Realidade Mista

Pedro Henrique
Tendências Digitais
4 min readSep 21, 2017

Muito se tem falado hoje em dia sobre tecnologias e experiências de realidade aumentada e realidade virtual. Fazendo um breve resumo dos termos, Realidade Aumentada (AR — Augmented Reality) traz a experiência de permitir que gráficos digitais sobreponham a visão do mundo real, enquanto que a Realidade Virtual (VR — Virtual Reality) permite a experiência de uma maior imersão na realidade digital, substituindo totalmente a visão do mundo real.

Fazendo uma comparação, a realidade aumentada está muito mais próxima da realidade física, do mundo real em si, enquanto que a realidade virtual está no outro extremo, próxima à realidade digital.

Sendo assim, podemos nos questionar “o que há entre esses dois extremos?”.

É aí que entra esse conceito que está sendo cada vez mais levantado e discutido entre as novas tendências tecnológicas do mundo digital, que é o conceito de “Mixed Reality” (MR), que numa tradução simples pode ser dito como “Realidade Mista”. Resultado da combinação das experiências de interação do mundo real com o mundo digital, combinando os melhores aspectos da realidade virtual e da realidade aumentada.

Esse conceito, apesar de parecer novo, foi introduzido em 1994 num artigo escrito por Paul Milgram e Fumio Kishino, intitulado “A Taxonomy of Mixed Reality Visual Displays”. O artigo introduziu o conceito de continuidade da virtualidade (em inglês: “virtuality continuum”) focado em como a categorização da taxonomia foi aplicada às telas. Desde então, a aplicação da realidade mista vai além das telas, mas também inclui o ambiente, som espacial e localização.

Para uma simplificação, podemos dizer que hoje o termo “continuidade da virtualidade” pode ser traduzido para o termo atual “realidade mista”, que como o próprio nome já diz, é a continuidade do mundo virtual projetada no mundo real.

Com o passar dos anos, se tornou muito comum o estudo da relação de “Interação Humano Computador”, conhecida como IHC. Com o desenvolvimento da tecnologia, temos hoje a relação dos computadores com o ambiente, que pode-se chamar de “Percepção”, e uma terceira relação que podemos citar é a do ser humano com o ambiente, que é a nossa realidade convencional como conhecemos.

Agora, ao combinarmos essas três relações (Humano x Computador, Ambiente x Computador e Humano x Ambiente) temos então a Realidade Mista em que o movimento através do mundo físico consegue ser traduzido para movimento no mundo digital. Aqui temos um gráfico para exemplificar melhor essa ideia.

Uma das empresas que tem se destacado e falado muito sobre Realidade Mista é a Microsoft, como o lançamento do dispositivo chamado “HoloLens”, que pode ser resumido como um óculos que combina a imersão da realidade virtual com a experiência visual da realidade aumentada, podendo projetar gráficos digitais sobre a visão que o usuário tem do ambiente físico do mundo real, ou seja, projetando, por exemplo, um objeto virtual como se ele realmente estivesse naquele ambiente físico.

Isso levantou muitos questionamentos sobre o que essa tecnologia pode proporcionar, suas aplicações e as implicações que pode gerar no mundo como o conhecemos hoje.

Com tudo isso, é fácil conseguir imaginar um futuro próximo em que o uso de uma versão melhorada do HoloLens seja comum no nosso cotidiano. Mas o que ainda falta para essa tecnologia se tornar tão comum e viável para consumo da população geral, talvez seja o aperfeiçoamento dos dispositivos, com a criação de versões mais compactas e discretas como óculos normais e a criação de interfaces digitais que se adaptem facilmente a esses dispositivos.

Assim como quando os smartphones chegaram, houve a grande demanda para criação de interfaces que se adaptassem as suas possibilidades de interação, o mesmo deve acontecer em breve com esses dispositivos de realidade mista, com a criação de interfaces que se adaptem a visão do usuário e ao ambiente em que ele se encontra, tornando assim a experiência de interação do mundo real com o mundo digital mais natural, criando a sensação de interação com uma única e nova realidade.

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