Computadores que escrevem poesia

Nauarth
Tendências Digitais
7 min readApr 18, 2016

“Será que um computador consegue escrever uma poesia?”

O que é um computador?

substantivo masculino

1. o que computa; calculador, calculista.

2. inf máquina destinada ao processamento de dados, capaz de obedecer a instruções que visam produzir certas transformações nesses dados para alcançar um fim determinado.

O que é uma poesia?

Poesia é um gênero literário caracterizado pela composição em versos estruturados de forma harmoniosa. É uma manifestação de beleza e estética retratada pelo poeta em forma de palavras.

No sentido figurado, poesia é tudo aquilo que comove, que sensibiliza e desperta sentimentos. É qualquer forma de arte que inspira e encanta, que é sublime e bela.

Inteligência artificial

Apresentação TED

Estive procurando por apresentações diferenciadas no TED e me deparei com a seguinte pergunta:”Será que um computador consegue escrever uma poesia?”.

Nos últimos anos muitas questões vem sendo levantadas a cerca da inteligência artificial da máquina, se ela será capaz de se tornar mais semelhante ao seres humanos, na forma de pensar significados.

É fascinante a abordagem do apresentador Oscar Schwartz neste TED. Utilizando-se de uma ferramenta chamado o Teste de Turing, avalia através da poesia a noção do que é uma linguagem poética escrita por um ser humano daquela que é escrita, ou melhor, selecionada por um algorítimo. No decorrer de suas pesquisas e análises, encontra não respostas a suas perguntas, mas uma profunda reflexão além dos questionamentos a cerca da inteligencia artificial do computador.

O teste de Turing

Brain Machine

O Teste de Turing testa a capacidade de uma máquina exibir comportamento inteligente equivalente a um ser humano, ou indistinguível deste. No exemplo ilustrativo original, um jogador humano entra em uma conversa, em linguagem natural, com outro humano e uma máquina projetada para produzir respostas indistinguíveis de outro ser humano. Todos os participantes estão separados um dos outros. Se o juiz não for capaz de distinguir com segurança a máquina do humano, diz-se que a máquina passou no teste. O teste não verifica a capacidade de dar respostas corretas para as perguntas; mas sim o quão próximas as respostas são das respostas dados por um ser humano típico. A conversa é restrita a um canal de texto, como um teclado e uma tela para que o resultado não dependa da capacidade da máquina de renderizar áudio.

O teste foi introduzido por Alan Turing em seu artigo de 1950 “Computing Machinery and Intelligence”, que começa com as palavras: “Eu proponho considerar a questão “As máquinas podem pensar?”. Já que “pensar” é difícil de definir, Turing preferiu “trocar a pergunta por outra, a qual está relacionada à anterior, e é expressa em palavras menos ambíguas”. A nova pergunta de Turing é: “Há como imaginar um computador digital que faria bem o ‘jogo da imitação?”’.Turing cria que esta questão poderia ser respondida. No restante do artigo, ele argumenta contra as principais objeções a proposta que “máquinas podem pensar” o cientista afirmou ainda que, se um computador fosse capaz de enganar um terço de seus interlocutores, fazendo-os acreditar que ele seria um ser humano, então estaria pensando por si próprio.

Algoritimo RKCP

Algoritimos

Segundo o apresentador RKCP é um algoritmo criado por Ray Kurzweil, que é diretor de engenharia no Google e acredita firmemente em inteligência artificial. E nós damos ao RKCP um texto fonte, ele analisa o texto fonte a fim de descobrir como a linguagem é usada, e então regenera linguagem que emula o primeiro texto.

