Animação Cut-Out

Raquel Gilber
Tendências Digitais
3 min readJun 5, 2018

Produzir animação é um processo extremamente trabalhoso e extenso, mas o resultado, quando bem feito, é muito apreciado pelo público. O grande problema vem com uma demanda grande aliada à impaciência de esperar pela produção, especialmente em séries animadas. Mediante a essa necessidade de aceleração em fazer animações o mercado busca alternativas para uma produção mais rápida. As animações japonesas vêm optando ou pela simplificação dos traços e sombras (que são corrigidas depois para o lançamento da versão Blue-ray) ou até aplicar o 3D. Ambas as soluções são abordadas nos textos abaixo:

Entretanto, o ocidente encontrou outra alternativa para acelerar a produção das séries animadas: A técnica de animação denominada de cut out. O cut out consiste em desenhar as partes dos personagens separadamente e juntar ou alterá-las separadamente em decorrência dos frames ao invés de desenhar tudo novamente (como é feita na full animation, ou animação tradicional). O software de animação específico para isso que predomina no mercado ocidental é o Toon Boom Harmony.

Amostra de animação cut out no Toom Boom
Exemplo de personagem feito para cut out com as partes separadas.

Outro elemento presente no software é o rigging, que em termos de função trabalha de forma semelhante que com o 3D, que é a de um esqueleto que determina a forma como o modelo se move, mas na animação cut out é ele quem determina quais pedaços ficam atrelados ao quê (hierarquia) e qual parte fica na frente de outra e etc.

Modeo de rigging padrão para personagem no Toon Boom.
Como fica a janela de visualização da peg (elemento riggado) e sua hierarquia.

Um preconceito atrelado a esse estilo de animação é o receio da movimentação ficar “robótica” demais. Para evitar isso é empregado frames desenhados para a suavização de determinados movimentos ou apenas se utilizar de mais variações das partes desenhadas. Uma animação feita no Toon Boom Harmony bastante elogiada por parecer bem fluída é Lion Guard, da Disney Junior.

A animação cut out não somente possibilita uma produção mais rápida, mas também facilita a adição de detalhes no design dos personagens de séries animadas, pois os mesmos não precisam ser redesenhados. Um bom exemplo é Ever After High.

Caso se tratasse de uma full animation o Charater Designer procuraria evitar o acréscimo de tantos detalhes nos personagens e nas roupas.

Há ainda outra vertente da animação cut out lembra muito mais animações flat, que foram abordadas neste texto:

A série de enrolados da Disney Channel possui uma identidade visual que remete muito ao design flat, principalmente com a ausência total ou parcial da lineart (a parcial é utilizada como sombra em algumas áreas dos personagens), elemento presente na grande maioria das animações 2D.

Assim como todas as outras áreas do mercado, a animação vem se adaptando à demanda e à era digital onde a impaciência do consumidor gera a necessidade de uma produção mais rápida. Pode haver a resistência de um público mais velho em relação a algumas mudanças, mas isso não significa que o produto em si está inferior à antigamente. Para a galera da Golden Age (1928 até 1960) animações da era Televisiva (Hanna-Barbera e outras clássicas consagradas hoje em dia) eram lixo.

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