Regressão Visual

Eric Figueira
Tendências Digitais
4 min readMay 16, 2018

Uma das mídias de maior crescimento, e de maior disseminação entre diferentes classes sociais são os jogos digitais. O primeiro videogame de verdade surgiu em 1947 e foi definido como “Dispositivo de entretenimento com tubo de raios catódicos” e foi patenteado no ano seguinte por Thomas T. Goldsmith Jr. e Estle Ray Mann. Porém nessa época jogos ainda não eram muito bem sucedidos ou aceitos pelo publico geral como uma área legitima de entretenimento.

Isso mudou com o jogo “Pong”. Mitch Krpata (KRPATA, 2013 p. 23), diz que “Pong”, criado pela empresa Atari foi o primeiro jogo digital realmente bem sucedido. O jogo consiste em simular uma partida de Tênis. Ao simular um jogo real, os videogames trouxeram para si, um publico que normalmente não consideraria o entretenimento digital como algo viável para passar o tempo.

Tela do Jogo “Pong”

Os jogos evoluíram então para a era do pixel art “lowbit”, com jogos como “Super Mario Bros”, “metroid” e “megaman”. Estes jogos tinham uma paleta de cores estranha, e um visual limitado, pois era tudo que o Hardware e Software da época conseguia criar.

Tela do jogo “Super Mario Bros”

Após um certo tempo, jogos evoluíram para a era 3D lowpoly, com jogos como “Super Mario 64” e “Legend of Zelda: Ocarina of Time”. Os jogos “lowpoly”, apesar de ser uma grande evolução na época, ainda era limitada pelo hardware e software da época.

Tela do jogo “Super Mario 64”

Com o passar dos anos, jogos e as empresas que os criam, evoluíram para níveis quase irreconhecíveis, saindo das eras passadas para um hiper-realismo tão impressionante que pode até ser confundido com a vida real. Empresas de jogos se tornaram extremamente ricas, e suas capacidades se tornaram cada vez mais abrangentes, principalmente no aspecto visual.

Porém o que acontece com desenvolvedores novos, que estão entrando no mundo de criação de jogos, mas que não tem os mesmos recursos que uma empresa grande e que já está solidificada no mercado? Eles viram desenvolvedores “Indie”.

Os jogos “indie” tem uma grande vantagem, quando comparados com os jogos “AAA”; Não existe expectativa. Os jogadores não esperam um jogo com gráficos maravilhosos e uma jogabilidade inovadora e sensacional, sem nenhum “bug” e com uma história digna de um Oscar. Por causa dessa falta de expectativa, o criador tem uma liberdade muito maior para poder fazer um visual que seja mais “artístico” ou “aesthetic”, de acordo com o estilo do criador. O criador pode fazer um jogo Lowpoly ou em Pixelart, sem ninguém reclamar, pois aquele é o estilo do criador.

Essa liberdade de expressão (principalmente na area visual) atraiu tantos desenvolvedores para a area indie, que temos hoje em dia muito mais jogos com um ar de “indie”, do que jogos Impressionantes de empresas gigantescas.

Criadores com menos habilidade em modelagem 3D podem agora, sem culpa, criar um jogo “lowpoly” e seu jogo ainda pode ser maravilhoso, e adorado por muitos. Criadores podem fazer um jogo com “lowbit pixel art”, em plena era de hiperrealismo, e ainda assim fazer com que seu jogo seja um dos mais jogados e premiados em um bom tempo, como foi o caso com o jogo Undertale.

Tela do jogo “Undertale”

Seguindo essa onda de jogos que voltaram a uma era de gráficos limitados e “old school”, até empresas grandes começaram a apoiar desenvolvedores com ideias para jogos “indie”.

Ou seja, o estilo visual que antes era ditado pela limitação de software e hardware, foram trazidos de volta como estilo “indie” pela limitação de recursos, e começou a ser considerado com um estilo visual bem consolidado, e começou a ser uma escolha visual artística, e não mais uma limitação.

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