Comércio Digital
O comércio como conhecemos vem sofrendo mudanças desde o advento da internet. O que conhecíamos como um comportamento de massa, encher lojas de pessoas, investir em grandes showrooms, hoje foi substituído por fotos de produtos em sites e aplicativos. Essa megatendência está inserida em um cluster que abrange temas como: Compra Online, Consumidores Digitais, Reviews, entre outras temáticas interessantes mostradas nos mapas de hypes anteriores.
A mesma vem se disseminando desde o início dos anos 2000 com a Amazon, empresa que evoluiu do comércio de livros para os mais variados segmentos da indústria. O interesse nessa alta movimentação de capital a baixo custo atraiu muitos investidores e não demorou muito até termos a capacidade de comprar o necessário (ou desnecessário) para viver sem sair de nossas casas.
Até pouco tempo atrás, o comum era que o cidadão fosse até os centros comerciais, shoppings, mercados e comparasse os preços, muitas vezes passando o dia todo fora de casa para pesquisar o produto desejado. Esse mesmo comportamento continua sendo reproduzido porém em uma margem muito mais baixa, devido a popularização dos smartphones que, quando juntos de um cartão de crédito, possibilitam todo o tipo de transação em segundos, sem sair do lugar, apenas com o uso da internet.
É claro que este comércio traz inúmeras desvantagens para o consumidor, como é o caso da Black Friday no Brasil. Muitos sites apelam para interfaces que impulsionam o indivíduo a comprar, mesmo que seja algo que ele quer mas não precise. Há também, alguns perigos como os sites conhecidos como scammers, que basicamente prometem algo que não cumprem, no caso do e-commerce, um produto que não existe ou que, quando chega em sua casa, é completamente diferente do que foi anunciado.
O ponto central desta análise de megatendência, é observar que ela não surgiu da noite para o dia. Demorou anos até que os e-commerces se tornassem populares e fizessem com que o consumidor abandonasse o pensamento de que comprar pela internet não era de confiança, ou que nunca colocaria o número de seu cartão em uma rede tão vasta. A quebra deste paradigma foi o ponto central da popularização do comércio digital. Aqui no Brasil temos o exemplo do Mercado Livre, que foi um dos grandes responsáveis por esta mudança de comportamento do consumidor.
Essa tendência não é facilmente identificável, visto que sofreu pequenas mudanças em diversos anos e, quando paramos para pensar sobre este tipo de comércio, podemos perceber que já está se enraizando nos nossos costumes. Um exemplo é a quantidade de lojas virtuais que são criadas e, a partir do sucesso da mesma, possa vir a existir uma loja física. Este é um pequeno padrão de negócios dentro do comércio digital onde nota-se uma evolução gradativa do mesmo, de forma a evitar muitos riscos e garantir um prestígio por parte de possíveis interessados.
Temos exemplos bem conhecidos aqui no Brasil, como a Kabum, loja que detém o maior número de clientes e itens para vendas do segmento eletrônico do país (se estende para alguns outros relacionados, como eletrodomésticos) e que não apresenta uma loja física, levando anos até chegar no patamar onde se encontra hoje.
Também temos exemplos de nichos específicos, como é o caso da Games Academy, empresa gerida pelo jogador profissional de Counter-Strike, Gabriel Toledo. A G.A., como é conhecida na internet, é um centro de aprendizado e interação entre profissionais, amadores e iniciantes. É possível ter aulas com profissionais que já jogaram nos quatro cantos do mundo e também os mesmos oferecem oportunidades e suporte para o surgimento de novos times.
O comércio digital, acima de tudo, acaba sendo uma boa alternativa para quem não possui um alto orçamento, sendo necessário apenas o pagamento de um domínio e hospedagem, levando em consideração que qualquer pessoa pode fazer um site desde que tenha acesso ao YouTube ou até mesmo com as plataformas de criação do mesmo, como Wix e GoDaddy, sendo que o último apresenta pacotes completos de hospedagem, domínio e sites prontos (templates).
Acredito que é um pouco audacioso dizer que este é o modelo de negócio do futuro, porém o mesmo nos possibilita abrir e fechar empresas no mesmo dia, sem taxas, aluguel, apenas com alguns investimentos básicos e pode-se seguir com seu negócio. Não esquecendo de mencionar o fato do anonimato, seu próprio vizinho pode ter uma loja de camisetas em casa e você não faz ideia. As pessoas têm a oportunidade de comercializar aquilo que fazem e que gostam, sem julgamentos ou muito compromisso.
Esse modelo digital do método tradicional é popular e muito utilizado, porém não se pode dizer que substituirá completamente o comércio físico, visto que, no Brasil, 63 milhões de pessoas não acessam à internet, logo torna-se necessário a existência dos dois espectros, o que caracteriza o mesmo no grau de maturidade do Hype Cycle como Rampa de Iluminação.
É possível que em um futuro próximo, com o surgimento de tecnologias que conectam todos, ou a grande maioria, o comércio tradicional perca o que sobrou de seu espaço para a alternativa digital, visto que já temos exemplos de mercados digitais, entre outras inovações. A humanidade caminha cada vez mais para o progresso tecnológico e cada vez menos para as interações sociais não-virtuais. Como será o mundo quando o comércio digital for a única possibilidade? Viveremos em um mundo Cyberpunk em sua essência, como podemos observar em alguns momentos da série Altered Carbon, ou retornaremos aos antigos hábitos pelo medo da mudança que assombra o ser humano, como é visto em The Handmaid’s Tale?
