A bicicleta elétrica no enfrentamento às mudanças climáticas

Tembici
tembicidados
Published in
5 min readJun 30, 2023

Por Tallita Marão, Coordenadora de ASG da Tembici e Maysa Rocha Analista de ASG da Tembici

Junho de 2023

Normalmente, andar de bicicleta é uma das atividades mais emblemáticas da criança, que surge como um instrumento de diversão e aprendizagem entre pais e filhos, primos, irmãos e amigos. Tirar as rodinhas na infância é um dos primeiros aprendizados que ela traz sobre coragem e confiança. Entretanto, com o passar dos anos e a chegada da vida adulta, pode-se passar despercebido a ferramenta potente que ela é: um meio de transporte ativo e não poluente. A bicicleta remete a momentos de brincadeira e lazer, mas você já pensou que esse modal tem potencial para transformar a mobilidade das cidades urbanas e contribuir com o enfrentamento à crise climática?

Em 2020 atingiu-se o marco de 50% da população global vivendo em cidades [1]. Isso significa que aproximadamente 4 bilhões de pessoas vivem hoje em áreas urbanas e esse percentual pode chegar a 60% em 2070. O rápido processo de urbanização e a popularização de veículos motorizados fizeram com que a construção e a logística das cidades fossem pensadas através da inserção dos automóveis, ou seja, criou-se um senso comum de que os deslocamentos nos centros urbanos só são possíveis por meio dos carros.

Essa atual lógica urbana acarreta em altos custos sociais, relacionados a perda de vidas humanas, poluição, destruição do espaço vital, congestionamentos e perda da mobilidade das pessoas [2]. Nessa linha, a mobilidade nas cidades tem necessidade de considerar um planejamento voltado para o desenvolvimento sustentável, onde os modais ativos devem ser tratados como prioridade no trânsito (figura 1).

Figura 1 — Pirâmide de prioridade do transporte — ITDP Brasil
Elaboração do autor

No âmbito da poluição, os automóveis contribuem diretamente para o aumento das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). O Efeito Estufa é um fenômeno atmosférico natural, onde os gases se concentram e formam uma camada na atmosfera, que aprisiona a radiação solar, aquece o planeta e permite o desenvolvimento de vida na Terra. Entretanto, com a industrialização e o crescimento expressivo da população, a emissão de GEEs aumentou significativamente, alterando sobremaneira a quantidade desses gases na atmosfera e gerando o que chamamos de Mudanças Climáticas, com consequências que podem ser devastadoras em um futuro próximo. O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) afirma que cerca da metade das emissões antropogênicas (feitas pela ação humana) de CO2 entre 1750 e 2010 aconteceram nos últimos 40 anos [3].

De acordo com o Relatório da 24ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 24), o setor de transporte é a terceira maior fonte de emissões de CO2 após o setor de energia e outras combustões industriais [4]. Entre os modais que mais contribuem com as emissões de dióxido de carbono, os carros leves lideram com 45% do volume emitido [5].

Figura 2 — Report COP 24
Elaboração do autor

Outro dado relevante é o de que mais de 60% das viagens realizadas por automóveis em grandes centros urbanos, como São Paulo, percorrem uma distância que varia entre 2,5 e 5 quilômetros [6]. Isso quer dizer que a maior parte dos deslocamentos urbanos realizados por carro, poderiam ser facilmente realizados por bicicletas. Os benefícios do uso da bicicleta como meio de transporte são bem conhecidos e passam pela fuga do trânsito, redução dos níveis de stress, aumento do bem-estar, atendimento dos requisitos diários de exercício físico e redução de custos com CNH (Carteira Nacional de Habilitação), combustível, licenciamento, seguros e aquisição do veículo. Além da redução da emissão dos gases de efeito estufa, a bicicleta ainda contribui para a diminuição da poluição do ar pois não emite material particulado, dióxido de enxofre e monóxido de carbono, poluentes comuns na queima de combustíveis fósseis. Estima-se que na América latina, mortes prematuras pela exposição à material particulado atinja 26 mortes por 100 mil habitantes [7]. Em 2019 a Organização Mundial da Saúde calculou 4,2 milhões de mortes no mundo devido à poluição do ar [8].

Ainda assim, a quantidade de viagens realizadas de bicicleta está longe de ser a ideal, não ultrapassando os 2% nos grandes centros urbanos brasileiros. Existem alguns motivos levantados para a menor consideração da bike como modal, entre eles a sensação de insegurança e a escassez de infraestrutura dedicada aos ciclistas, mas um ponto bastante citado também é o esforço necessário para o deslocamento em bike comum, especialmente em cidades de geografia mais acidentada. Nesse sentido, as bikes elétricas desempenham um papel importante na popularização do uso desse modal nos trajetos diários. Além de compartilhar todos os benefícios já citados da bike comum, a bike elétrica ainda conta com as seguintes vantagens:

  1. Exige menos esforço de seus usuários, possibilitando sua adoção em percursos maiores. O pedal assistido aumenta a velocidade da bicicleta, reduzindo também o tempo total viagem [9];
  2. Ao reduzir o esforço, bicicletas elétricas se tornam mais versáteis, podendo ser facilmente adotadas em qualquer tipo de geografia sem deixar os usuários cansados e suados;
  3. Essa versatilidade acolhe uma gama maior de perfis de usuários, através da inserção de grupos com locomoção reduzida e ciclistas iniciantes. A bike elétrica serve à uma variedade maior de ocasiões: por exigir menor esforço, é mais facilmente considerada em trajetos mais formais, como para se deslocar para o trabalho ou para uma reunião [9];
  4. Apesar do esforço reduzido, um estudo conduzido pela Brigham Young University descobriu que as pessoas que utilizam a bicicleta elétrica praticam quase tanto exercício quanto aquelas que utilizam a bicicleta comum [10]. Os estudos mostram que, tanto homens quanto mulheres, aumentam a frequência de utilização do uso da bicicleta quando ela é elétrica, bem como atingem mais facilmente o tempo mínimo de atividade moderada recomendada pela OMS de 150 minutos por semana. Além de ser um ótimo exercício cardiovascular que pode ajudar a construir resistência e músculos, os usuários podem ainda desfrutar da melhoria no bem-estar, melhores noites de sono e aumento na produtividade [11] [12].

Nesse sentido, fica muito claro o protagonismo da bicicleta elétrica como o grande ampliador do uso desse modal nas cidades, permitindo assim a transição para um modelo de transporte de baixo carbono.

O potencial da bike elétrica já começa a ser percebido pelo sistema da Tembici, empresa líder em tecnologia para micromobilidade na América Latina. Já são 5,8 mil bicicletas elétricas, que realizaram o equivalente a 48 milhões de quilômetros rodados e potencialmente evitaram a emissão de 3.500 toneladas de CO2.

Figura 3 — Usuário utilizando o sistema compartilhado de bicicletas elétricas da Tembici

As mudanças climáticas são um dos maiores desafios do século. Dentro do setor de transportes, boa parte das soluções já existem e não são custosas, basta o esforço conjunto de políticas públicas, para melhor infraestrutura nas vias, e a conscientização da população. Se substituíssemos as viagens de carro na cidade de São Paulo com distâncias de até 2,5 quilômetros, em um dia economizaríamos potencialmente mais de 936 toneladas de CO2eq, que corresponde ao oxigênio limpo produzido por mais de 7 mil árvores em 30 anos. Que tal usar uma bike elétrica hoje e fazer parte da mudança frente à emergência climática?

--

--

Tembici
tembicidados

Empresa líder em micromobilidade na América Latina | Empresa líder en micromovilidad en América Latina | Leading micromobility company in Latin America