Animações futuristas em 2D

Camille Matusaki
Tendências Digitais
3 min readMay 27, 2018

Apesar de o mundo do cinema e da animação 3D estarem em alta, o 2D ainda que, apesar de antigo, possui sua própria beleza tanto na sua produção digital quanto tradicional, oferecendo uma variedade de temas e estilos. Mesmo que esteja em declínio, dada a ascensão de animações em CGI e seu alto custo de produção, isso colaborou para que se tornasse um nicho mais específico. Hoje, são poucas as empresas que investem nesse campo, fora o Studio Ghibli, as demais costumam ser empresas pequenas ou criadores independentes, geralmente voltados para animes e desenhos animados.

Um gênero comum nas animações bidimensionais são aqueles desenhos animados, nem sempre voltados para o público infantil, que tratam de uma temática futurista, pendendo para o lado da ficção científica e do humor. Desde muito cedo as pessoas sentiram necessidade de representar como elas imaginavam que seria o futuro e seus avanços tecnológicos, assim, em 1962, surgiu o desenho animado The Jetsons. Veículos voadores, empregados robôs, jetpacks, hologramas, cidades suspensas e smartwatches são apenas algumas das tecnologias exibidas na série, que se passa em 2062, mas que já vieram a se concretizar — embora divirjam em algumas idiossincrasias, como no caso do carro voador que se adapta ao vôo por meio de asas, enquanto no desenho ele chega a virar uma maleta portátil –, embora na época parecessem um futuro distante e fantasioso.

É interessante analisar a visão de cada época, quais eram as expectativas que as pessoas de diferentes contextos tinham do futuro, visto que isso acaba ditando o interesse delas quanto a quais tecnologias investir. Em 1999, surgiu a série animada Futurama, que se passa no século XXXI e trabalha com o exagero, no sentido de acentuar de forma desmedida as consequências que eventos como aquecimento global e uso de drogas poderiam ter sobre a humanidade. Dentre alguns avanços tecnológicos abordados e que se fazem presente no desenho e estão mais próximo da nossa realidade estão o eyePhone — uma paródia da Apple que consistiria em um implante no olho que permitiria ver hologramas –, o processo de clonagem e um jogo virtual para ser jogado dentro da realidade virtual.

Um dos desenhos mais recentes cujo enredo segue o mesmo viés é Rick and Morty, lançado em 2013 e que se passa no presente. Cada episódio gira em torno de alguma invenção, dentre elas a que mais se aproxima do que conhecemos hoje é a realidade virtual, as outras como portais, dispositivos de visualização de sonhos e armas que congelam ainda são coisas pelas quais se esperar.

Outros desenhos podem ser citados, como o Laboratório de Dexter e Johnny Test. A animação 2D, apesar de trabalhosa, mostra-se ideal para demonstrar elementos tecnológicos ainda inexistentes, visto que não se limita pela quantidade de tecnologia que temos hoje — como pode acontecer no caso do cinema para com os efeitos especiais — e apresenta-se mais crível para com o seu estilo, que não tendo como foco o realismo, possibilita explorar mais o imaginário. Devido ao seu alto custo, é comum encontrar animações que misturem o 2D e o 3D, este sendo aplicado mais no desenvolvimento do cenário.

A humanidade sempre terá algo pelo que ansiar, visto que está sempre em busca de inovações, por isso temas como o futuro sempre estarão presentes e a animação 2D também, por ser uma área cuja produção, além de acessível, continua a crescer e oferecer oportunidades de diversidade de expressão e de finalidade — já que vem se popularizando também entre produtores de conteúdo no Youtube, podendo-se citar de exemplo os canais Dominics e Jaiden Animations .

--

--