazes de manipular através de algoritmo e impor tendências em toda o setor fonográfico mundial.

Ou seja, o serviço Spotify é ótimo para o streaming, bom para pequenos artistas divulgarem seus lançamentos, excelente para os usuários não pagarem taxas, ruim para grandes artistas e gravadoras com a redução significativa do valor de suas produções e péssimo para a economia local, tais como as rádios que geram empregos para a população e pagam impostos, totalmente inverso das plataformas digitais que possuem margem de lucros exorbitantes sem gerar emprego local e sem pagamento de impostos.

Para mais informações sobre o assunto:

Conheça os tipos de plataforma para ouvir música e escolha sua preferida — Play BPM

O futuro da Música: desafios e contradições nos serviços de streaming — TudoCelular.com

O imposto sobre serviços de streaming como Netflix e Spotify é inconstitucional? — Tecnoblog

Escrito por: Emerson Pinho

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