Pokemon Go

Rubens Beraldo Paulico
Tendências Digitais
3 min readOct 4, 2016

O jogo Pokemon, criado por Satoshi Tajiri em 1995 e inspirada em seu hobby por coletar insetos, virou febre mundial, inspirando jogos virtuais, jogos de cartas e séries animadas e influenciando diversas gerações, entre elas parte da Geração X e a Geração Y, também conhecida como Millenials.

Pokemon Go é um jogo de realidade aumentada free-to-play lançado pela empresa Niantic em 2016. O jogo rapidamente se comprovou uma febre entre as gerações mais novas, no Brasil e no mundo, especialmente devido seu apelo emocional ligado à nostalgia e infância.

Certamente, Pokemon Go pode ser dito o primeiro aplicativo que fez parar o trânsito em diversas cidades devido a interação de seus usuários com o jogo. Nenhum outro aplicativo tinha conseguido tamanho alcance de público mesclando o digital e o real.

O uso de Realidade Aumentada de Pokemon Go, estimulando a caça de Pokemon durante caminhadas

Devido esse apelo emocional que será encontrado somente em uma parcela da população que viveu o auge da marca, há muitos que não conseguem compreender o interesse dos jovens pelo aplicativo (que, por si só, é bem simples e repetitivo). Esse choque entre gerações causou muitos atritos na internet.

A polêmica ilustração de Pawel Kuczynski que originou centenas de discussões nas redes sociais

Essa diferença de visão entre jogadores e críticos do jogo geram visões equivocadas de que o jogo está “tomando a interação social das pessoas” (crítica feita à exaustão sobre aparentemente qualquer coisa que agrade Millenials). Uma breve pesquisa entre jogadores revelou que não, que o jogo acabou unindo jogadores socialmente, criando um motivo em comum para saírem de casa. Embora a interação com o jogo seja digital, uma boa parte de seu apelo está na interação social com outros jogadores. Está interação está, aliás, entre as principais motivações entre as pessoas entrevistadas, que comentaram gostar do jogo não só pela temática nostálgica como também os encontros com amigos e namorados que agora encontram um passatempo simples, grátis e comum para aproveitarem junto.

Outra grande razão citada entre os jogadores entrevistados pelo interesse no jogo é a motivação para caminhadas. É de comum acordo que o jogo estimulou a tomarem um hábito saudável como diversão ao invés de necessidade ou obrigação.

Quando questionados sobre que aspectos chamavam mais interesse no aplicativo, os jogadores apontaram sobre a “Pokedex”, uma tabela com todos os Pokemons vistos e capturados pelo jogador. Novamente o fator nostálgico do jogo foi mencionado, com comentários sobre como foi a experiência de capturar o seu “antigo Pokemon favorito”. Muitos se recusavam a utilizar a ferramenta do jogo de trocar um Pokemon por um item especial que auxilia o jogador justamente por esse elo emocional criado.

A crítica mais comum entre os jogadores foi a natureza repetitiva do jogo, que fez com que perdessem interesse no aplicativo rapidamente.

Todos os jogadores entrevistados afirmaram que não comprariam moedas especiais do jogo.

Um comportamento emergente identificado pelos jogadores foi que infelizmente há boatos do jogo estar sendo usado como isca por assaltantes para conseguir localizar jogadores distraídos caminhando desatentos e com celulares na mão. Presas fáceis.

Outro comportamento emergente identificado pelos jogadores é o uso do jogo como método de marketing. Bares prometendo descontos se o jogador usar itens para atrair Pokemons para o estabelecimento.

Por último todos os jogadores comentaram estar entusiasmados com as escolhas de “Teams” dentro do jogo. Mesmo pessoas que acompanhavam os colegas, mas que não podiam jogar devido o modelo do celular, comentavam que “entrariam no Team Mystic” ou que “preferiam Team Instinct”.

Conclui-se que uma análise superficial do aplicativo, sem buscar compreender a razão do interesse de seus usuários, as mecânicas oferecidas pelo jogo e a interatividade entre jogadores resultará em críticas pífias e que, como ocorreu em mídias sociais, será ridicularizada. É preciso uma pesquisa atenta para entender um novo fenômeno emergente entre interação social, digital e física que jogos de realidade aumentada com apelo emocional como Pokemon Go podem propiciar para o futuro dos aplicativos mobile.

Jogadores caçando pelas ruas da cidade

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