LMCM
Consegue imaginar esse cenário: você com um dispositivo na cabeça, pensando em preparar o café e pronto, você ouve o som da máquina de café ligando. Ou então, você saindo de casa e assim que pensa em ligar o carro, ele liga.
Parece muito cena de filme de ficção científica imaginar um dispositivo que ao ser colocado na cabeça irá ler e entender a comunicação dos neurônios, mandando essa comunicação como comando para uma máquina e ela realizá-lo (lembrando bastante o filme Big Hero 6).
Bom, por mais que pareça muito distante, não é! A máquina Leitora de Mentes que Controla outras Máquinas (LMCM) existe e já saiu do papel, está nas fases de protótipos e até alguns produtos. O mais interessante é que as ideias não são só de uma área em específico, pode se encontrar protótipos de fabricantes de carros, das áreas de saúde, propaganda, jogos… mesmo que a maioria dos exemplos mostrados aqui sejam de saúde.
Como funciona?
Para que aconteça a comunicação entre o cérebro e o robô é necessário a Interface de Comunicação Cerebral (BCI), ela é a base para o funcionamento de todas as formas de robôs assistivos, pois é assim que se interpreta quais são os comandos do usuário e como o robô irá reagir.
Existem dois tipos de BCI, as invasivas (implantes médicos no corpo) como no filme Sleep Dealer (2008) e as não invasivas (eletrodos colocados no corpo) como no filme Big Hero 6 (2014).
Um breve panorama de como a LMCM se desenvolveu com o passar dos anos:
2009
Jack Gallant, neurocientista, divulga os resultados da pesquisa feita na Universidade da Califórnia em Berkeley, com um aparelho que utilizava a ressonância magnética, para identificar as áreas do cérebro que funcionavam quando os voluntários olhavam para certas imagens. Por não ter a tecnologia EEG, ele ainda não conseguia transmitir a imagem perfeita para o monitor.
Já o MindFlex é um jogo criado em parceria da Mattel e da NeuroSky, no qual os jogadores usam um headset que faz a leitura das ondas cerebrais, para completar um circuito com uma bolinha.
2011
Necomimi
Um produto não muito usual, mas que utiliza a tecnologia BCI não invasiva. É uma LMCM com neurotransmissores que captam as ondas cerebrais e as traduzem em emoções, depois disso convertem elas em movimentos para as duas orelhas que “expressão emoções”.
Emotiv EPOC
É uma LMCM que permite captar movimentos por meio de fones de ouvido com 14 sensores diferentes e dois giroscópios. A priori eles foram usados para controle de jogos com expressões faciais, mas é reprogramável. Com essa LMCM é possível captar os movimentos faciais e, por meio de programação e mecânica aplicada, controlar qualquer máquina. Dois estudantes, Felipe Nascimento e Felipe Cintra, apresentaram essa tecnologia como TCC. Utilizando o Emotiv EPOC (headset), eles desenvolveram uma cadeira de rodas controlada por pensamento. Outros projetos similares podem ser encontrados usando essa LMCM.
2012
Um grupo de neurocientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley conseguem traduzir os pensamentos em palavras. Foram utilizados aparelhos em pacientes com epilepsia, que convertia o que eles ouviam em palavras escritas.
2015
É realizado um implante de braço robô que utiliza uma BCI invasiva, ou seja, o braço robótico era controlado pelo cérebro de Johnny Matheny. Ele perdeu o braço para o câncer em 2005 e se candidatou como voluntário para essa pesquisa. Passou por cirurgias, nas quais foram implantados sensores médicos no cérebro e um braço robótico em seu corpo. Matheny foi a primeira pessoa a ter uma prótese robótica, logo, a LMCM que foi colocada nele deixou de ser somente um complemento e passou a fazer parte de seu corpo.
2016
Na Universidade de Oregon, pesquisadores uniram a ressonância magnética junto a uma Inteligência Artificial (IA) para extrair informações do cérebro, mais especificamente da parte formadora de memórias, e transcrever essas informações em uma tela. Assim, reuniram voluntários e passaram para eles imagens. Enquanto eles viam as imagens, a IA criava os padrões. Logo depois, na segunda fase do experimento, ela já tentava gerar na tela a imagem do que eles estavam vendo, ou as fotos que imaginavam.
As LMCM ficaram tão avançadas que já permitem que o seu usuário experiencie a sensação do toque. Esse é um grande avanço para o controle de máquinas, pois é o feedback da ação que está sendo realizada.
Por último, a National Science Foundation postou um vídeo sobre as tecnologias LMCM que explica como elas funcionam e expõe algumas das suas aplicações, fazendo considerações sobre seus benefícios — caso queiram saber mais sobre as LMCMs.
Conclusão
As LMCMs estão se desenvolvendo em razão das muitas pesquisas que vem acontecendo. Essas tecnologias estão evoluindo, assim como as perspectivas dos cenários futuros, sendo a maioria deles de grandes benefícios, avanços tecnológicos e de qualidade de vida para a humanidade. Contudo, há aqueles cenários que não são tão bons, como as projeções do controle da mente, já que o conhecimento do funcionamento dos neurônios pode permitir que eles sejam reprogramados, principalmente com a BCI invasiva.
Referências
https://hypescience.com/21951-ler-pensamentos/
https://hypescience.com/cientistas-criam-maquina-que-le-a-mente/
https://super.abril.com.br/tecnologia/maquinas-que-leem-a-sua-mente/
https://www.youtube.com/watch?v=YQGVtvP6seM
http://jojoscope.net/2013/03/10/necomimi-orelhinhas-de-gato/
https://www.nccr-robotics.ch/research-areas/wearable-robotics/brain-computer-interfaces-bci/
http://robohub.org/assistive-robot-operated-via-a-brain-computer-interface/
https://www.emeraldinsight.com/doi/abs/10.1108/17549451111149278
http://www.assistiva.com.br/tassistiva.html
https://www.techradar.com/news/computing/the-future-of-brain-computer-interfaces-revealed-1101287
