Inteligência Artificial Intencional

Álvaro Casagrande Souza
Tendências Digitais
5 min readApr 19, 2018

O planeta Terra é habitado por pessoas com mentes, consciências, pensamentos, costumes e culturas diferentes, que estão ao tempo todo evoluindo em conhecimento e pesquisas a cada minuto. Mas será que estes seres dotados de inteligência poderiam dar origem à outras consciências e inteligências? De certo modo, sim.

É certo que é inerente ao ser humano, por sua natureza, de que se não houverem regras para que algo se organize, onde não há uma ordem composta por leis, as coisas podem não funcionar de um modo em que haja harmonia de ideias e convívio entre os habitantes de uma região, por exemplo. Por isso, é necessário e essencial que algum tipo de referencial comum exista nesse meio para que se tenha uma ideia do que é bom e do que é mau, do que se pode fazer e do que não se pode fazer.

Essa ideia também se aplica quando falamos sobre inteligência artificial, pois quando um novo tipo de consciência é gerado, ela é composta por códigos, comandos e diretrizes pré-determinadas pelos criadores dela, que as guiam dentro de uma espaço limitado, onde estão seus atos e reações diante de diversos contextos (dependendo da complexidade da consciência programada), ou seja, o referencial de leis e ordem vêm dos seus criadores. Porém, séries e filmes com a temática de realidades simuladas exploram a ideia de: e se as máquinas adquirissem um tipo de consciência que fosse capaz de questionar a sua própria existência? Será que as máquinas confiariam em seus criadores?

Na série Westworld, produzida pela HBO, temos um parque temático direcionado para adultos (ricos), onde há uma simulação de Realidade na qual pessoas entram num contexto de velho oeste simulado, com cenários, objetos e vestimentas da época. No entanto, a população daquela realidade são robôs — androides — construídos pela empresa criadora do parque e que são criados para pensarem que são humanos e que vivem no mundo real, dotados de consciência artificial e que conseguem interagir com os humanos que estão nos locais. A trama da série se desenvolve em volta da ideia de que, ao contrário do que é no mundo real, os visitantes do parque não tem regras ou leis para interagir com os outros habitantes daquele mundo (os androides). Porém, uma atualização na IA dos robôs gera um erro e faz com que eles comecem a ter comportamentos diferente do normal. Um deles é Dolores Abernathy, que foi programada para ser uma garota de fazenda, mas está prestes a descobrir que a sua vida é uma mentira.

1. Androide Dolores Abernathy em seu estado original de fábrica — 2. Personagem entrando em conflito com o mundo simulado
Cena da série Westworld com a personagem Dolores Abernathy

Um outro exemplo de produção que lida com inteligência artificial e que interage com ambientes e pessoas, é a série Star Trek, onde em alguns episódios, os tripulantes da nave principal da série, a Enterprise, simulam realidades através do Holodeck, que é uma sala especial na nave onde as pessoas, objetos e cenários são simulados através de energias que materializam tudo o que está presenta na cena e onde os personagens vivem outras histórias e assumem a identidade de outras pessoas.

1. Holodeck fora do momento de uso — 2. Personagens de Star Trek simulando uma história de Sherlock Holmes e Sr. Watson
Cena de Simulação no Holodeck da série Star Trek

É evidente que esse tipo de tecnologia pode ser impossível no sentido material (pois uma simulação poderia ser feita com realidade virtual, por exemplo), mas a questão aqui que é interessante para a nossa matéria é a necessidade e vontade dos seres humanos em criar algum tipo de contexto diferente da realidade ou criar novas consciências, de uma forma intencional, para interagirem e/ou criarem uma nova situação na vida do ser humano.

No mundo real, temos alguns exemplos desse tipo de interação intencional com robôs e seus criadores, que, por mais que sejam adoráveis ou estranhas, nos mostram como o ser humano é capaz de criar uma nova consciência a qual é capaz de interagir de uma forma sentimental com seu autor, mesmo que seja um sentimento de amizade ou confiança, o que podemos chamar de uma Inteligência Artificial Intencional.

O primeiro exemplo é a criação de Ricky Ma, um Designer Gráfico e de Produto que mora em Hong Kong, na China, e que gastou por volta de 50 mil dólares para construir um robô muito parecido com uma estrela de Hollywood, a qual ele mesmo não diz quem é, mas só de olharmos para ela podemos afirmar que a aparência do robô é muito semelhante a da atriz Scarlett Johansson. Ma construiu a robô para colocar como recepcionista em sua própria casa. A Mark 1, como é chamada, realiza pequenos movimentos com os braços, dedos, pés e faciais como sorrisos e piscadas. Para conferir o vídeo produzido pelo pessoal da TecMundo quanto esse acontecimento, clique aqui. Não cabe a nós difamar o criador do robô como um pervertido ou coisa do gênero, mas é certo que Ricky Ma foi intencional em fazer com que a imagem de uma atriz famosa pudesse estar presente em sua própria casa.

Captura de Vídeo mostrando a comparação entre o robô e a atriz.

O segundo exemplo de uso de Inteligência Artificial Intencional, é um programa onde os programadores e designers criaram robôs que são programados e são ensinados a confiar em seus “donos” para realizar tarefas que, na primeira análise do robô, não deve ser feita, mas com o aconselhamento de seu instrutor, o robô reconhece seu comando e confia nele de que aquilo pode ser feito. No entanto, algumas questões ainda mais profundas e complexas devem ser analisadas e construídas nessa inteligência artificial para que o robô saiba quando agir e quando não agir. Quanto a isso, temos dois exemplos bem exemplificados nessa entrevista feita pela TechCrunch com um dos criadores dos robôs. Confira no vídeo abaixo:

Por fim, podemos afirmar que a criação de Inteligências Artificiais podem ir muito além do que somente realizar tarefas, responder perguntas, ter reações diante da ação do jogador e entre outras atividades. A Inteligência Artificial Intencional tem o propósito de tornar a interação de humanos com robôs muito mais naturais, misturando-os com o convívio do ser humano para o bem, agindo de forma consistente com nosso viver e normas da sociedade.

Referências:

Realidades Simuladas | NerdOffice S07E40

Inteligência Artificial | NerdOffice S06E15

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