Vigilância e distopia

Gabriele Eichel
Tendências Digitais
2 min readMay 20, 2016

Fazem alguns dias, encontrei durante uma faxina um velho jornal com notícias sobre a viagem do homem à lua. Minha mãe, que havia guardado o pedaço de jornal quando era criança, contou-me sobre como todos imaginavam que o futuro ia ser cheio de tecnologias incríveis, e como o homem ia ser tão livre e poderoso quanto jamais foi. O que achei curioso, pois sempre achei que o futuro tem uma grande chance de ser horrível, e que as novas tecnologias podem (e já são, alguns diriam) ser usadas contra nós, cidadãos comuns.

E aparentemente, muitos jovens pensam o mesmo, pois ficções distópicas são muito populares atualmente. Não que não fossem famosos anteriormente — Admirável Mundo Novo foi lançado em 1932 — mas parece que há algo que leva o jovem de hoje a ter um medo particular do futuro. Tanto é que histórias sobre distopias estão aparecendo cada vez mais em filmes e livros para jovens, como por exemplo as série Jogos Vorazes, Divergente, diversas séries de livros e filmes do gênero sendo relançadas, tendo remakes e continuações, e até mesmo o filme infantil Wall-E.

Porém, será que esse sentimento tem fundamento, ou são apenas jovens descobrindo que o mundo não é um lugar tão bonito assim?

Vivemos num mundo onde nossos dados são vendidos a empresas sem nem nos darmos conta. Governos espionando os dados, as conversas e fotos de milhares de pessoas, sem seu conhecimento. Câmeras espalhadas pelas esquinas, sistemas de dados registrando cada passo, cada pequeno ato.

Isso pode parecer bom inicialmente, mas o jovem, com sua tendência a se rebelar e buscar mudanças, percebe o potencial dessas tecnologias para censurar e controlar ideias.

Alguns exemplos disso que aconteceram recentemente são as informações reveladas por Edward Snowden, sobre a vigilância online do governo dos EUA , e o Stop Online Piracy Act, um projeto de lei estadunidense que prejudicaria a livre disseminação de informação na rede.

É aqui que 1984 (livro e também filme) se torna relevante — pois nunca a ameaça do Grande Irmão esteve mais próxima. Pessoas dão sua privacidade à empresas em troca de serviços e segurança. Dizem que não tem nada a temer, pois não fazem nada de errado. Mas a verdade é que num mundo como esse, todos se tornam suspeitos. E num mundo com tanta gente sedenta de poder, basta uma opinião para você ser considerado culpado.

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