Webséries

Giovana Gamboa
Tendências Digitais
5 min readApr 16, 2017
Piloto original da série 3%

Webséries são séries distribuídas online e com episódios mais curtos que os das séries televisivas comuns. Surgem do processo de convergência da web com a televisão, no primeiro tempo como uma extensão das séries televisivas, para depois ampliar-se em um formato com narrativa e especificidades próprias. A história do formato começa entre 1995 e 1997, quando Scott Zakarin criou The Spot, um projeto de websérie interativa inovadora que transpassava as barreiras técnicas da época. Com o desenvolvimento tecnológico, essas limitações foram diminuindo cada vez mais, e agora milhões de pessoas tem acesso a internet rápida e móvel, podendo consumir audiovisuais instantaneamente em qualquer lugar. E é essa forma de consumo e distribuição que molda as peculiaridades do formato.

As webséries despontam da necessidade do espectador de consumir um conteúdo que possa ser assistido casualmente, enquanto espera na fila de um banco ou no intervalo do trabalho, por exemplo. Por isso, os episódios das webséries variam entre 3 e 10 minutos de duração, mantendo uma narrativa mais concisa e adequada ao contexto de uso. Além disso, essa casualidade demanda histórias que não sejam complexas a ponto de exigir atenção total do usuário a fim de ser entendida, como acontece em algumas séries televisivas.

Outra característica que a distribuição pela internet oferta é a liberdade criativa. Seja de um produtor independente ou vinculada a uma emissora, as webséries não enfrentam as mesmas limitações de um conteúdo televisionado, o que incentiva a geração de conteúdos mais ricos e inovadores. Desse modo, a facilidade e acessibilidade da distribuição online, transforma a websérie em um formato midiático com oportunidades nos mais diversos nichos.

Webséries de extensão

Com o aumento da internet e a necessidade de inovação da televisão, cada vez mais as emissoras precisam produzir para a web, e apostam na distribuição do seu conteúdo também na versão stream. Desse modo, a websérie pode ser utilizada para estender a programação de uma emissora e alcançar novos públicos. Uma prática usual das emissoras é aproveitar o formato como extensão das séries televisivas. Dentro desse enfoque ainda existem várias possibilidades de uso: uma história spin-off, uma campanha de divulgação ou um projeto transmídia.

Websérie no mesmo universo de The Walking Dead. Foi lançada pela emissora AMC durante o período de hiato da série, de modo a continuar engajando a audiência.

O conteúdo também pode ser um complemento para os programas televisivos, ou produções originais que abordem temáticas que não tem espaço na TV.

Websérie "A Lei de Murphy" produzida pela Rede Globo, que agora tem uma plataforma de streaming e com isso, um espaço exclusivo para webséries originais.

Websérie interativa

Webséries interativas utilizam do poder de interação e engajamento que as plataformas online oferecem para construir sua história. The Spot e Lonelygirl15, algumas das primeiras webséries, são ótimos exemplos.

Lonelygirl15 era uma websérie que contava a história de uma garota comum, de forma que não fosse possível distinguir se era ficcional ou não. Para a época, começo da internet, foi um grande influenciador para o movimento vlogger.

Branded Webséries

Um novo formato de publicidade de produtos e/ou serviços que vem sendo testado é a websérie. Grandes marcas apostam em megaproduções originais e assinadas por grandes nomes do cinema, em um modelo de propaganda mais envolvente e menos agressiva do que a publicidade habitual. Nessas produções a marca não é o destaque, mas sim a sensação e o valor que o produto pretende agregar ao consumidor.

Websérie produzida pela Nike.

Webséries de Vloggers

Os vloggers alcançaram um novo patamar de sucesso e influência social. Os canais de vlog estão cheios de seguidores e ajudam a impulsionar e popularizar o formato de websérie.

Websérie produzida pelo famoso youtuber PewDiePie, patrocinado pelo YouTube para incentivar a criação de conteúdo para o YouTube Red, versão premium da plataforma.

Outro conteúdo que resulta dos canais de Youtube, são as webséries em machinima, estilo audiovisual que faz uso de gráficos de jogos para a criação dos vídeos.

Webséries Independentes

Plataformas como Youtube e Vimeo são uma ótima oportunidade de divulgação para os pequenos produtores de vídeo, pois oferecem uma grande chance de exposição, sem custos e com amplo tráfego. E dentro dos formatos de vídeo possíveis, a websérie se destaca por possibilitar um aprofundamento no enredo maior que um curta metragem, e um custo menor que um longa. Além disso, toda essa exposição dá chance aos pequenos produtores de criar um material que chame a atenção de grandes emissoras/produtoras e renda parcerias e contratos.

Websérie 3%, lançado independentemente em 2011, e depois relançada pela Netflix.

Futuro das webséries

Apesar de ser um formato com grandes possibilidades e cases de sucesso, as webséries têm um futuro indefinido. O mais recente e perigoso obstáculo é a concorrência com as plataformas de streaming. Netflix, Amazon Prime, HBO Go e outros, oferecem o melhor de dois mundos: a liberdade criativa e acesso instantâneo da web, com a qualidade cinematográfica da Tv. Além disso, há pouco aprofundamento em modelos de negócios e divulgação que tornem as webséries rentáveis, o que desincentiva muitos produtores. Ao juntar esses dois entraves, é visível a necessidade de reinvenção do formato.

Primeiro é preciso criar uma linguagem audiovisual que se aproprie das peculiaridades da distribuição web e as transforme em diferenciais. As plataformas de streaming apostam em um híbrido de Tv e internet que ainda não é realmente adaptado para o contexto de uso web, e nesse ponto, as webséries saem na frente. Depois disso, é necessário se desprender das limitações das plataformas de vídeo existentes e perceber novas possibilidades que ajudem na produção de webséries, como é o caso do YouTube Red, versão premium do YouTube, que pode incentivar uma nova onda de produção audiovisual original e adaptado para a web. Portanto, para trazer novo fôlego ao formato, é preciso tornar a websérie objetivo fim, não apenas um degrau para entrar no mercado audiovisual tradicional, e assim, aproveitar todo o potencial criativo que só a internet proporciona.

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Giovana Gamboa
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