Ma: o valor do vazio

Débora V
Tendências Digitais
2 min readSep 16, 2018

Com a popularização dos animes, a disseminação do estilo narrativo japonês se estabilizou de forma quase súbita. Assim, o público ocidental seguiu se familiarizando com a linguagem que se dá pelo exagero e excesso.

Apesar dessa estabilidade, um novo meio de contar uma história provinda do mesmo país tem aparecido cada vez mais, e em vários gêneros da animação japonesa. Com isso, se difunde o conceito de “Ma”.

ma (間)

noun:

1. time; pause​

2. space​

3. room

O conceito, que pode ser traduzido como “vazio”, é algo que Hayao Miyazaki já abusava desde 1984, com seu primeiro filme de grande sucesso “Nausicaä do Vale do Vento”. É na contemplação das pequenas pausas que o filme dá ao público que a linguagem é construída e fomentada, se opondo violentamente aos exageros dos animes “tradicionais”. Ma é uma ausência, que permite que algo se manisfeste através dela, e que dá espaço para o espectador se torne um observador.

Os filmes de Miyazaki são repletos de ação e movimento, mas juntamente com isso, possuem um equilíbrio muito estável que se traduz através de momentos que não contribuem para o avanço da história, mas sim para o melhor entendimento do rumo que a história está tomando. São momentos de tamanha sensibilidade que servem realmente como uma oportunidade para que o observador compreenda o universo fantástico que o diretor proporciona dentro de seu filme.

É esse sentimento intenso de imersão que configura essa linguagem como uma tendência. Além de trazer algo refrescante para a já propagada animação japonesa, demonstra como a intensidade pode acompanhar a sutileza de forma harmoniosa.

“The people who make the movies are scared of silence, so they want to paper and plaster it over. They’re worried that the audience will get bored. They might go up and get some popcorn.

But just because it’s 80 percent intense all the time doesn’t mean the kids are going to bless you with their concentration. What really matters is the underlying emotions — that you never let go of those.”

Fontes: https://jisho.org/search/ma

https://www.rogerebert.com/interviews/hayao-miyazaki-interview

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