Poemas involuntários

Larissa Cabral
Comunidade AVIVA
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1 min readJul 3, 2023

Submersa em um amontoado de mim
Há tanto caos e tanta vida.
Raizes rompendo a relva

Há tanto caos e ventura aqui dentro

Há tres dias chove em mim
- ao norte do meu coração.
A oeste um vento seco corta-me o rosto

Um deserto pluvial habita o meu corpo

O barulho lá fora limita minha consciência
faz protesto para os que desejam se sentir vivos

O tempo anda fazendo barulho dentro de mim
gritanto rotas e sentidos que não consigo auscultar

No meu silêncio ranjo os dentes como se algo inesperado e feroz pudesse sucumbir o instante de vida que faço resistir.

No meu coração é outono
No hemisfério norte primavera

Ouso preocupar-me demasiado com a gritaria externa que insiste em cigarrear no meu coração

É estupido pensar numa vida sem barulho
demasiado me incomoda o som das cornetas não celestiais

Quero aproveitar o silêncio do outrono, mesmo que as flores da primavera cantem

A cada palavra, ser absoluto silêncio

Lua cheia em Capricórnio — 2023

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Larissa Cabral
Comunidade AVIVA

Educadora e aprendiz, antropóloga e astróloga, ama filosofia, escrever poemas, viajar sozinha e pedalar