MouseCam

lucas rodrigues
Tendências Digitais
4 min readSep 26, 2018

A prática do MouseCam (ou HandCam) é conhecida por uma câmera para capturar os movimentos da sua mão/mouse, desta forma, mostraria que os movimentos in-game condizem com a realidade dos movimentos físicos do jogador.

Atualmente, temos diversos tipos de jogos, point-and-click, tiro em primeira pessoa, MOBAs, RPGs, etc. Cada um desses jogos passou por uma série de processos para que fosse pensado em ser jogado de uma determinada maneira, porém o espírito competitivo do ser humano o torna curioso e determinado a sempre fazer melhor. Tendo isso em mente podemos observar diversos jogadores que estudam jogos, criam métodos, entendem as limitações e mecânicas plenamente a fim de extrair o melhor que o jogo pode oferecer. É muito comum ver este tipo de comportamento em Speedruns, onde o jogador passa por lugares que não deveria ser possível, corta caminhos, pega atalhos, enfim, acaba por “burlar” o sistema do jogo (pelo menos na visão de alguns jogadores).

Speedrun do jogo: The Legend of Zelda: Breath of the Wild

Na comunidade online de alguns jogos, muitos jogadores se destacam, principalmente nas categorias FPS e MOBA, porém podemos observar que, apesar destes, ainda temos jogadores que estão alguns passos à frente destes que se destacam, muitas vezes sendo apontados como hackers, justamente por seus desempenhos impressionantes in-game.

“Flusha” é um dos jogadores profissionais de CS:GO odiado por grande parte da comunidade global que acompanha as competições de alto nível. Devido à sua “mania” de puxar a rapidamente a mira para lugares aleatórios, onde coincidentemente há players do time adversário, ele é chamado de hacker por muitas pessoas.

Em resposta à estes julgamentos, alguns jogadores e streamers que sofriam com esse comportamento, adotaram o MouseCam diariamente em suas live-streams e vídeos para o YouTube.

Outro jogador profissional de CS:GO. “Scream” adotou a prática do MouseCam e dificilmente há uma live-stream dele sem a mesma.

Essa prática se disseminou principalmente com o FPS Counter-Strike, que por contar com uma certa padronização com algumas opções da física do jogo (o controle de recuo das armas, o firerate, a mobilidade, o raio de precisão dos tiros), torna possível que o jogador domine quase que completamente a utilização de determinados itens. Hoje podemos ver que a prática do MouseCam abrange muitos outros jogos competitivos da atualidade, como: Fortnite, Playerunknown’s Battlegrounds, League of Legends, Overwatch, enfim, jogos das mais variadas categorias.

Padrão de recuo de uma arma do CS:GO. Cada bolinha representa um tiro. Muitos jogadores dominam o tempo exato de onde a mira estará a medida que atiram e se destacam no meio. Créditos a: http://csgoskills.com/academy/spray-patterns/.

É fato que, nos últimos anos, essa prática tem fugido de sua proposta inicial, que era basicamente provar que o player não era um hacker, e tem se tornado uma arte digna de apreciação, formando muitos entusiastas, estudiosos e investidores desse meio. Mas como assim, estudiosos e investidores? O que há de tão especial nessa prática que tem chamado atenção de empresas? Bom, vamos por partes. Primeiramente, é notório o crescimento do mercado “gamer”, seja em hardwares, wearable’s, móveis, porém o principal definitivamente são os periféricos. Não é possível provar que houve um grande investimento de empresas em periféricos justamente por causa da MouseCam, mas, é uma grande coincidência que as empresas com maior nome neste meio (Razer, HyperX, Logitech, Corsair), na maior parte do tempo, sejam as que predominam nas streams de jogadores que chamam atenção de um público maior e, muitas vezes, utilizam MouseCam, não é mesmo?

“Scream” utilizando mouse e mousepad da marca Razer. O mesmo é visto como um ícone quando o assunto é precisão e destreza em jogos. Há um grande interesse em fóruns de alguns grupos sobre os equipamentos que ele utiliza e se eles garantem uma facilidade in-game.
O jogador profissional de Overwatch, “Kephrii”, também é considerado por muitas pessoas um hacker. Novamente a marca “Razer” em evidência.

Aliado a estas empresas, é possível ver um certo interesse em estudos de ergonomia e usabilidade para seu público. Estudos que contemplam desde à estrutura e formato do mouse até diferentes tipos de botões, dando sensações diferentes para os clicks; estudos sobre os movimentos do braço/antebraço até mesmo os tipos de mãos e “pegadas” das pessoas. Alguns artigos interessantes e já citados anteriormente em fóruns e discussões sobre o tema:

Com o tempo e alguns estudos, foi possível notar tamanha a subjetividade da ergonomia destes periféricos, grande parte tendo o grip como fator crucial, pois, se há específicos tipos de mãos diferente e comportamentos na hora de segurar um mouse, não deveria ter diferentes tipos de mouses para agradar a todos os públicos?

Imagem feita por: Wetto (Fórum Adrenaline).

Outro setor do mercado que ganhou certa visibilidade, mas pouco se comparado ao mouse, foi o das webcams ou action cameras. Há diversos modelos hoje em dia, seja com qualidade Full HD, 4K, 720p, 60fps, 30fps. O principal para o meio abordado é o fps da câmera(frames por segundo), afinal, quanto mais frames por segundos maior será a fluidez percebida pelo espectador dos movimentos do jogador.

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