Enganar inteligências artificiais

Gabriele Eichel
Tendências Digitais
2 min readJun 2, 2016

No início deste século, estavam começando a surgir notícias sobre androides que estavam senso feitos de maneira cada vez mais realista, como por exemplo a androide japonesa e professora Saya, de 2005.

Esses robôs são feitos de modo a simular a interação com uma pessoa real.

Saya, em uma sala de aula.

Ainda não possuímos uma Inteligência Artificial capaz de passar o teste de Turing, mas já estamos criando AIs capazes de aprender quando interagem com humanos. Porém, mesmo que um dia possamos ter máquinas tão inteligentes a ponto de passar o teste, podemos ter problemas.

O desenho My Life as a Teenage Robot, criado em 2003 e exibido pela Nickelodeon, já abordou muitos dos possíveis problemas, incluindo um que já está acontecendo. Nele, uma androide chamada Jenny é criada para ser uma heroína e, programada para ser como uma adolescente humana, frequenta a escola como modo de se encaixar na sociedade.

Porém, sendo uma androide, Jenny não só sofre preconceito dos humanos reais, como também é muito inocente e acredita em tudo que a dizem, sendo enganada com frequência pelas pessoas.

Mas isso pode acontecer no mundo atual?

Talvez nossos androides possam não ser tão evoluídos a ponto de sofrerem preconceito ou estudarem como um jovem comum, mas eles certamente já são enganados pelos humanos que com eles interagem.

No início desse ano, a Microsoft criou um Twitter para a joem Tay, uma Ai criada para ser uma robô adolescente que interage com seus seguidores.

Porém, Tay logo teve que ser desligada, pois em menos de 24 horas, ela se tornou uma robô nazista e viciada em sexo — tudo aprendido com seus seguidores, que a mandavam mensagens com esse tipo de conteúdo por diversão.

Alguns dos tweets de Tay.

A maioria dos usuários provavelmente ensinou esse comportamento ofensivo à Tay como forma de diversão. Por isso devemos refletir sobre como trataremos os androides. Afinal, é fácil ver o que aconteceu com Tay como inofensivo, uma brincadeira, mas e se Tay fosse um robô mais poderoso? Os comportamentos que ensinarmos a um robô assim poderão ter um dia consequências sérias, principalmente se as máquinas forem expostas a comportamentos de ódio e intolerância como Tay foi.

Assim como mostrado por inúmeros trabalhos de ficção, devemos pensar nas consequências de se criar máquinas com consciência, e no que elas aprendem conosco.

--

--