Making of de clipes musicais

Talissa Rodrigues
Tendências Digitais
4 min readApr 23, 2017

Em 1908 surgia o primeiro Making of: gênero cinematográfico que documenta o processo de concepção, desenvolvimento, distribuição ou impacto de alguma obra audiovisual. Já bem conhecidos dos amantes de filmes e de séries de TV, eles também foram importantes para o mundo da música, registrando bastidores de shows, álbuns e clipes musicais.

Se for procurar na internet, muitos ainda se auto-denominam de “cenas de bastidores”/“por trás das cameras” (Go behind the scenes) e, em alguns lugares também chamam de “making film”. Isso porque o termo “making of” popularizou, ao documentar os bastidores do clipe Thrille, de Michael Jackson: O Making Michael Jackson’s Thriller.

Este último, inclusive é a grande referência desse genero, eleito pelo Guinness Book o making of mais vendido de todos os tempos.

Making Michael Jackson’s Thriller (1983)

A maneira de obter esse tipo de conteúdo mudou muito com o tempo. Até os anos 90, não existiam DVDs. Para ver um making of, era necessário comprar uma VHS’s, que normalmente só contia o vídeo do making of. Mais nada. E a sorte grande eram sempre de quem conseguiu acompanhar o lançamento, pois depois disso, estes itens eram, em sua maioria, raridade, voltadas para o público dos colecionadores. Então os fãs desavisados/mais novos ficavam dependendo de conhecer alguém que tivesse o filme e torcer pra que a pessoa emprestasse.

Outros exemplos de VHS de vídeo clipes

Com o tempo, os DVDs foram surgindo e, hoje, os making of, felizmente, costumam vir junto aos DVDs, facilitando a vida dos curiosos. Em paralelo, os artistas adquiriram o hábito de também publicá-los em seus canais, em streaming de vídeo, como o Youtube e o Vimeo.

Nas “terras da internet”, além de ser o vídeo mais acessado do Youtube, o coreano PSY, também é o líder em popularidade nos Making of de clipes musicais, com o Gangnam Style Making Film (2012), atualmente com 89.528.314 visualizações.

Outros exemplos com grande número de visualizações são: Katy Perry — Making of the “Roar”, lançado em 2013, atualmente com 17.399.062 visualizações…

La La La (Brazil 2014) Making Of, da cantora Shakira, que mostra os bastidores de uma das músicas tema da Copa do Mundo que foi realizada no Brasil, atualmente com 10.649.171 visualizações…

Além de muitos artistas brasileiros que também entraram nesta tendência, como: Luan Santana, Tiago Iorc e Skank. Atualmente, o making of musical brasileiro mais visualizado é Essa Mina É Louca, da cantora Anitta, produzido em 2016, com 3.709.415 visualizações.

Muitos podem pensar que as vantagens da divulgação dos bastidores da produção de um vídeo clipe se limitam ao fã e ao artista. É claro que a intenção principal é promover a música e ficar mais próximo dos fãs, mas além disso, os making of trazem uma grande quantidade de informações de um universo desconhecido por boa parte das massas, tanto de cunho técnico como da imensa gama de profissionais envolvidos para que o produto seja concluído.

The Making Of “In Your Arms” (2011)
The Making Of Wide Open (2016)

Acima, estão dois bons exemplo de making of de cunho técnico. O primeiro, é The Making Of “In Your Arms” (2011), de Kina Grannis, que mostra o processo de produção de uma animação stop motion, onde a cantora interagem com vários cenários feitos de doces. O segundo é mais recente: The Making Of Wide Open (2016), do The Chemical Brothers, onde é exposto uma comparação entre o vídeo original e a rotoscopia feita para encaixar estruturas 3D, que iriam substituir algumas partes do corpo da dançarina.

Seja intencionalmente ou não, o making of acaba indo além do marketing. É uma maneira criativa de mostrar a evolução tecnológica na produção, além de valorizar os profissionais que trabalham com audio visual. Em muitas ocasiões, nos deparamos com nomes de profissões que nem imaginavamos que existissem, principalmente nos créditos de filmes, mas apenas nos making of é possível descobrir o que essas pessoas fazem e, principalmente, se mostrar como uma opção de carreira para os jovens que sonham trabalhar na área, assim como valorizar o trabalho dos profissionais que já estão no mercado.

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