Marketing Transmídia

Raquel Gilber
Tendências Digitais
3 min readApr 19, 2018

O conceito mais simplificado de transmídia é uma história, ideia ou produto que por meio de conteúdos de diferentes mídias se complementam para passar o conceito completo. Isso é feito quando acredita-se que haja um canal de informação mais apropriado para transmitir certo tipo de conteúdo ou causar uma impressão diferente do que se teria na utilização de um único meio.

Há dois exemplos muito bons disso utilizados no marketing, ambos de séries de Ficção Científica da Netflix: Black Mirror e 3%.

Episódio NoseDive de Black Mirror e aplicativo Rate Me

O primeiro episódio da terceira temporada de Black Mirror retrata o desespero das pessoas (em especial da protagonista Lacie Pound) por conta de avaliações anônimas feitas de forma completamente subjetiva por meio de um aplicativo. O episódio foi lançado em 21 de Outubro de 2016, e em 7 de Novembro foi disponibilizado pela própria Netflix (divulgado pela página oficial da série) o aplicativo RateMe, que funciona de um jeito muito semelhante ao que é mostrado na série.

O aplicativo foi obviamente criado a fim de trazer mais impacto à série reforçando a mensagem transmitida no episódio, pois apenas assistir uma personagem aflita por sua avaliação é uma sensação muito diferente de obter uma avaliação aleatória de um aplicativo e se perguntar o porquê de determinado número de estrelas. E ao se perceber irritado com uma avaliação baixa ou animado com uma nota boa o usuário se espanta sobre o quão assustadoramente palpável é aquela realidade retratada na série.

Algo parecido também foi utilizado pela série 3%. Em Dezembro de 2016 foi disponibilizado pelo link https://www.bemvindoaoprocesso.com.br/ (que agora aparenta estar fora do ar) e divulgado pela Netflix uma simulação da entrevista feita com os jovens de 20 anos da série para definir se passarão o resto de suas vidas na pobreza ou no Maralto.

Print retirado de uma parte da entrevista gerada pelo site.

Estender o conteúdo para outra mídia, mas de uma forma complementar, é uma opção viável e inteligente para manter o público ativo naquele nicho sem estender de forma desnecessária o conteúdo original. Alguns dos melhores exemplos são o site Pottermore, da franquia Harry Potter e os comics e curtas de Overwatch.

Uma das primeiras versões da homepage de Pottermore.

O site https://www.pottermore.com/ foi uma excelente solução para JK. Rowling manter seu fiel público entretido no universo de Harry Potter mesmo após o término dos livros e filmes (antes do início da série de Animais Fantásticos). Foi lançado em abril de 2012 e contava com funções como reler os livros de forma mais dinâmica, com ilustrações, animações e sons, permitir ao usuário fazer seu teste oficial para saber a qual casa de Hogwarts pertenceria, qual tipo de varinha seria a sua, escolher o mascote que levaria para a escola e, algum tempo depois, até descobrir qual forma de animal seria seu Patrono.

Overwatch é um jogo que in-game não possui quase foco nenhum na história dos personagem, mas ela existe e as personalidade deles também são bem definidas. Uma forma que a Blizzard encontrou de contar essas histórias sem interferir no jogo em si foi pelo meio de curtas animados e comics digitais, disponíveis no Youtube ou no site oficial do jogo, de forma gratuita.

Comic disponibilizado no lançamento do personagem Doomfist.

Se utilizar de diferentes mídias para contar uma história de formas complementares é uma tendência bastante eficiente e atrativa para o público.

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