Interfaces Conversacionais

Bruno Burigo Guimarães Back
Tendências Digitais
4 min readNov 6, 2017

Cada vez mais a inteligência artificial está presente no dia-a-dia das pessoas na medida em que o seu desenvolvimento chega a níveis avançados o suficiente para compreender e interagir em determinadas situações. As interfaces conversacionais estão adaptando esta realidade para criar serviços em que o usuário pode interagir com uma janela de conversa.

Segundo TEIXEIRA (2016):

“Em linhas gerais, uma interface conversacional é aquela que acontece em forma de conversa entre um humano e uma máquina. Há quem argumente dizendo que toda interface é, na verdade, uma conversa — mas nesse caso a interface também tem a aparência de uma conversa, dessas que você tem com um amigo em um aplicativo como o Whatsapp, Facebook Messenger ou Hangouts.”

Esta tendência vem aumentando nos últimos anos a fim de promover uma experiência mais rápida, prática e intuitiva para o usuário. Este tipo de serviço está conectado ao uso de outros aplicativos como Slack, Facebook Messenger com tecnologias já conhecidas como o SMS. Também há a possibilidade desta interação acontecer pelo comando de voz como no caso da Amazon Echo, Siri, “Ok, Google”.

Um exemplo de interface conversacional, aplicativo Operator onde o usuário pode realizar compras sem sair da tela de chat:

Para que a interface conversacional consiga ter uma boa experiência é preciso que a inteligência artificial consiga interpretar e responder de forma coesa, para isso é necessário que o processamento de linguagem natural esteja bem programado. De acordo com RODRIGUES a definição de processamento de linguagem natural:

“O Processamento de Linguagem Natural (PLN) é a subárea da Inteligência Artificial (IA) que estuda a capacidade e as limitações de uma máquina em entender a linguagem dos seres humanos. O objetivo do PLN é fornecer aos computadores a capacidade de entender e compor textos. “Entender” um texto significa reconhecer o contexto, fazer análise sintática, semântica, léxica e morfológica, criar resumos, extrair informação, interpretar os sentidos, analisar sentimentos e até aprender conceitos com os textos processados.”

Para que o (PLN) esteja em pleno funcionamento são necessários anos de estudo, as interfaces conversacionais são a prova deste esforço em fazer a máquina conseguir “conversar” com o usuário, entretanto o diálogo ainda está em um nível limitado em vista da complexidade do desenvolvimento do PLN.

Embora o diálogo ainda não seja de um nível mais complexo, as interfaces conversacionais estão cada vez mais presentes, chegando ao ponto de em alguns anos substituírem pessoas no atendimento de serviços, TEIXEIRA relata um estudo feito pela Universidade de Oxford onde afirma que os robôs irão substituir quase metade dos empregos nos EUA nos próximos 20 anos, reduzindo os custos em recursos humanos e outros sistemas operacionais para as empresas.

Com esta expansão das interfaces conversacionais fica evidente que é necessário que os designers pensem sobre o assunto e se adaptem a esta nova realidade. Será necessário repensar todo o raciocínio do fluxo de interação da interface não podendo ficar preso ao usual, TEIXEIRA (2016) afirma:

“O jeito no qual você está acostumado a pensar fluxos de interação (começa na homepage > vai para a página interna > clica no botão “comprar”) também muda bastante nesse novo modelo de interação. Tudo precisa parecer (e ser) muito mais natural — e as ações do usuário são muito mais imprevisíveis quando eles estão interagindo com um campo texto onde eles podem digitar o que quiserem.”

TEIXEIRA (2016) ainda realça que agora a grande importância para os desenvolvedores e designers não está desenhar a interface, o foco passou para a identificação dos comandos corretos e a escolha das palavras para ativar de forma certa as funcionalidades do produto.

Assim a usabilidade do produto precisa ser centrada na conversa que o usuário terá com o robô, onde deverá ser de maneira agradável, de fácil compreensão e prática, da mesma maneira que uma interface visual deveria ser. Em outras palavras a usabilidade de uma interface conversacional necessita ser uma boa conversa, de maneira que se assemelhe com uma conversa que teria com um ser humano.

Referências:

Teixeira, Fabrício (2016) Creative Director (UX) at R/GA, Founder of http://uxdesign.cc

Rodrigues Jéssica MSc. Student in Computer Science, Artificial Intelligence, Federal University of São Carlos (UFSCar)

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