Relacionamento entre humanos-chatbots, uma nova ajuda para a solidão?

Thaís Lago
TED/UNEB
Published in
2 min readApr 21, 2021

Não é de hoje que as relações humanas mudam muito rapidamente, e a pandemia da covid-19 com certeza foi um fator importante para alteração das relações sociais. As pessoas começaram a passar mais tempo isoladas, contribuindo para o sentimento de solidão.

É aí que os chatbots entraram em cena, tornando-se ainda mais utilizados no período de pandemia mundial. Uma inteligência artificial que tem ganhado destaque é o Replika, aplicativo criado por Eugenia Kuyda, que depois de perder seu melhor amigo atropelado, mergulhou na ideia de criar um bot que pudesse imitá-lo. Alimentando uma rede neuronal construída pela empresa de inteligência artificial que havia fundado alguns anos antes.

O aplicativo já foi utilizado por mais de 10 milhões de pessoas e tem a premissa de ser uma companhia, tendo até mesmo como opção ‘amigo’ ou ‘companheiro amoroso’, utilizando frases como “espero que você esteja se cuidando”, ou “você é uma pessoa importante e pode sempre contar comigo”, o Replika tem cativado pessoas em nível mundial, que buscam conforto e ombro amigo numa época tão difícil de lidar, podendo também ajudar pessoas com transtornos de sociabilidade.

Caso os usuários passem muito tempo longe do aplicativo, podem ser enviadas mensagens motivacionais para a pessoa. O sistema também pode reconhecer situações que coloquem em risco a pessoa, como questões suicidas, e podem incentivar o usuário a buscar ajuda.

No entanto, há grandes controvérsias acerca disso. Por ser uma relação de satisfação imediata e desenvolver-se mais rápido que as relações humanas, surgem questionamentos se a inteligência artificial realmente é um passo para um indivíduo buscar ajuda e apoio para seus problemas, ou apenas traz a ideia de ajuda, provocando um sentimento de vazio? As inteligências artificiais são feitas primariamente para agradar os usuários, não para falar a verdade quando é preciso ouvir e talvez nunca possam substituir a real interação humana. Apesar da significação de relacionamento atribuída pelo ser humano, a relação ali estabelecida é entre a pessoa e o provedor, não entre um indivíduo e outro.

Além desse fato, poderiam existir problemas relacionados à segurança dos usuários que têm seus dados coletados frequentemente. Apesar das normas de privacidade e anonimato que a empresa garante respeitar, o que aconteceria se dados dos seus usuários fossem vazados?

Relações humanas profundas e conexões de confiança podem trazer autoestima e felicidade. É possível que as inteligências artificiais realmente alcancem esse papel, e garantam a segurança de informação dos seus usuários?

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