Película digital

João Vítor Miguel
Tendências Digitais
3 min readApr 23, 2017

Vivemos em uma era visual. Apenas alguns anos atrás, tirar fotos saía caro. Um rolo de filme fotográfico 35mm custava cerca de 20 reais, e continha não mais do que 36 fotos. Hoje, no entanto, qualquer pessoa com um celular tem o poder de capturar imagens e disponibilizá-las para milhares de pessoas em questão de minutos. Com o advento da câmera digital, iniciou-se uma transição não só dos aspectos técnicos, mas também da estética e da linguagem nas produções audiovisuais, e aqueles que desejam atingir um certo nível de profissionalismo ainda precisam saber olhar para o passado. Por isso, muitos profissionais do audiovisual têm tentado resgatar e reproduzir em suas produções as características da película, seja através de presets prontos (LUTs, FilmConvert, Magic Bullet Looks, etc) ou de softwares de correção de cor (DaVinci Resolve, Adobe Premiere, etc).

Os processos químicos da película cinematográfica dão a ela uma cara singular. A cor, aliada à textura granulada, fornece uma estética orgânica e nostálgica. Diferentemente do vídeo digital, que muitas vezes requer um processo extenso de finalização para que se atinja um produto satisfatório, a película por si só já carrega um resultado extremamente desejável.

Emulação de cor e grão em vídeo digital. Software: FilmConvert.
Emulação de filme Fuji 8543 VD em fotografia digital.

Cada tamanho e modelo de filme possui uma aparência final diferente, de acordo com como interpreta as cores e a luz que recebe. Por exemplo, um vídeo gravado em Super 8 (8 mm) tem cara de gravação amadora, feita em casa. E um filme do modelo Fuji 8543 VD (ASA 160) entrega uma imagem com alto contraste e cores saturadas (ao lado).

Tutorial sobre como simular um filme em Super 8. Canal: DSLRguide.

Ainda estamos vivendo a transição. Até hoje, muitos grandes estúdios ainda se recusam a abrir mão da tecnologia analógica, e os que o fizeram levaram anos para ceder. Por exemplo, a Paramount, um dos maiores estúdios cinematográficos do mundo, anunciou apenas em 2014 que passaria a distribuir seus filmes em formato digital.

Essa é uma tendência que favorece o “mercado das imagens” pois obriga os profissionais a entenderem por que a imagem analógica ainda é, para muitos usos, preferível à imagem digital. Isso consequentemente mantém contínua a evolução na linguagem cinematográfica sem que se perca a base introduzida pelos grandes mestres no passado. E quando se trata de cinema, o que foi feito no passado sempre terá alguma lição para quem quiser produzir no futuro.

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