Trabalhando nas nuvens

Ravi Gandhi Blumenthal de Oliveira
Tendências Digitais
4 min readApr 29, 2017
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Em 2005 eu fazia os meus trabalhos escolares no word, gravava em disquetes e levava correndo para imprimir em uma lan-house ou casa de cópias pouco antes de ir para a escola.

Pouco tempo depois eu já fazia o mesmo com CD-ROM, uma evolução em tamanho de armazenamento que perdia muito em praticidade para gravar (ou queimar) o disco. Ainda acho impressionante que tenha sido tão popular apesar da dificuldade, acho que foi devido à indústria da música.

Depois, durante uma época que eu estava usando compulsoriamente vários pendrives ao mesmo tempo eu não duvidava de muita coisa, mas eu sabia o suficiente para apostar que alguns produtos seriam eternos, gigantes monopólios, sempre sem concorrentes, que eu utilizava desde sempre, entre eles, o Word Office.

Mas então a Google se move. Em 2005, ela adquire a 2Web Technologies, cujo produto é um editor de planilhas online. Em 2006 compra o Writely, um editor de textos online; E em 2007, adquire a Tonic Systems, juntamente com sua aplicação de apresentações de slides online e também tecnologias de conversão de arquivos.

E foi em meados de 2008 que eu conheci o Docs. Era um ‘sitezinho muito louco’ em que se adicionava o email dos colegas e então todos escreviam (zoavam) ao mesmo tempo no mesmo documento. Era como mágica, na época.

Comentário no site TechTudo

2012. É lançado o Google Drive, com armazenamento online de arquivos, ou seja, o usuário agora pode acessar os seus arquivos em qualquer lugar, sem a necessidade de levar em um pendrive. Porém, ainda em 2007, 5 anos antes, o Dropbox, com armazenamento online já havia sido lançado.

Então. O que a Google esteve fazendo todo esse tempo?

Ecossistema.

Na minha (nada suspeita) opinião, a Google esteve preparando o terreno para sua dominância de serviços na nuvem e desenvolvendo o Drive como um serviço integrado com seus mais recentes produtos, o Google Sheets, Docs e Slides.

Porque preparando o terreno?

Veja bem, no final de 2007, o maior navegador ainda era o Internet Explorer, com pouco menos 55% do mercado, e sendo ameaçado pelo Mozilla Firefox, que tinha pouco mais de 36% do mercado. Então a Google lançou o Chrome em 2008, e no final do ano havia conquistado 8% do mercado. Parece pouco, mas a sua popularidade só aumentava, devido à fatores como:

  • A insatisfação dos usuários com o Internet Explorer (um dos motivos do crescimento do Firefox, inclusive);
  • Inovações nas formas de interação e interface no navegador da Google;
  • A página inicial do Google avisar o usuário que ele tinha a opção de baixar e usar gratuitamente um navegador mais rápido e inovador., etc.

Por isso tudo, hoje (2017) o Google Chrome tem 58,64% de participação do mercado.

Em 2011, o Chromebook é lançado, já trazendo a proposta do usuário poder trabalhar somente na nuvem.

Introducing the Crhomenook

“você pode fazer tudo na web”

Assim, a Google, através de um produto físico e tangível lançou ao mundo a visão do futuro, que é fácil, prática, mas nem um pouco tangível. A ideia foi transmitida, muitas pessoas ficaram céticas, mas agora sabiam do que se tratava, conseguiam visualizar o cenário.

Todo esse ecossistema de produtividade na web constituído no Google Drive como centro é uma vantagem sobre outros serviços de nuvem, que se resumem em um “dispositivo” de armazenamento, só que online. Onde você faz o upload e baixa o seu arquivo onde quer usar.

Tanto, que para amenizar a desvantagem, em 2011, o Dropbox firmou parceria com a Mcrosoft para integrar o Office e oferecer armazenamento na conta Dropbox para os documentos diretamente a partir dos aplicativos do Office para iOS e Android, podendo também editar os documentos armazenados.

O maior preparo com a integração de recursos online deu ao Google uma vantagem, pois apesar do lançamento atrasado em 2012, o Drive possui 240 milhões de usuários contra 300 milhões do Dropbox, que ainda está no topo, mas a diferença é pouca para quem foi lançado com 5 anos de vantagem.

Enfim, O costume das pessoas em usar mais os aplicativos do próprio celular, com recursos quase sempre online, do que o tradicional computador e uma geração que pouco utilizou o tradicional desktop, abre a possibilidade do mercado expandir e dar mais um passo em direção a esse futuro.

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