Singularidade

Fernanda Okumoto
Tendências Digitais
5 min readApr 23, 2017

Singularidade. Em um determinado período futuro da história, a humanidade enfrentará uma grande mudança na tecnologia — uma mudança capaz de afetar toda a natureza e civilização humana. Quando a inteligência artificial superar a nossa.

Tema recorrente na ficção científica, desde muito tempo. Humanidade escravizada por robôs, a descoberta (tardia) por cientistas de que as máquinas são poderosas demais para controlar e sua posterior dominação. Filósofos e cientistas afirmam que isso não ficará preso na “ficção científica” para sempre e que a cada dia, é dado mais um passo para o caminho à essa realidade.

2001: Uma Odisseia no Espaço e Transcendence são dois títulos que tem o tema da singularidade em comum. Em ambos, há a presença de uma poderosíssima inteligência artificial.

HAL 9000

No primeiro filme mencionado, há HAL 9000. É representado por várias câmeras espalhadas dentro da nave. Ele tem a capacidade de falar, realizar reconhecimento facial e de voz, interpretar emoções, expressar emoções, fazer leitura labial, apreciar manifestações artísticas e até mesmo jogar xadrez.

No segundo, por acontecimentos prévios, a consciência do protagonista cientista Dr. Will Caster, acaba sendo transferido para dentro de um computador quântico. Tendo sobrevivido fora de seu corpo, a consciência pede para que seja conectada à Internet para que pudesse adquirir conhecimento e crescer — e sua vontade é atendida. Tendo desenvolvido avanços nas áreas de medicina, energia, biologia e nanotecnologia, ele cura todas as pessoas que visitam seu espaço através dessas tecnologias e imensurável conhecimento.

Cura através da nanotecnologia do filme Transcendence

Hoje em dia, ainda não temos uma inteligência artificial tão forte capaz de resolver seus próprios problemas sozinha, quanto as representadas nos filmes mencionados anteriormente. Computadores quânticos já estão sendo testados pelo Google e pela NASA, mas a limitação de hardware e a dificuldade de mantê-los refrigerados são algumas das barreiras enfrentadas.

Por ainda não se saber exatamente como a mente humana funciona, não é possível reproduzí-la através de algoritmos.

Porém, já existe uma tecnologia capaz de aprender pequenas coisas:

Reconhecimento facial de câmera

Um exemplo é o reconhecimento facial das câmeras dos celulares. Não é uma tecnologia nova, já que seus primeiros experimentos datam da década de 60. É uma funcionalidade benéfica ao consumidor — para identificar pessoas na câmera ou para ser utilizada como uma senha de um dispositivo.

Ainda existem grandes obstáculos quanto à precisão de identificação. A BBC divulgou que a polícia britânica obteve sucesso em identificar apenas uma pessoa nas 4000 imagens de tumultos de Londres em 2011.

Um estudo da First Insight afirma que 75% dos consumidores americanos não frequentariam uma loja que utilizasse tecnologia de reconhecimento facial para fins de marketing.

Cortana

Também já existe o reconhecimento/comando de voz. O exemplo ao lado retrata Cortana, uma agente digital da Microsoft. Ela é capaz de enviar lembretes tendo como base o horário e local, enviar e-mails e/ou SMS, conversar, abrir qualquer aplicativo existente no sistema, encontrar arquivos, informações, locais, gerenciar o calendário, etc. A Microsoft relata que, quanto mais o usuário interagir com Cortana, mais personalizada será sua experiência.

Siri

A Apple também possui uma assistente pessoal, nomeada Siri. Ela começou como um aplicativo na App Store pela Siri, Inc. Através do comando de voz, ela era capaz de realizar reservas em certos restaurantes ou comprar ingressos de filmes. Em 2010 ela foi comprada pela Apple, e no final de 2011 o aplicativo original saiu do ar.

Sua inteligência artificial foi programada para ser capaz de se adaptar à linguagem do usuário, podendo fornecer resultados de busca mais precisos às preferências do mesmo. Essa mesma tecnologia de algoritmos de sugestão, que é capaz de reconhecer os gostos individuais de um usuário, já é implementada em outros serviços — como o Facebook, Netflix, Youtube, entre outros.

Área dedicada à vídeos recomendados do Youtube, gerada a partir de conteúdo visto pelo usuário em outros momentos

Após uma busca realizada, conseguem enviar ao usuário informações similares àquelas que foram procuradas anteriormente (sugestões, conteúdos relacionados, pessoas que também gostam de certos assuntos, etc).

Os cookies também são um exemplo dessa tecnologia. Eles são capazes de armazenar dados a partir do conteúdo do endereço Web que foi acessado pelo usuário. Esse pequeno arquivo de texto fica armazenado na máquina até que perca sua validade ou seja deletado. Mas até que isso aconteça, permite que as configurações do usuário sejam aplicadas automaticamente.

Cookies

Já existe um programa de computador capaz de compor músicas com base nos ensinamentos de seu criador, David Cope; chamada de Emily Howell. Ela é uma interface interativa capaz de receber feedback dos espectadores.

Uma das composições de Emily Howell

Emily utiliza um banco de dados derivado de um programa de composição chamado Experiments in Musical Intelligence (EMI/Emmy). Antigamente as pessoas costumavam dizer que, um dia, os robôs conseguirão superar as habilidades humanas em tudo — menos no campo da arte. Mas já existem alguns algoritmos capazes de pintar e compor.

Ainda existe um grande caminho a ser descoberto para que se alcancem exemplos como os citados nos filmes. Mas em poucas décadas, esse campo obteve um avanço significativo. Os algoritmos de aprendizado de máquinas são aplicados diariamente na indústria aeroespacial, drones com piloto automático, carros autônomos e todos os algoritmos apresentados acima. Técnicas ligadas às redes neurais, deep learning, blackbox continuarão sendo melhoradas e desenvolvidas, se tornando capazes de criar inteligências artificiais cada vez mais poderosas.

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