O vale da estranheza
Vale da Estranheza, conhecido também como "Uncanny Valley" em inglês, é um termo criado nos anos 70 por Masahiro Mori e publicado no journal Energy. Sua teoria, no ramo de estudos de robótica, descreve a reação de repulsa que o ser humano tem ao observar um objeto ou criatura que se assemelhe muito à um ser humano mas que, perceptivelmente, não o é.
Para evitar o efeito do Vale da Estranheza alguns filmes mantém apenas algum aspecto humanóide (C3PO de Star Wars, Maria de Metropolis, Baymax de Big Hero 6).
Outra forma que filmes acharam para retratar robôs expressivos, mas sem assemelhá-los o suficiente à um ser humano para evitar o Vale da Estranheza, é o uso de Pareidolia, que são estímulos vagos e simples que "enganam" o cérebro, causando a sensação de enxergar um rosto. Assim, os filmes adicionavam pequenos detalhes em criaturas completamente mecânicas (WALL-E, Chappie) para torná-las expressivas.
Conforme os efeitos visuais avançaram, surgiram novas ideias na industria do entretenimento: mesclar humanidade e automatização robótica intencionalmente.
Usada em filmes em que robôs são vilões. Essa "estranheza" gerada pelo Uncanny Valley fortalece a sensação de perigo e terror causado por um inimigo que exteriormente é humano e que poderia passar despercebido na multidão, mas que certamente não é humano.
Nos últimos anos no entretenimento surgiram questionamentos sobre o que diferenciaria uma máquina criada para simular um humano e um humano genuíno. Se antes robôs eram claramente criaturas mecânicas, ou se apenas se disfarçavam como humanos mantendo sua natureza fria e exata, agora está em alta os robôs que questionam, os que trazem perguntas ao invés de ameaças. O que faz com que algo que se parece como humano e age como humano não seja considerado humano?
A narrativa de uma réplica humana ansiando por se tornar genuína não é recente. Desde o mito de Pigmalião e Galatéia até Pinocchio. No entanto, atualmente os efeitos visuais digitais são capazes de mesclar visualmente o ser humano com a máquina, e, com essa habilidade, estão buscando explorar mais essa narrativa.