Speaker Contest — 2nd Edition
Escrito por Beatriz Moreira e Inês Mataloto.
Oito e meia da manhã de um sábado invernoso. Para a maioria, são horas de pestanejar, ver as horas, e virar para o outro lado, puxando as mantas para mais perto. Para muitos membros da nossa equipa, era tempo de preparar a sala e o coffee-break para receber os finalistas do Speaker Contest deste ano.
A quantidade e qualidade de candidaturas que recebemos na segunda edição deste concurso, cujo objectivo é dar oportunidade a pessoas interessadas em serem oradoras do nosso evento, foi a força que superou a atracção gravitacional que puxa cada um dos membros da nossa equipa para o centro das suas respectivas camas. Tão alto foi este número que, infelizmente, não conseguimos avaliar pessoalmente cerca de metade dos candidatos.
Para a metade que convidámos para a segunda fase reservámos o dia inteiro de sábado. Pelas nove e meia recebemos o primeiro candidato, que cedo captou a nossa atenção para o seu tema de ciência de dados utilizando metáforas de vinho. O segundo candidato ensinou-nos que não importa quantas horas passamos a jogar Super Mario, vai sempre haver um algoritmo de computador que, eventualmente, joga melhor do que nós (neste ponto a equipa ficou dividida entre os sentimentos de espanto… e terror). As apresentações que se seguiram levaram-nos desde as raízes culturais do Paquistão, à importância da empatia nas relações interpessoais; desde a educação sexual, até à conjugação da música e da medicina, passando pela adaptação a diferentes culturas.
Pela tarde, recebemos também uma apresentação acerca de veganismo e direitos dos animais que despoletou uma (chamemos-lhe) interessante discussão entre os membros do júri, a concorrente, e os restantes membros da equipa que assistiam. Para além de um momento de aprendizagem, serviu como momento de partilha de pontos de vista contraditório e da importância de tentar estabelecer pontes entre os mesmos (mas só para jogar pelo seguro, as autoras recomendam que não tentem isto em casa).
Mesmo depois do cansaço se começar a instalar, houve ainda tempo para considerações sobre o triângulo do fogo, a prevalência da depressão e ansiedade em estudantes universitários, o ativismo jovem, o empowerment pessoal, o efeito do networking na mudança de vida, e ainda um pouco mais de algoritmos computacionais que estão a revolucionar o mundo e a ajudar a salvar vidas.
Se tivéssemos de tirar lições deste dia, seriam mais do que as que podemos enumerar aqui sem que isto se torne fastidioso para o leitor. Mas podemos começar por dizer que em cada pessoa há uma história, e que antes de lhe ser dada a oportunidade de a contar, não fazemos ideia do quão mais rica a nossa vida se pode tornar apenas por a ouvir.
Mas acima de tudo, a lição de maior usabilidade que retirámos deste dia foi a de que, para o ano, temos de marcar as audiências para mais tarde.