Durante a apresentação do TED Oscar apresenta dois poemas diferentes em duas rodadas, na primeira mostra um autor especifico e a poesia do algoritimo. Na segunda rodada é o mesmo processo, mas o nível de percepção dos expectadores se confundem:

“ E no poema que acabamos de ver, o poema 2, aquele que vocês todos pensaram que era humano, ele recebeu um monte de poemas de uma poetisa chamada Emily Dickinson, observou a maneira como ela usa a linguagem, aprendeu o modelo, e então regenerou um modelo de acordo com aquela mesma estrutura. Mas o importante para saber sobre o RKCP é que ele não sabe o significado das palavras que está usando. A linguagem é só a matéria prima, poderia ser chinês, poderia ser sueco, poderia ser a linguagem coletada da sua página do Facebook em um dia. É só matéria prima. E mesmo assim, ele é capaz de criar um poema que parece mais humano do que o poema de Gertrude Stein e Gertrude Stein é um ser humano.”

E o que ele fez na segunda rodada, é mais ou menos um teste de Turing inverso. Gertrude Stein, que é um ser humano, consegue escrever um poema que engana a maioria dos seres humanos a pensar que foi escrito por um computador. Portanto, de acordo com a lógica do teste de Turing inverso, Gertrude Stein é um computador.

Em conclusão Oscar faz analise de linguagem poética em três contextos:a possibilidade de um algorítimo fazer poesia; outra de um ser humano escrever poesia e outra de um ser humano que escreve poesia como um algorítimo (sendo considerado pelo algorítimo como um computador).

Do nosso relacionamento com a tecnologia

HCI

Durante dois anos com suas perguntas e pesquisas o apresentador chegou a algumas descoberta de nosso relacionamento com a tecnologia.

Na primeira descoberta de Oscar é que, por alguma razão, nós associamos a poesia com ser humano. Tanto que quando perguntamos: “Um computador consegue escrever poesia?” também perguntamos: “O que significa ser humano e como definimos limites para essa categoria? Como definimos quem ou o que pode ser parte dessa categoria?” Essa é uma pergunta essencialmente filosófica, acredita ele, e não pode ser respondida com um teste de sim ou não, como o teste de Turing. Oscar também acredita que Alan Turing entendia isso, e que quando ele criou seu teste em 1950, ele o fazia como uma provocação filosófica.

E sua segunda descoberta é que, quando fazemos o teste de Turing para poesia, não estamos realmente testando a capacidade dos computadores, porque algoritmos de geração de poesia são bem simples e já existem mais ou menos desde a década de 1950. O que estamos fazendo com o teste de Turing para poesia, é coletar opiniões sobre o que constitui a natureza humana. E o que ele compreendeu, nós vimos isso hoje mais cedo, quando dissemos que William Blake é mais humano do que Gertrude Stein. Claro que isso não significa que William Blake era realmente mais humano ou que Gertrude Stein era mais computador. Simplesmente significa que a categoria de humano é instável. E isso o levou a entender que o ser humano não é um fato frio e duro. Mas sim, é algo construído com nossas opiniões e algo que muda com o tempo.

E sua descoberta final é que o computador, mais ou menos, funciona como um espelho que reflete qualquer noção de humano que lhe mostramos. Nós lhe mostramos Emily Dickinson, ele nos devolve Emily Dickinson. Nós lhe mostramos William Blake, é isso que ele reflete de volta para nós. Nós lhe mostramos Gertrude Stein, e o que recebemos é Gertrude Stein. Mais do que qualquer pedaço de tecnologia, o computador é um espelho que reflete a noção de humano que lhe mostramos.

Conclusão

The mirror

Oscar tem certeza de que vários de nós vêm escutando muito sobre inteligência artificial recentemente. E muito do que se fala é: será que conseguimos construí-la? Será que conseguimos construir um computador inteligente? Será que conseguimos construir um computador criativo? O que parece que estamos perguntando repetidamente é será que conseguimos construir um computador que pareça humano?

Mas o que acabamos de ver é que o ser humano não é um fato científico, que é uma ideia em constante mudança e concatenação e que muda com o tempo. Tanto que quando começamos a nos agarrar à ideia de inteligência artificial no futuro, não deveríamos somente nos perguntar: “Será que conseguimos construir?” Mas também deveríamos nos perguntar: “Que noção de humano gostaríamos de receber refletida para nós?” Essa é uma ideia essencialmente filosófica, e uma que não pode ser respondida somente com software, mas ele acha que exige um momento de reflexão existencial para uma espécie.

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